Seu Osmar, presente!

Osmar Jacinto da Silva, o Seu Osmar, se despediu de nós na tarde desta segunda-feira (17). Com 89 anos de contação de histórias e acordes de sanfona, ele deixa o exemplo de gentilezas e da crença inabalável na luta por justiça social. Uma lição eternizada por mais de 20 descendentes. Entre eles, nossa querida companheira Berenice Darc, diretora do Sinpro-DF.

Seu Osmar era historiador autodidata. Por conta própria, investigou a história dos estados de Goiás e Minas Gerais e da cidade de Planaltina-DF, onde recebeu o título de Cidadão Honorário.

Na bagagem, seu Osmar também leva o “Prêmio Produtividade Rural” de 1981, além de toda uma história linda, que será contada e recontada pelos seus seis filhos e filhas, 13 netos e netas, três bisnetos e por todos que virão, de alguma forma, atrelados a essa figura que gostava de ter esperança no futuro.

Ninguém está preparado para se despedir de alguém que ama. E fazer luta é também plantar solidariedade. É por isso, Berê, que nós do Sinpro demonstramos nosso carinho e nos fazemos presentes neste momento em que a saudade teima em fincar morada.

Que as histórias e o som da sanfona de Seu Osmar continuem a iluminar seu caminho e de toda sua família e amigos, guiando-os em direção à beleza e à alegria da vida.

*O velório terá início às 12h desta terça-feira, na Igreja São Sebastião (Igrejinha Velha), em Planaltina-DF. O sepultamento está marcado para as 17h, na cidade de Unaí (MG).

12º CTE aprova Plano de Lutas para construir um outro DF e um outro Brasil

Mais de 30 ações que englobam lutas econômicas, educacionais e gerais do magistério público do DF e do povo brasileiro foram aprovadas pelos delegados e pelas delegadas do 12º Congresso de Trabalhadores(as) em Educação. A deliberação, foi feita neste sábado (9), no encerramento da atividade que reuniu professores(as) – efetivos(as) e em regime de contratação temporária – e orientadores(as) educacionais, da ativa e aposentados.

A tese-guia aprovada pela maioria do plenário foi a tese 1 – Um outro Brasil é possível! Um outro DF é possível!, defendida pela diretoria colegiada do Sinpro-DF. Ao texto, foram apensadas outras duas teses: a 4 – Grupo de Aposentadas(os) e a 7 – Organização e estrutura sindical: resgatar para avançar, apresentado pelo professor Antonio Carlos Andrade. Ao todo, foram submetidas oito teses ao 12º CTE.

>> VEJA AQUI a tese-guia aprovada no 12º CTE

Diante de um cenário marcado por ataques severos à educação, aos direitos e à democracia, o Plano de Lutas que será adotado no próximo período atinge os âmbitos nacional e distrital. Segundo a dirigente do Sinpro-DF Mônica Caldeira, que fez a defesa da tese escolhida, “não é possível construir um Brasil melhor e um DF melhor sozinho”. “É possível ter um outro Brasil e um outro DF porque nós temos nós”, disse.

Nas lutas gerais, o Plano de Lutas aprovado no 12º CTE apresenta questões como eleições livres e diretas – Bolsonaro e Ibaneis nunca mais!; o apoio aos Comitês Populares de Lutas e das Brigadas Digitais da CUT; a revogação da Emenda Constituição 95 (teto de gastos) e das reformas trabalhista e da Previdência, além do combate à PEC 32 (reforma administrativa).

 

Já no eixo das lutas educacionais, estão pontos como o cumprimento do Plano Nacional e Distrital de Educação, o combate à militarização das escolas e à educação domiciliar (homeschooling), a defesa da escola laica, democrática e que respeite a diversidade racial, religiosa, de gênero e de orientação sexual; além da defesa da plena efetividade da Gestão Democrática do Ensino Público, com autonomia financeira e política.

Ao tratar das lutas econômicas, alguns dos pontos trazidos pelo Plano de Lutas da categoria do magistério público do DF são a recomposição salarial diante do congelamento de sete anos; a aplicação da Meta 17 do PDE, garantindo isonomia entre os trabalhadores em educação com outras áreas com nível de escolarização equivalente; e a garantia de conquistas para os(as) aposentados(as) e contratos temporários.

>> VEJA AQUI as moções aprovadas no 12º CTE

>> VEJA AQUI as resoluções aprovadas no 12º CTE

Nesta 12º edição, o Congresso de Trabalhadores(as) em Educação teve como lema “Um outro Brasil é possível”. No três dias de evento (7, 8 e 9/7), foram realizados diversos debates fundamentados nas conjunturas internacional, nacional e local; defesa da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada; organização e estrutura sindical; e Plano de Lutas. Veja tudo sobre o 12º CTE em https://bit.ly/39ZjzXl

 

12º CTE e os desafios da classe trabalhadora diante das mudanças no mundo do trabalho

Uma das Mesas mais importantes do 12º Congresso de Trabalhadoras/es em Educação (12º CTE), intitulada “Desafios da classe trabalhadora diante das mudanças no mundo do trabalho” trouxe um debate que dialoga literal e diretamente com as nossas relações de trabalho e o momento que vivemos. O mundo vive as transformações da quarta revolução industrial e tecnológica e, com ela, um retrocesso imenso nas relações de trabalho.

A penúltima Mesa do 12º CTE, apresentada pela diretora do Sinpro Elineide Rodrigues e pelo diretor Samuel Fernandes, teve como palestrantes Meg Guimarães, diretora do Sinpro e vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF), e Antônio de Lisboa Amâncio Vale, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores Brasil (CUT Brasil) e conselheiro representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT); Ana Prestes, socióloga, cientista política e analista internacional.

