Cobrança de inscrição do PAS traz grande prejuízo aos alunos
Após a divulgação da Secretaria de Educação de que 861 alunos(as) de escolas públicas foram aprovados na primeira chamada do PAS, o momento foi de euforia e comemoração nos diversos Centros de Educação do DF. Não é para menos.
A mídia sempre desenha a escola pública como “o patinho feio” e enaltece os feitos das escolas particulares. Mas a determinação de diretores(as), orientadores(as) educacionais, professores(as) e principalmente dos(as) alunos(as) que fizeram o exame, derrubaram todas as barreiras. Há de se ressaltar: dos(as) alunos(as) que fizeram o exame.
A questão é essa: vários estudantes não fizeram a prova, pois o governador Rollemberg deu às costas para as famílias e o custo da inscrição de R$ 100 ficou para cada um deles. E muitos foram alijados. Uma triste estatística de que o Governo do DF deveria se envergonhar.
“Tivemos turmas de 3° ano com 40 alunos em que apenas 3 tiveram condições financeiras de pagar a taxa para fazer o PAS”, atesta Susanete Dias da Costa, professora de história do CEM 02 de Planaltina. É uma estatística estarrecedora. De acordo com ela, se todos os estudantes do colégio fizessem o exame (com o GDF custeando a taxa), “o número de aprovados certamente, seria o dobro, no mínimo”.
Taguatinga
A realidade não é diferente nas outras regionais. Taguatinga é mais um exemplo. “Se o GDF não empurrasse os custos da inscrição para os alunos, nosso número de aprovados seria muito maior. O Rollemberg privou um grande número de alunos carentes de realizarem o exame. Te digo que mais da metade dos nossos alunos não conseguiu se inscrever no PAS”, afirma Antônio A. Y. Dames, professor de história do CED 04 de Taguatinga.
Mesmo assim, ele comemorou o resultado, que é fruto do trabalho pedagógico na instituição de ensino. “Temos um projeto que enfoca o PAS, o ENEM, a formação do aluno, que é interdisciplinar, para estudantes de todos os anos do ensino médio, com temas trabalhados constantemente focando em formação, conteúdo e na cidadania. Um projeto que é sempre aprimorado e revisto e que provoca a reflexão do estudante é o caminho para o êxito, mesmo que boa parte deles ficou impossibilitada de fazer a prova”, diz. A semente está sendo plantada.
No CEMAB, Raquel de Castro Botelho, que também é professora de história, atribui o sucesso da escola ao trabalho que é desenvolvido desde o primeiro ano do ensino médio. “Desenvolvemos durante os três anos projetos que envolvem as obras do PAS, inclusive fazendo uma revisão para os alunos do terceiro ano”, diz.
Apesar de satisfeita com o resultado, ela não soube mensurar o quanto os(as) alunos(as) saíram prejudicados com a decisão do governador Rollemberg de deixar os custos da inscrição para os alunos, mas disse que “cerca de 40% dos estudantes não tiveram condições financeiras para arcar com os custos”.
Semestralidade
Mônia Maria Martins Lemes, diretora do CEM 01 do Núcleo Bandeirante, alega que o regime de semestralidade é o grande mérito da escola para o bom desempenho dos(as) alunos(as) no PAS. “As disciplinas são divididas em dois blocos. Enquanto o aluno faz física no primeiro semestre, ele faz química no segundo. Ele não vê tudo ao mesmo tempo e a aprendizagem vem mais fácil. O número de aulas dobra, pois todo o conteúdo é dado em um só semestre e isso aproxima o professor do aluno, pois são mais aulas da mesma matéria”, diz. Ela complementa que apenas português, matemática e educação física são ministradas durante todo o ano letivo.
A diretora diz que as turmas são divididas a partir dos perfis de cada aluno, para que cada professor(a) trabalhe uma dificuldade específica com cada grupo de alunos. Ela comemorou o resultado do PAS e falou que o fato de o GDF não bancar a inscrição, fez com que apenas quem realmente estava interessado fizesse a prova, e não os que “faziam por fazer”.
