Professor da rede pública do DF é reconduzido ao Conselho de Administração da OIT


O professor Antônio Lisboa, ex-dirigente do Sinpro e da CNTE, atual secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT-Brasil), foi reconduzido, no dia 12 de junho, em Genebra, para o Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A OIT é a agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade.
O líder cutista foi o primeiro entre os 14 mais votados para compor o órgão gestor da instituição, recebendo o voto de 102 países. Ingresso no Conselho de Administração da OIT em 2014, Lisboa ressaltou que a recondução representa o reconhecimento do papel da Central e do movimento sindical brasileiro no combate às ofensivas neoliberais. “A OIT é o principal instrumento de regulação internacional do trabalho e a CUT estará presente pela necessidade de fortalecer a Organização e denunciar as atrocidades que estão ocorrendo no Brasil contra a classe trabalhadora com a retirada de direitos trabalhistas e práticas antissindicais”, disse.
Em discurso durante a Conferência, Lisboa destacou os ataques do ilegítimo Michel Temer (PMDB) aos direitos trabalhistas e à organização sindical. “A reforma trabalhista, dentre dezenas de outros ataques, propõe a ampliação da jornada de trabalho que hoje é de 44 horas semanais para 60 horas semanais, impõe que o negociado prevaleça sobre o legislado – não para ampliar direitos, mas para retirar; cria um novo tipo de representação e negociação no local de trabalho, sem a presença do Sindicato; os trabalhadores rurais poderão ser pagos tão somente com moradia e alimentação, não mais com salário; propõe a negociação individual entre trabalhador e empregador; propõe o trabalho intermitente para todas as situações. Este é o maior golpe contra a classe trabalhadora brasileira”, enfatizou.
De acordo com o dirigente cutista, “se há dez anos o Brasil servia de exemplo de políticas sociais e trabalhistas de inclusão, redução das desigualdades e melhoria dos salários, hoje a situação é contrária. As reformas neoliberais impostas no Brasil, a lei de subcontratação e terceirização, a reforma do sistema de pensões a aposentadorias, especialmente a reforma trabalhista atrasa as nossas relações de trabalho em mais de 100 anos”.
Lisboa disse que a chamada reforma da Previdência é, na verdade, uma contrarreforma. “É a destruição da Previdência e da Seguridade Social públicas, com a transferência do sistema previdenciário para os bancos privados. Uma das mudanças é a exigência de 49 anos de contribuição para que o trabalhador tenha acesso à aposentadoria integral. Sim! 49 anos num país onde o mercado de trabalho é altamente rotativo e a expectativa de vida em muitas regiões não chega aos 70 anos. Um golpe contra o sistema de proteção social brasileiro – especialmente contra as mulheres – referência para o mundo inteiro e inclusive para esta Organização”.
“Esta é uma estratégia do capital internacional que, uma vez consolidada no nosso país servirá de modelo para o mundo. Um golpe sem precedente nos trabalhadores e trabalhadoras para que também se golpeie aqui na Europa e também se golpeie esta Organização, colocando em risco as relações de trabalho no mundo e na própria OIT”, frisou.
Encerrando o discurso, Lisboa lembrou que uma nova greve geral está convocada para o dia 30 de junho. “Se não há diálogo social, garantiremos nas ruas a prevalência dos direitos e da democracia”.
Saiba mais – O Conselho de Administração da OIT é formado por 28 representantes dos governos, 14 dos trabalhadores e 14 dos empregadores. Dez dos postos governamentais são ocupados permanentemente pelos países de maior importância industrial (Alemanha, Brasil, China, Estados Unidos da América, França, Índia, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia). Os representantes dos demais países são eleitos a cada três anos pelos delegados governamentais na Conferência Internacional do Trabalho – que funciona como uma assembléia geral da OIT -, de acordo com a distribuição geográfica. Os empregadores e os trabalhadores elegem seus próprios representantes em colégios eleitorais separados.