Meg Guimarães – Assembleia Constituinte e novo pacto constitucional

Após uma análise da situação política e econômica mundial, Meg Guimarães apontou vários problemas do mundo do trabalho decorrentes das relações capitalistas, que vão desde a atual Guerra da Ucrânia até a 4ª Revolução Tecnológica. Meg falou da nova organização de trabalho que avança no mundo em que direitos são eliminados para dar lugar a lucros incalculáveis a grandes capitalistas.

Em apenas 20 minutos, ela mostrou um pouco de cada coisa que acontece atualmente no mundo do trabalho em razão de mudanças na Constituição Federal. Falou da situação das organizações sindicais e dos desafios dos trabalhadores brasileiros. Para ela, a saída mais imediata e importante para os problemas atuais da classe trabalhadora brasileira é, em primeiro lugar, a eleição do ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, a união para garantir sua governabilidade e, sobretudo uma nova Assembleia Constituinte para retomar um novo pacto social popular e soberano que recupere direitos e alinhe as relações trabalhistas com a 4ª Revolução Tecnológica.

“Lula sozinho não vai resolver os problemas do Brasil”, alertou a sindicalista. Na avaliação dela, apenas uma Assembleia Constituinte autônoma, soberana e popular será capaz de revogar leis como a reforma trabalhista, a reforma da Previdência, a reforma do Ensino Médio – que está promovendo a destruição da matriz curricular, o fim do magistério e a contratação de pessoas de notório saber para educar as crianças do Brasil.

Ela alertou para o fato de o novo Ensino Médio preparar os jovens brasileiros para apertar parafuso, não ter cidadania e garantir o seu próprio desenvolvimento e o crescimento do País e jamais ter pensamento crítico. Já está em curso esse problema. “Já temos 13 mil professores do contrato temporário sem acesso a direitos”, denuncia. Ela também alerta para o fato de que a Emenda Constitucional nº 95 está destruindo a Educação Superior e a pesquisa científica no Brasil. Ela afirma que apenas uma Assembleia Constituinte irá revogar essa emenda constitucional.

A vice-presidente da CUT-DF chamou a categoria para voltar no Lula, apoiar e garantir a realização dessa Assembleia e votar em parlamentares que deem sustentação a essa proposta de governo. “Apenas a eleição do Lula não irá trazer representação da classe trabalhadora. É preciso revogar as emendas”, disse. Ela finalizou a própria fala dizendo que “só o povo salva o povo”

Antônio de Lisboa – Novas tendências mundiais e organizações do trabalho

Lisboa também fez uma análise geral dos desafios da classe trabalhadora na 4ª Revolução Tecnológica. Ele trouxe a ideia das cadeias globais de produção que concentra toda a riqueza produzida no mundo nos países ricos do hemisfério norte. Mostrou que hoje existe o chamado “trabalhador multifuncional”, aquele que dá aula de matemática de manhã; de tarde é motorista de Uber; na primeira parte da noite é garçom em lanchonete; e, mais tarde, canta no bar. “Ele não se vê como trabalhador e sim como um empreendedor”.

Esses trabalhadores, segundo Lisboa, querem outro tipo de relação sindical. O sindicalista disse que atualmente é preciso analisar a crise do sindicalismo e enfrentar os desafios. Ele apontou a captura das instituições e alertou para o fato de que não se deve ser contra a 4ª Revolução Tecnológica porque seus produtos são criação da inteligência humana, é um direito da humanidade.

Ele citou como exemplo a produção da vacina contra a covid-19, que, cientistas no mundo inteiro, em apenas 1 ano, produziu o imunizante para combater e reduzir a morte de milhões de pessoas. “O problema não é a 4ª Revolução Tecnológica, é quem controla as novas tecnologias”, disse. Para Lisboa, as novas tecnologias são benefícios da humanidade.

O sindicalista também falou das novas tendências mundiais e que há um projeto na OIT de que o mundo deve criar até 2030 mais de 800 milhões de postos de trabalho para reduzir os fossos sociais e financeiros entre a classe trabalhadora mundial e a classe rica. Ele disse que 70 países fizeram a reforma trabalhista nesta atual crise do capitalismo, mas a pior de todas foi a do Brasil e, hoje, 77% dos países negam aos trabalhadores o direito de aderir a sindicato.

 

Clique aqui e confira a Apresentação de Antônio de Lisboa

 

Confira no vídeo, as falas completas de Meg Guimarães e Antônio de Lisboa

 

Cultura, educação e democracia andam juntos, apontou a primeira mesa de debate deste sábado (09)

A cultura é uma das áreas sob profundo ataque desde a eleição de Bolsonaro. Os artistas, seu trabalho e seus produtos são tratados como indesejáveis pelo governo federal, que fechou o Ministério da Cultura e entregou o tema a uma limitada secretaria que tem a nítida tarefa de implodir as políticas públicas antes existentes e interditar qualquer iniciativa ou debate de fomento cultural.

Esse foi o diagnóstico apresentado pelos expositores da primeira mesa de debates deste sábado, 9 de julho, terceiro e último dia do 12º CTE, “Cultura e Direitos Humanos no Enfrentamento do Fascismo”. O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, a multiartista Preta Ferreira e a deputada federal Érika Kokay compuseram a mesa. Os trabalhos foram conduzidos pelas diretoras do Sinpro Carolina Moniz e Leilane Costa.

