Professoras da rede pública ganham prêmios com projetos inovadores

Projetos inovadores desenvolvidos nas escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal, em 2015, renderam prêmios para professoras que usaram a adversidade como fonte de inspiração para criar atividades pedagógicas e de gestão escolar e promoveram mudanças nas escolas.
Elas retiraram as novas ideias de temas quotidianos e de pesquisas históricas. Tudo à volta delas contribuiu para influenciá-las na descoberta e na criação de projetos pedagógicos ou gerenciais que, de forma positiva, modificaram realidades e envolveram estudantes e, muitas vezes, até a comunidade escolar. O objetivo teve uma característica interdisciplinar que visa a minimizar a violência, a desigualdade social, a repetência, entre outros.
O projeto “Mulheres Inspiradoras”, de autoria da professora Gina Vieira Ponte de Albuquerque e desenvolvido em uma escola pública de Ceilândia, ganhou o primeiro lugar no Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos “Óscar Arnulfo Romero”, promovido pela Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI). Ele concorreu com 17 projetos de 18 países participantes. A posição lhe rendeu US$ 20 mil.
O “Mulheres Inspiradores” é um desses projetos inovadores criados para a superação da violência cotidiana no meio cyberestudantil. Outros projetos experimentados em 2015 também tiveram sucesso e bom desempenho no objetivo de mudar realidades adversas e foram premiados pelo Ministério da Educação (MEC).
Um deles é o projeto “Heroínas sem Estátua – Conhecimento a partir das mulheres”, de María Del Pilar Tobar Acosta, professora do Centro de Ensino Médio (CEM) 01, Centrão, de São Sebastião. Com esse trabalho, María Del Pilar foi a única do Distrito Federal e do Centro-Oeste que ganhou premiação principal nas etapas Regional e Nacional, da categoria Ensino Médio, da iniciativa Educadores do Brasil – Gestão Escolar, Prêmio Professores do Brasil.
A atividade desenvolvida por María Del Pilar envolveu cerca de 350 estudantes de 1º e 2º anos do ensino médio e teve como proposta contar e valorizar vida e obra de mulheres que não tenham sido, na avaliação deles, reconhecidas por seus feitos. Além dela, outras duas professoras da rede pública de ensino também foram premiadas na etapa Regional.
Mariana Soares Ferreira, do Jardim de Infância 603, do Recanto das Emas, foi premiada com o primeiro lugar na categoria Pré-Escola. Ela desenvolveu um projeto voltado para estudantes de 4 a 5 anos, intitulado “Princesas Negras”, com o qual analisou a literatura infantil e percebeu a ausência de protagonistas negros nos exemplos voltados para a meninada. A escola de Mariana, desde 2011, desenvolve programas educacionais que contemplam o debate de questões étnico e raciais.
Patrícia Ramos de Freitas, do Centro de Ensino Especial 01, de Ceilândia, participou com o trabalho “Festival de Parintins: Um olhar para a diversidade”. A atividade da professora Patrícia foi premiada na etapa Regional, do Centro-Oeste, na categoria Ciclo de Alfabetização.
“Esses foram alguns exemplos de projetos mais exitosos realizados por professores (as) da rede pública de ensino do DF. Enquanto isso, muitos governadores atuam para privatizar a educação pública e isso não resolve o problema. A educação pública precisa ser valorizada, dando aos (às) professores (as), estudantes e a toda a comunidade escolar condições de realizar um trabalho de excelência”, assegura Samuel Fernandes, diretor de Imprensa do Sinpro-DF.
A iniciativa Educadores do Brasil Gestão Escolar – Prêmio Professores do Brasil, do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), premia professores que tenham demonstrado efetivas melhoras nos indicadores educacionais de acesso, de permanência e de rendimento dos (as) estudantes envolvidos, a partir de experiência vivida na sala de aula.
Dos 11.812 professores (as) participantes da nona edição do Prêmio Professores do Brasil, em 2015, 30 são vencedores, sendo cinco por categoria. Desse total, quatro professoras da rede pública de ensino do Distrito Federal foram premiadas. A premiação ocorreu no Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada. Confira aqui a listagem dos premiados.
Segundo as regras da iniciativa, um (a) professor (a) de cada região do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) foi premiado (a) em cada uma das seis categorias, totalizando 30 premiados. Cada um dos (as) professores (as) premiados (as) recebeu R$7 mil. Além disso, um (a) professor (a) em cada uma das categorias foi selecionado (a) como destaque nacional e recebeu um prêmio adicional de R$ 5 mil.
Fernandes afirma que “a grande mídia só aparece, na maioria das vezes, nas escolas públicas, para mostrar tragédias”. E acrescenta: “Temos milhares de professores e professoras comprometidos (as) com a educação, mesmo enfrentando muitas dificuldades para executar alguns projetos”.
Em 2014, a professora Gina Albuquerque também ganhou esse prêmio com o projeto “Mulheres Inspiradoras”. No ano passado, além de María Del Pilar, mais 21 participantes da categoria Ensino Médio receberam certificados de participação, como a professora Margareth Francisca Oliveira, do Centro de Ensino Médio Asa Branca (Cemab).
“Temos muitos talentos na rede pública de ensino. A educação deveria ser mais valorizada pelo governo, dando estruturas e condições de trabalho, pois, assim, com escolas atraentes, mais estudantes teriam interesse de participar de projetos inovadores que, muitas vezes, não saem do papel em razão das condições precárias de muitos estabelecimentos de ensino e falta de recursos”, declara Fernandes.