Mesmo com dificuldades impostas pelo GDF, ensino público dá exemplo no PAS

Nesta semana, a Secretaria de Educação divulgou que 861 alunos(as) oriundos(as) de escolas públicas, foram aprovados na primeira chamada do PAS (Programa de Avaliação Seriada), garantindo suas vagas na UnB. Esse número representa quase 41% dos aprovados. Em 2015, com as mesmas 2106 vagas abertas, a rede pública aprovou 32%. É uma vitória a ser comemorada pela comunidade escolar, fruto de um grande esforço dos(as) professores(as) e alunos(as).
O resultado também deve ser aplaudido, pois na mídia há uma certa celebração, um encantamento em prol da escola particular, como se apenas ela estivesse capacitada para fornecer uma educação de qualidade, da mesma forma que penaliza a escola pública, que na maioria das vezes são alvo de matérias de cunho pejorativo, muitas vezes não ressaltando o esforço da direção, professores(as) e orientadores(as) educacionais em lutar por uma educação de qualidade dia após dia, mesmo com todas as adversidades impostas pelo governador Rollemberg e sua política de sucateamento das escolas e de desvalorização da categoria, precarizando os serviços sociais.
Um exemplo desta luta é o CEM 01 de Sobradinho, mais conhecido como “Ginásio”. “Temos a Gestão Democrática, que é uma grande conquista, mas nós não podemos fazer um planejamento. O governo Rollemberg faz esse ‘choque de gestão’, o que significa retirar dinheiro de áreas sociais, que ele considera que são ‘gastos’. O GDF não implementou um cronograma para o depósito do PDAF. Nós não sabemos quanto e nem quando o valor é depositado. Isso complica demais”, afirma Ari Luiz Alves Pae, diretor.
Para ele, o sucesso do Colégio no PAS, além do esforço dos estudantes, é fruto do Projeto de Avaliação Formativa (mais conhecido como “Ponto a Ponto”, como uma peça de crochê, que é construída por várias mãos), que foi criado pelos próprios professores, com obrigações e horários a cumprir, sem nenhum viés retrógrado ou medieval. “Hoje a comunidade de Sobradinho, Planaltina, Planaltina de Goiás, Fercal, quer matricular seus filhos aqui, pois temos uma base pedagógica e este projeto que está dando muito certo. Ironicamente, a Secretaria de Educação, através da Regional de Sobradinho está nos atacando, criticando esta iniciativa, mas acredito que há um cunho político nesta motivação, pois ele está tendo êxito, basta olhar o resultado do PAS”, avalia o diretor.
Este número expressivo das escolas do DF ganha ainda mais significado quando se observa o descaso do Governo Rollemberg com a Educação. Um dos exemplos mais claros é que o governo não bancou a inscrição dos estudantes no PAS. De forma irresponsável ele simplesmente jogou este custo no colo dos candidatos e de suas famílias. E muitos não reuniam condições financeiras para pagar a taxa. Portanto, ao Sinpro e a comunidade escolar têm plena ciência de que os números poderiam ser ainda melhores, caso o GDF não deixasse os(as) alunos com o pires na mão.
Lá no CEM 01, o diretor afirmou que alunos foram prejudicados. “O valor da inscrição é muito pesado pra muitas famílias, temos muitos alunos carentes, de comunidades rurais, mas não consigo mensurar o número de prejudicados. Só sei que isso devia ser política pública e o nenhum governo tinha que deixar esse ônus pros alunos”, afirmou Ari.
Isso também ocorreu no CEM Setor Oeste, no Plano Piloto. “Fiquei sabendo que alguns alunos desistiram de fazer o exame, pois não conseguiram pagar a taxa. O nosso resultado seria ainda melhor, se todos pudessem pagar e nós da diretoria ajudaremos quem precisar”, atesta Ana Maria Gusmão, diretora.
Ela endossa que a comunidade escolar está muito satisfeita. “Foi um ano difícil, mas os professores repuseram as aulas, correram atrás e o mérito é de todos, principalmente dos estudantes, diz.
Escolas de outras regionais ainda serão entrevistadas e a matéria será publicada nesta sexta-feira (15).