Érika afirmou que os ataques às áreas da cultura, da educação, da ciência são traço central do programa e da personalidade de Bolsonaro: “Esse governo combate a educação, a ciência e a arte porque elas são expressões de criação, e expressões de criação são expressões de liberdade”, disse ela. Para a deputada, esse posicionamento tem íntima relação com o negacionismo que também caracteriza o governo. “O negacionismo em curso não é pontual, não é apenas da ciência, não é apenas o terraplanismo. É uma busca por negar a própria realidade, buscando substituí-la por uma narrativa fundamentalista”, observou ela.

A deputada também lembrou da importância da cultura para garantir o direito da população à cidade, direito esse que não está disponível para o conjunto da população, afinal, a muitos segmentos é negado o espaço público. Érika Kokay também pontuou que a política de destruição do governo Bolsonaro tem como tática implodir as áreas por dentro. Basta notar que órgãos governamentais como a Secretaria de Cultura, o Ministério do Meio-Ambiente, a Fundação Palmares e o Ministério da Mulher têm à sua frente inimigos declarados, respectivamente, da cultura, do meio-ambiente, da luta antirracista e do feminismo.

Preta Ferreira destacou justamente a ausência de políticas públicas, sobretudo para o setores que produzem cultura e para a população negra. “O empoderamento da mulher negra não é garantido pelos governos”, afirmou ela.

A multiartista falou da experiência de ser uma presa política no ano de 2019, numa ação do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) em São Paulo. Na prisão, onde permaneceu por 108 dias, ela escreveu Minha Carne – Diário de uma Prisão e se tornou, além de feminista e antirracista, uma lutadora abolicionista penal, defendendo o desencarceramento em massa no Brasil e no mundo.

O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira localizou a sede de destruição da cultura do governo Bolsonaro num contexto de combate aos direitos sociais, onde nem os direitos mais básicos estão garantidos. Da mesma forma, Juca apontou que a cultura se potencializa e se desenvolve em ambientes democráticos, portanto, cultura e democracia andam juntos. “Porém, a democracia nunca foi estendida a toda a população. Há um largo número de pessoas miseráveis, excluídas, submetidas a uma pobreza radical”, disse ele, resgatando a tradição golpista do país. “Cada vez que retomamos a democracia, perdemos muito do que tinha sido acumulado”, apontou o ex-ministro.

Para Juca, é necessário construir uma política cultural que crie um ambiente inclusivo e democrático para o desenvolvimento da cultura, fomentando a capacidade e a possibilidade de expressão de todos os segmentos sociais. “Atualmente, o que se quer é estrangular o desenvolvimento cultural”, disse ele. O cenário de violência e intimidação alimentado pelo governo Bolsonaro é o oposto do investimento que deveria ser feito na convivência democrática, especialmente em se tratando de um país dotado de tão rica diversidade cultural.

Juca Ferreira saudou os professores(as) e orientadores(as) educacionais pela presença, e destacou: “Este congresso vem num momento muito oportuno, os educadores são centrais na construção de um novo Brasil”.

12º CTE

O 12º Congresso dos Trabalhadores (as) em Educação está sendo realizado de 7 a 9 de julho, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Nesta edição, o lema é: “Um outro Brasil é possível”, e os eixos de debate são fundamentados nos seguintes temas: conjunturas internacional, nacional e local; defesa da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada; organização e estrutura sindical; e Plano de Lutas para o próximo período. Saiba mais em https://bit.ly/39ZjzXl.

Nova diretoria do Sinpro toma posse no segundo dia do 12º CTE

Na noite de sexta-feira, 8 de julho, final do segundo dia do 12º CTE, a nova diretoria do Sinpro tomou posse para o triênio 2022-2025.

Diversas entidades do movimento sindical e social estiveram presentes: Antônio Lisboa, representando a CUT nacional; Rodrigo Rodrigues, presidente da CUT-DF; Roberto Leão, presidente da CNTE; Olgamir Amância Ferreira, representando o Fórum Nacional Popular de Educação; Flauzino Antunes, representando a CTB; Denivaldo Alves representando o SAE; e Marcilon Duarte, representando a Intersindical. Além das entidades, também compôs a mesa o deputado distrital Chico Vigilante, representando a Câmara Legislativa do Distrito Federal; e o ex-presidente da CUT-DF, um dos fundadores da central, atualmente presidindo o PT-DF, Jacy Afonso.

Completaram a mesa Rosilene Corrêa, que falou em nome da gestão que se encerra, e Luciana Custódio, pela nova diretoria. “Sejam ousados, enfrentem a realidade que se impõe a cada dia!”, saudou Antônio Lisboa em nome da CUT nacional, e sintetizando as esperanças de todas e todos os presentes.

Rosilene Corrêa, que deixa a diretoria do Sinpro, foi presenteada com uma placa em sua homenagem. Ao despedir-se, ela falou dos demais colegas que deixam a diretoria, de sua experiência na entidade e da esperança no que virá. “Sinto muita gratidão à minha categoria por essa responsabilidade enorme que me confiou e por esse orgulho imenso que sinto por tê-la representado todos esses anos”, disse ela, emocionada. “Continuarei firme na defesa da educação pública!”, garantiu.

O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, que presidiu a comissão eleitoral que conduziu as eleições do Sinpro, deu posse à nova diretoria. “Muita luta e muita solidariedade para derrotar o ódio organizado”, desejou Rodrigo.

Em nome da nova diretoria, Luciana Custódio agradeceu a professores(as) e orientadores(as) educacionais pela confiança na chapa 1. “Desejo que a gente tenha muita saúde, muita força, muita fé, que a gente se cuide e que sejamos acolhedores uns com os outros”, disse ela para seus companheiros de gestão. “Tomamos posse em um ano emblemático. Temos grandes tarefas, combater a fome, o fundamentalismo, o autoritarismo. Defender a educação!”, finalizou Luciana.

Assista abaixo o vídeo-homenagem aos diretores e diretoras da gestão que se encerra que agora deixam o Sinpro.

12º CTE

O 12º Congresso de Trabalhadores(as) em Educação continua nesta sexta (8) e sábado (9). Nesta edição, o lema do Congresso é “Um outro Brasil é possível”, e os eixos de debate serão fundamentados nos seguintes temas: conjunturas internacional, nacional e local; defesa da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada; organização e estrutura sindical; e Plano de Lutas para o próximo período.

Saiba mais sobre o 12º CTE clicando AQUI.

Livro que conta história do Sinpro-DF é lançado no 12º CTE

Sinpro-DF – Uma história de sonhos, lutas e conquistas é o mais novo livro organizado pelo Instituto Museu da Pessoa para recontar os 43 anos do sindicato que representa professores(as) e orientadores(as) educacionais do magistério público do DF. A obra foi lançada nesta sexta-feira (8), segundo dia do 12º Congresso de Trabalhadores(as) em Educação.

A diretora colegiada do Sinpro-DF Rosilene Corrêa fez o lançamento do livro “Sinpro-DF – Uma história de sonhos, lutas e conquistas”

 

Em 139 páginas, “Sinpro-DF – Uma história de sonhos, lutas e conquistas” traz 25 histórias de vida, registradas de março a junho de 2021, além de três entrevistas gravadas em 2019 pela equipe de comunicação de Sinpro. “São testemunhos reveladores da alma de um sindicato combativo, respeitoso com a categoria que representa e profundamente identificado com a comunidade em que atua. São relatos que têm o condão de iluminar o passado, contribuir para compreender o presente e ajudar a proteger o futuro. Em comum, o fato de todos eles convergirem para uma mesma constatação: a educação é libertadora”, contextualiza a apresentação da obra.

O livro é dividido em quatro capítulos: A construção da utopia; Despertar de vocações; Pluralidade, diversidade e luta e Olhar para frente. Entre os personagens da obra, está Wanda Clementina Dias Corso, a primeira professora de Brasília.

“O projeto do livro se defrontou com a pandemia da Covid-19, que acabou prejudicando o processo de produção do material. Entretanto, haverá outras edições da obra, que contemplarão muitas outras histórias de vida, de luta, de resistência, de coragem. O importante é que todos, todas e todes se sintam representados com quem está aqui, pois nossa luta é uma só”, disse a diretora licenciada do Sinpro-DF Rosilene Corrêa.

De forma simbólica, Rosilene Corrêa entregou a primeira edição impressa do livro à professora aposentada Maria Holanda Lopes de Carvalho, que também é uma das personagens da obra por fazer parte da luta histórica da categoria do magistério público do DF.

LEIA AQUI a íntegra do livro Sinpro-DF – Uma história de sonhos, lutas e conquistas no link

12º CTE
O 12º Congresso de Trabalhadores(as) em Educação continua neste sábado (9). Nesta edição, o lema do Congresso é “Um outro Brasil é possível”, e os eixos de debate serão fundamentados nos seguintes temas: conjunturas internacional, nacional e local; defesa da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada; organização e estrutura sindical; e Plano de Lutas para o próximo período.

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Educação é instrumento para acabar com a fome

Uma criança de 8 anos da periferia de Manaus levava um pote de sorvete vazio para a escola e pedia para que enchessem com a merenda. Ele queria salvar a família da fome. A história ficou conhecida pelas redes sociais, a partir de publicações de jornais pouco conhecidos.

De imediato, a triste história da criança manauara motiva a reflexão sobre o Brasil da fome. Mas também mostra que a educação é instrumento insubstituível para que todos tenham o que comer. O tema foi tratado no painel “A tragédia da fome – a soberania do Brasil em questão”, realizado nesta sexta-feira, no 12º Congresso de Trabalhadores(as) em Educação. Na atividade, os palestrantes Frei Betto e a deputada distrital Arlete Sampaio mostraram que a educação pode sim interromper a fome de forma imediata, como no caso da criança da periferia de Manaus. Mas também deixaram claro que a educação se apresenta como estrutural no combate à fome.

Frei Betto, que participou do Congresso de forma virtual, lembrou que a educação nutricional é “porta pedagógica que permite entrar no tema da fome”. Segundo ele, a escola deve abordar os benefícios dos alimentos, bem como a ação criminosa do agronegócio, viabilizada como nunca pelo governo federal. “O agronegócio não produz comida para seres humanos, produz para animais”, disse ao afirmar que esse é um modelo de negócios de produção de alimentos voltado ao lucro e não à nutrição. “Escola serve para criar pessoas com consciência, não consumistas”, avalia Frei Betto.

O frade dominicano, que também é jornalista e escritor, lembrou que, atualmente, 33,1 milhões de brasileiros e brasileiras estão em situação crônica de fome e que 61 milhões pessoas no país enfrentam dificuldades para conseguir comida. Os dados são da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Isso em um país “apontado como um dos principais produtores de alimento do mundo”, e que já esteve fora do Mapa da Fome em um passado recente, destaca.

Para Frei Betto, é também através da educação que se esclarece a importância de políticas públicas contra a fome, decisivas para que comida no prato seja permanente. Ele lembra que a estratégia adotada às pressas e de maneira irresponsável pelo governo Bolsonaro por meio do Auxílio Brasil nunca teve como objetivo a sobrevivência do povo, mas sempre foi sobre “a possibilidade de reeleição e sobre a obsessão de salvar a si mesmo e a sua família diante das várias acusações muito sérias”. Prova disso é que a fome visita sistematicamente a casa do povo brasileiro antes mesmo da pandemia, desde 2018, quando o país voltou ao Mapa da Fome. “Os recursos existem para que a fome não predomine em nosso país, o que acontece é que hoje não há disposição política de combater a fome no país”, afirma Frei Betto.

Para a deputada Arlete Sampaio, “a escola é um instrumento fundamental para garantir alimentação para jovens e adolescentes”, seja na oferta da merenda escolar ou na oportunidade de se construir um futuro diferente, com acesso a renda e, consequentemente, a alimentação. Isso, segundo ela, reflete em um país forte e soberano.

“Qual o Brasil que a gente quer? Eu quero um Brasil soberano, que seja respeitado internacionalmente, mas que, sobretudo, cuide do povo brasileiro”, disse a deputada distrital que se despede do cargo público com a trajetória marcada pela defesa da educação pública de qualidade, que seja capaz de destruir todos os monstros sociais, inclusive a fome.

>> ASSISTA AQUI O PAINEL COMPLETO

Em homenagem a parlamentar, a diretora licenciada do Sinpro-DF Rosilene Corrêa, em nome da categoria do magistério público do DF, entregou a Arlete um ramalhete de girassóis. “Falar da Arlete é muito fácil, porque ela é e sempre será uma lutadora pela educação”, disse Rosilene.

12º CTE
O 12º Congresso de Trabalhadores(as) em Educação continua neste sábado (9). Nesta edição, o lema do Congresso é “Um outro Brasil é possível”, e os eixos de debate serão fundamentados nos seguintes temas: conjunturas internacional, nacional e local; defesa da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada; organização e estrutura sindical; e Plano de Lutas para o próximo período.

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12º CTE: Estado e religião não se misturam

Numa mesa emocionante, representantes de diversas religiões foram unânimes em afirmar que Estado e religião não se misturam; o que a educação deve oferecer é um trabalho pedagógico que aproxime a todos os seres humanos para atingirmos a equidade. Participaram da mesa “Educação Laica e Diversidade religiosa versus fundamentalismo religioso”, o padre Júlio Lancellotti, o pastor Ariovaldo Ramos e Kota Mulanji.

Padre Júlio Lancellotti abriu o debate explicando que o processo educativo tem um segredo: o principio fundamental para o processo educativo é a convivência. Só aprendemos convivendo. Se você não convive, você não ama, não defende, não partilha. Precisamos reaprender  a termos compaixão, partilha, misericórdia e empatia. Esses sentimentos não são dimensões religiosas, mas dimensões humanas. Padre Júlio criticou líderes religiosos que se valem do discurso religioso para manipular as pessoas, promover homofobia, racismo, tantos títulos e nenhum deles digno.  “Não temos que buscar sermos religiosos, temos que buscar sermos humanizadores e humanizados no relacionamento humano. As dimensões humanas da vida não são privativas das religiões que, por sua vez, são um instrumento, e não um fim.” Para ele, o grande desafio para os educadores é como levar essa humanização para a vivência pedagógica, de maneira a formar pessoas capazes de empatia, misericórdia e compaixão.

Também lembrou Padre Júlio que o individualismo tira de nós a capacidade de um olhar com empatia, misericórdia e compaixão, numa sociedade tão desigual como a nossa. O capitalismo neoliberal tem a lógica do descarte. É impossível humanizar o capitalismo, que por si só é desumano, porque ele não leva em conta a vida, e sim a meritocracia. Ao afirmar que o ato educativo deve estar divorciado da meritocracia, e indagar o que significa  solidariedade numa estrutura genocida de um estado necrófilo, Padre Júlio recordou que “certa vez um secretário de educação de São Paulo me mostrou todos os projetos para os melhores alunos. E eu perguntei: E com os piores, o que você faz?”

Padre Júlio falou ainda que temos que lutar historicamente contra o sistema necrófilo de dominação, que está com o joelho na garganta do nosso povo, principalmente dos pobres. “Nessa sociedade racista que despreza os quilombolas, que mata a juventude negra, que é LGBTfóbica, machista, xenófoba, aporófoba  (hostilidade aos pobres e à pobreza) e misógina. São tantos títulos, nenhum elogioso. São sintomas de desumanização, próprios desse sistema.”

Padre Júlio finalizou sua fala de forma emocionante, lembrando que “Todos somos originais e diferentes. Temos que ser equitativos: cada um deve receber aquilo de que necessita. Não lutamos pelo povo, lutamos com o povo. Eu não luto para vencer, luto para ser fiel até o fim, porque sei que muitas vezes serei derrotado, mas serei coerente até o fim.”

O pastor Ariovaldo começou sua fala destacando que o Brasil tem a marca da religiosidade. São séculos sob uma cultura religiosa que apoiou o escravismo e abriu espaço ao capitalismo em suas várias manifestações. O pastor defende que educação religiosa num estado laico é uma impossibilidade. “O estado não pode se envolver com educação. Ou o estado é laico ou ele promove educação religiosa. Se é importante promover educação religiosa, que isto seja função de cada congregação religiosa. Educação religiosa promovida pelo estado é injustiça e ausência de igualdade.”

A sugestão do pastor é que o espaço da educação religiosa seja usado pelo estado para a construção de um programa de aprimoramento dos direitos humanos. Um espaço em que haja aproximação de todos os humanos para atingirmos um estado de equidade, no qual todo o racismo e toda forma de segregação sejam banidos. Isso é um trabalho pedagógico. O que estamos assistindo ao longo de vários anos é um atentado à laicidade do estado. Na prática, a educação religiosa se torna proselitismo, e isso não pode nem deve ser feito a expensas do dinheiro público. O que estamos presenciando é um governo que lança mão da religião com fins eleitoreiros e alienantes. São pessoas que se prestam a ser ópio do povo. Ele concluiu afirmando que todas as fobias citadas pelo Padre Júlio Lancellotti precisam ser tratadas num espaço para a construção da civilização, e não para abrigar esta ou aquela religião.

A última palestrante a fazer o uso da palavra foi Kota Mulanji, que lembrou do apagamento da história dos povos de origem africana ao longo dos séculos. Para a líder (e autoridade) religiosa, quando se pensa num outro Brasil possível, não se pode aceitar que esse novo Brasil tenha em sua estrutura o racismo, a desigualdade de gênero, tampouco que ele seja estruturado a partir da morte das ideias e dos povos originários. O novo Brasil possível, segundo Kota, deve ser pensado a partir do matriarcado, com a participação de todos. Ela lembrou que “apenas 2% da população brasileira é praticante de rituais religiosos de matrizes africanas, e esses 2% sofrem 70% dos atos violentos de intolerância religiosa. Não vamos ter estado ou educação laica se continuarmos com o projeto político em curso, que marginaliza aqueles que pensam de forma diferente.”

O discurso de Kota Mulanji contemplou em cheio a manifestação de uma das delegadas inscritas para falarem após os palestrantes. Muito nervosa, a professora aposentada Regina Célia começou explicando que, em 43 anos de sindicalizada, era a primeira vez que ia falar num evento do sindicato. Foi ovacionada. Emocionada, Regina lamentou profundamente não poder usar branco numa sexta-feira com medo de ser chamada de macumbeira. Também lamentou, aos prantos, que sua filha, no sul do Brasil, fosse discriminada pela diretora da escola em que trabalha quando levava comidas tradicionais para serem partilhadas com os colegas. A diretora vira as costas para a professora e diz que é comida do diabo. Ainda aos prantos, Regina Célia também lamentou profundamente ver seu filho vítima de homofobia.

Ao final de sua fala, diante de um auditório absolutamente emocionado que lhe ovacionava de pé, a professora Regina Célia foi abraçada longamente pelos mediadores da mesa, os diretores do Sinpro Márcia Gilda e Cléber Soares. Ao descer do palco, ela também recebeu um abraço em grupo de vários diretores do Sinpro.

O 12º CTE continua nesta sexta-feira com a mesa sobre a tragédia da fome. Mais tarde, teremos a posse da nova diretoria colegiada do Sindicato.

Assista, ao final deste post, o vídeo com a mesa “Educação Laica e Diversidade religiosa versus fundamentalismo religioso”.

 

 

A necessidade de se revogarem as políticas de destruição da educação

A segunda mesa desta sexta-feira, 08, segundo dia do 12º CTE, debateu os desafios da educação pública. Os palestrantes, professor Carlos Abicalil, ex-presidente da CNTE e ex-deputado federal, e Edileuza Fernandes, doutora em Educação pela UnB e professora aposentada da Secretaria de Educação, falaram sobre a importância de resistir e de reverter o projeto de destruição em curso no Brasil e no DF.

Primeiro a falar, Abicalil lembrou que a ex-presidenta Dilma Rousseff, ao sofrer o impeachment que a tirou do governo, afirmou que aquele era apenas o início de um processo que se aprofundaria. Passados seis anos do golpe, e ao quarto ano do governo diretamente produzido por ele, é possível confirmar que a crise econômica, a crise democrática e a crise civilizatória que enfrentamos hoje é consequência daquele movimento concebido e encaminhado pela elite brasileira para interromper uma caminhada de ampliação de direitos sociais e parâmetros democráticos.

O ex-deputado destacou que a realidade hoje é a da fome, da miséria e uma brutal concentração de renda. Sustentando a crise econômica, há um cenário de perseguição política, guerra cultural, apropriação privada do Estado e, em especial, a mentira como estratégia de comunicação, de disputa ideológica e de propaganda.

Para Abicalil, o governo da família Bolsonaro anunciou e promoveu uma verdadeira faxina ideológica. Na Educação, essa orientação é nítida: a direção de estruturas importantes no MEC, Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e outros órgãos está sob comando de militares ou líderes evangélicos neopentecostais alinhados com a família do presidente.

A tal faxina ideológica foi encaminhada também através da interdição do Plano Nacional de Educação e da censura ao ENEM – o governo alardeia que o exame deve ser técnico, e por técnico entende-se não abordar a ditadura militar ou questões relativas a gênero e diversidade, por exemplo.

Abicalil considera que Bolsonaro, e antes dele, também Michel Temer, assumiram a missão de desconstruir. A destruição deflagrada pelo golpe de 2016 resultou na emenda constitucional 95 (a “PEC do fim do mundo”); que segue se desenvolvendo em outras iniciativas, como a emenda 109, que congela as carreiras.

“Agora temos oportunidade de semear esperança, qualificar o diálogo, mobilizar forças sociais”, destacou o palestrante, apontando que colocar um fim nesse projeto de destruição é uma tarefa central.

Revogar as políticas de destruição

A professora Edileuza Fernandes iniciou sua fala ressaltando o alinhamento político, ideológico e de concepção de educação entre Bolsonaro e Ibaneis. Ambos os governos, de forma articulada, propõem, encampam e encaminham projetos e reformas que reforçam o ataque à educação pública e aos direitos de crianças e jovens.

São fartas as ações de desmonte: enfraquecimento da gestão democrática, militarização, ensino domiciliar, reforma do ensino médio, além das iniciativas de mordaça, que sempre estão rondando a atividade dos professores e professoras em salas de aula. “Não é por acaso, é um projeto”, enfatizou Edileuza. “Na Educação, a boiada está sendo passada”, completou, em referência à revoltante fala do ex-ministro Ricardo Salles no início da pandemia da Covid-19 no Brasil.

A professora observou que o discurso de desqualificação da escola pública e de seus profissionais vem recrudescendo desde o golpe. Assim, os setores ultraconservadores buscam abrir espaço para interferir na organização e nos conteúdos da escola.

Edileuza dedicou sua explanação a aprofundar temas caros à categoria no Distrito Federal, entre eles, a defesa da gestão democrática, da qual a eleição dos diretores – ela destacou – é apenas um dos itens. A militarização de escolas públicas, que fortalece a lógica do vigiar e punir para a educação, e que precisa ser combatida com prioridade.

Sobre a contrarreforma do ensino médio, como ela nomeou, a professora destacou que, entre outros graves problemas, são propostos itinerários formativos que as escolas não têm como operacionalizar, menos ainda num cenário em que não receberam nenhum incremento em estrutura. “Não tem como remendar, tem que revogar”, disse ela.

A palestrante também abordou a centralidade de se assegurar o acesso à educação e permanência com qualidade. “A evasão tem crescido”, ela apontou, destacando que a realidade das famílias mais pobres tem levado muitos jovens a deixarem a escola para assumir postos de trabalho precários.

Por fim, Edileuza também falou das propostas de educação domiciliar. “Que tipo de cidadão o homeschooling vai formar?”, questionou ela, destacando que quem defende tal proposta é a elite, e que os sérios impactos que ela teria sobre a educação das crianças e sobre a carreira do Magistério.

Edileuza finalizou sua com a importância da unidade para derrotar o conservadorismo e o autoritarismo que hoje prevalecem no Congresso Nacional, para que seja possível revogar todas essas políticas nocivas para a educação e para os direitos da população.

Assista o debate na íntegra:

12º CTE

O 12º Congresso de Trabalhadores(as) em Educação continua nesta sexta (8) e sábado (9). Nesta edição, o lema do Congresso é “Um outro Brasil é possível”, e os eixos de debate serão fundamentados nos seguintes temas: conjunturas internacional, nacional e local; defesa da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada; organização e estrutura sindical; e Plano de Lutas para o próximo período.

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“As eleições de 2022 serão as eleições de nossas vidas”, dizem palestrantes

O título da matéria resume a análise de conjuntura realizada no segundo dia do 12º Congresso de Trabalhadoras/es em Educação (CTE). A primeira mesa, coordenada pelos diretores do Sinpro-DF, Berenice Darc e Fernando Reis, começou com uma profunda análise de conjuntura local, nacional e internacional, apontando soluções para resgatar o Brasil sequestrado pelo fascismo.

A Mesa de Análise de Conjuntura Internacional, Nacional e Local contou com a participação dos palestrantes Antônio de Lisboa Amâncio Vale, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores Brasil (CUT Brasil) e conselheiro representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT); Ana Prestes, socióloga, cientista política e analista internacional; e Gabriel Magno, professor de física da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEE-DF), ex-dirigente do Sinpro-DF e dirigente licenciado da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Os três palestrantes apontaram a solução para o Brasil: eleger Luiz Inácio Lula da Silva a presidente da República no primeiro turno; exigir o respeito ao processo eleitoral; e garantir a posse de Lula em janeiro de 2023. Ou seja, evitar a materialização do novo golpe de Estado em curso, que visa a impedir a eleição de Lula e a retomada do desenvolvimento e do crescimento do Brasil. 

Além de destacarem a importância de se eleger Lula presidente no primeiro turno, os três expositores disseram que, mais do que isso, a população terá de ajudá-lo a governar. Observaram que não vai ser fácil governar sem o apoio popular e alertaram para fato de que também não será fácil retirar o Brasil de onde ele foi jogado pelos governos do golpe de Estado de 2016: no fundo do poço, numa situação em que o País está com sua soberania gravemente ferida, numa situação em que o Brasil perdeu credenciais externas, como credibilidade e até confiança para que outras nações o ajudem a crescer e a sair deste lugar de pária do mundo.

Conjuntura internacional

Lisboa, Prestes e Magno foram unânimes em afirmar sobre o andamento deste golpe de Estado, que visa a sequestrar as eleições de 2022 e alertam para o fato de que o golpe só será concretizado se não houver uma força maior, representada pelo povo, capaz de impedir essa escalada de assaltos contra o Brasil e à população.

Antônio de Lisboa foi o primeiro a falar e, segundo sua análise da situação conjuntural do mundo, é importante a todos e todas estarem atentos e atentas para o fato de que o avanço do fascismo é real e está presente no mundo inteiro. Ele avalia também que esse avanço do fascismo tem um pouco de responsabilidade de todos e todas. Segundo ele, começa a viver uma segunda fase da crise com a guerra da Otan e Ucrância contra a Rússia. “É preciso observar que essa crise não começou hoje. Ela vem desde 2013”, afirmou.

“O Fórum de Davos criou o movimento chamado “A grande retomada”. Trata-se do aprofundamento da retirada de mais direitos da classe trabalhadora, mais concentração de renda e mais financeirização das economias. Nesse cenário, a eleição brasileira é a mais importante do mundo. A eleição brasileira é a eleição do ano para o mundo. Todo o campo popular e democrático do planeta está preocupado com as eleições do Brasil”, informou o secretário da CUT Brasil.

Ele ressaltou que mais de 80% dos Produtos Internos Brutos (PIB) dos países estão, atualmente, destinados à especulação financeira e à especulação imobiliária, ou seja, à concentração de renda e de terras, de territórios, em mãos de poucos; e 18% está destinado à produção e à população mundial. “Esse quadro não começou com a pandemia da covid-19. Esse mundo desigual em que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres começou antes da pandemia. Em 2018, já era bem visível a polarização também das regiões do mundo: os países do norte mais ricos e os países do sul mais pobres e desindustrializados”, disse.

Também lembrou que, antes de 2019, 10% dos países ricos do norte concentram as riquezas do planeta, têm maior uso das tecnologias, vivem a quarta revolução industrial e o mundo assiste, juntamente com isso, a uma escalada do aumento da extrema direita. “Antes de 2019, a riqueza global já estava sendo concentrada no hemisfério norte. Com a pandemia da covid-19, os setores das tecnologias e farmacêuticos foram os que mais concentraram renda, os Estados aceleraram a financeirização da produção de remédios e das vacinas. Ou seja, as vacinas e os remédios que são uma conquista da humanidade foram sequestrados e transformados em commodities”.

Segundo Lisboa, “o Brasil é o grande centro da disputa geopolítica mundial e as eleições deste ano serão as mais importantes do mundo”.

Conjuntura nacional e América Latina

Ana Prestes fez uma análise da situação da América Latina, mas, antes, observou que a nazificação da Ucrânia foi construída pelos EUA e pelos países ricos da Europa, que criaram todas as condições para a atual guerra acontecer. “EUA e Europa não respeitaram nem cumpriram o acordo de Minsk (ou protocolo de Minsk), assinado pela Ucrânia, Rússia, LPR e pela DPR (Donetsk People’s Republic)”, disse. Ela fala situação política e econômica da América Latina e da retomada das gestões democráticas, com eleição de presidentes de esquerda em quase todos os países da América do Sul e Central. Até a Colômbia, que nunca teve presidente da esquerda e é considerada colônia e preposto dos EUA na América do Sul, pela primeira vez na história, elegeu, este ano, um presidente de esquerda, que não assassinado.

“Considero que a Colômbia e o Brasil são as grandes eleições deste ano na América Latina em que a gente vai retomando as condições para reequilibrar essa balança de forças na nossa América Latina e o Brasil está completamente envolvido nessa conjuntura. A América Latina e do Sul dependem muito desta eleição brasileira. 2022 é o ano das eleições das nossas vidas porque enquanto o mundo mudava e a gente enfrentava a maior pandemia do século, o Brasil sucumbiu às forças das trevas, protofascistas, reacionárias, do atraso que estão deixando um legado de um país desindustrializado, na fome”, avalia Prestes.

A socióloga alertou para o fato de que não será fácil ganhar esta eleição. “Eles não vão entregar o governo fácil. Não é menor. A pressão que está sendo feita para a militarização do nosso processo eleitoral. Eles querem colocar os militares dentro do Tribunal Superior Eleitoral e apurem os votos, eles querem que os militares declarem o resultado. Não vamos subestimar. Isso foi feito na Bolívia em 2019. A força da participação popular da Bolívia salvou o país do golpe porque ali foi dado um golpe neste estilo. Não existia esse tipo de milícia e apareceu no golpe de 2019 na Bolívia. O Brasil hoje é um país de milícias. Não vamos subestimar essas operações que têm o apoio e protagonismo da OEA. A nossa luta é dupla: garantir a eleição no primeiro turno e a posse de Lula”, alertou.

Conjuntura local

Na conjuntura local, o professor e liderança sindical licenciada da CNTE, Gabriel Magno, fez uma análise local, mostrando o quanto o Distrito Federal e a categoria docente da capital do País têm levado prejuízos com a gestão do político Ibaneis Rocha (MDB) pelo fato de ele ser aliado ao governo neoliberal e fascista de Jair Bolsonaro (PL).

“Temos enormes desafios e 84 dias decisivos”, disse Magno em sua análise local de conjuntura. Ele observou que a primeira coisa que Ibaneis fez no campo da educação, quando assumiu o governo, foi militarizar 17 escolas públicas. “A primeira coisa que ele fez foi militarizar 17 escolas públicas, enfraquecimento da gestão democrática e perseguição à liberdade de cátedra e a professores e professora. Hoje ele atua na despolitização do processo eleitoral de 2022. O que Bolsonaro fez no Brasil, Ibaneis faz no Distrito Federal”, afirma.

O resultado disso, segundo ele, é a capital do País com mais de 300 mil pessoas vivendo na fome e 260 mil brasilienses nas filas dos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social), uma das principais políticas públicas de distribuição de renda que foi, criminosamente, desmontada pelo governo Ibaneis. O desmonte do serviço social no Governo do Distrito Federal é uma vergonha.

Gabriel Magno também observou o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), às insistentes infrações à Lei 8080/1990, com a privatização inconstitucional da saúde pública por meio do IGES, que transformou a saúde no caos e na falta de assistência médica aos brasilienses. Também mencionou o caos na cultura e que iniciou o seu mandato na área cultural não garantindo o primeiro edital da FAC no seu governo. “Ele foi desfinanciando os setores e tudo isso foi passando na Câmara Legislativa do Distrito Federal e drenando dinheiro público para os seus próprios amigos”.

Confira no site vídeo com a Mesa Análise de Conjuntura Internacional, Nacional e Local do 12º Congresso de Trabalhadoras/es em Educação

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