Qual o papel da mediocridade no fascismo que emerge no Brasil?

Michel Temer é um medíocre irremediável. Ao mesmo tempo, sua figura medíocre reforça a mediocridade da organização criminosa que assaltou o poder em 2016. “Nada nele é especial, fascinante ou criativo”, escreve Tales Ab’Sáber, em Michel Temer e o Fascismo Comum, que está chegando às livrarias.

“Nada nele nunca surpreende, brilha ou dá esperança. Seu mundo é o dos gabinetes e dos acordos de bastidores. Não há nada a sonhar e nada a esperar a seu respeito. Seu universo de corpo e espírito, se podemos falar assim a seu respeito, é o mundo da infraestrutura da política, onde as decisões indizíveis são tomadas e os acordos das facções da política são feitos, entre os interesses que podem e os que não podem vir à luz do dia.” Nem mesmo a quadrilha da qual ele participa é especial.

Ainda assim, o psicanalista Tales Ab’Sáber, muito a contragosto, vê-se obrigado a deitar o impostor no divã. Michel Temer não é um tema interessante para ninguém, a não ser pelas circunstâncias que o levaram à usurpação do mandato alheio. O psicanalista vai atrás dessas circunstâncias, no bojo do delírio coletivo que acometeu o País após a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.

Circunstâncias não necessariamente gratuitas, encadeadas, na verdade, em roteiro de conspiração, com a confluência ativa da mídia canalha e da Justiça a serviço da injustiça. A classe média tola, ignorante e rancorosa prestou-se alegremente a ser massa de manobra. Quanto mais o engodo se revela, hoje, mais ela, incapaz de qualquer autocrítica, reage com tolices, ignorância e rancor.

Do imbróglio-bufo emerge o “líder vazio”, em busca de uma legitimidade impossível, ainda que sua, hum…, expertise consista em operar as barganhas miúdas de criaturas tão medíocres como ele. “Neste mundo são as mais tradicionais oligarquias políticas brasileiras, tradicionalmente fisiológicas, patrimonialistas e antissociais, meio modernizadas, que ele representa”, resume o psicanalista.

É o mordomo do poder, como retratam os cartunistas, “que servilmente entrega o combinado, sempre tirando a própria parte. Vindo do fundo da estrutura do poder orgânico e organizado do capitalismo e da política brasileira, ele mal deixa entrever sua vida imaginativa, sua proposta de país, seu desejo de civilização, quando aparece no espaço público compartilhado”.

body language reitera o personagem mixo. “Sua voz melíflua, seu pernosticismo e suas mãos que giram sobre si mesmas, representando longos cálculos e negociações de velhos espertos, de fato não falam nada. Uma flor nascida no pântano da riqueza brasileira, nos porões dos negócios e interesses, que mal sabe ver e suportar a luz do dia do espaço turbulento dos interesses populares e sociais. Um vampiro, vai dizer sobre ele a imaginação popular, tentando dar figurabilidade para a complexidade ctônica dessa flor dos porões da política e do poder, da estufa sem o sol da esperança social, que, não se sabe bem como isso se tornou possível, chegou ao poder nacional ao seu próprio modo.”

O sanatório geral não se resume a Michel Temer e o novo livro de Tales Ab’Sáber tampouco se resume a Michel Temer. Num conjunto de artigos, entrevistas e uma espécie de diário clínico desse ambulatório psiquiátrico denominado Brasil (Estilhaços do Brasil, batizou ele), o psicanalista tenta reunir as peças de um quebra-cabeça de alucinação coletiva, onde se embaralham o já mencionado Zé-Ninguém do Jaburu, sua corte de gente fuleira, um capitão do Exército igualmente rastaquera, mas violento e intimidador, um empresariado infenso aos valores da democracia, uma classe média paranoica e radicalizada, políticos que, com ideias velhíssimas, se apresentam como novos e partidos que atuam como amebas sem princípios e sem ideologia.

Um dos desafios do presente, ao qual o autor se aventura com coragem, talento e sutileza, é o de decifrar o fascismo emergente que ameaça contagiar o País na companhia de outras patologias arcaicas, tais como o sarampo e a tuberculose. “O fascismo comum”, chama-o Tales Ab’Saber. Ao fenômeno dedica a maior parte da obra. Se bem que igualmente violenta e intolerante, até nossa versão de fascismo é, sim, vulgar, ordinária, não alcança a grandeza imperial do fascismo italiano, embandeirado e sonoro, ou do nazismo alemão, espetaculoso em sua pulsão de morte.

O fascismo à brasileira, vagabundo, estava submerso nos porões da tradição autoritária do status quo, a qual a redemocratização pós-ditadura não extirpou, apenas acomodou sob o tapete de um conchavo covarde de conveniências. “A extrema-direita ditatorial brasileira”, afirma Tales Ab’Saber, “foi protegida, destacada do processo de julgamento real e simbólico e premiada no processo de democratização.”

Só mesmo a omissão dos artífices da transição acochambrada, entalados por uma lei de anistia destinada a proteger os torturadores e assassinos, é que autoriza hoje que um candidato à Presidência da República faça apologia da covardia dos porões e saia por aí elogiando um facínora como o coronel Brilhante Ustra. Fazendo eco aos trogloditas do passado, e os do presente, setores imersos no ódio doentio pregam nas ruas, sem constrangimento, a volta a um regime militar cuja primeira providência seria lhes cassar a palavra.   

Tales Ab’Saber relê 2013 nesse contexto. Levantes originalmente críticos, mas à esquerda, tiveram sua legitimidade política e simbólica apropriada pelos “antipetistas indignados com a corrupção do outro” e os “anticomunistas do nada”. Os grandes conglomerados de mídia se deleitaram. “Na rua, era mesmo necessária a energia total do movimento popular da direita, que desse ares de amplo consenso para a violência política e institucional que de fato se buscava produzir. Dos desejosos de impeachment aos de intervenção militar ou de retorno da monarquia, todos eram muito bem-vindos.”

melting pot do atraso irradiava sua vocação para compartilhar o que o psicanalista denomina “democracia de extermínio”. “Deste modo”, observa ele, “a socialite cosmopolita de havaianas brasileira tida por moderna deveria ir de mãos dadas, e de olhos bem fechados, com o ex-torturador autoritário que se sentira lesado pela política reparatória mínima dos governos de esquerda – de populismo de mercado interno de Lula e de desenvolvimentismo de Dilma.

Invertia-se o valor amoroso, o conteúdo da promessa social, da imagem clássica de união e solidariedade do poema moderno de Drummond. E realizava-se a aproximação da direita mais dura por velhos peessedebistas, preconizada alguns anos antes por Fernando Henrique Cardoso.” 

A necropolítica prevalece no caldo de cultura da violência sádica contra pobres e negros, descrita com tinta de terror pelo blockbuster Tropa de Elite e traduzida pelos 60 mil assassinatos por ano no País, “dos quais as polícias participam com cerca de 10 mil, contra a ordem da lei”. A mentira é outra de suas qualidades inerentes.

Mais uma vez, a hipercultura da violência, que acorda os fantasmas sombrios e impenitentes da escravatura, encontra aval no homem “que já declarou com ênfase, em espaço de poder democrático, o seu machismo misógino, o seu racismo e sua homofobia”, figura grotesca e autoevidente, é verdade, piada de mau gosto, mas cuja ação política de violência direta que arrebata certos círculos constitui um projeto estranho ao jogo do capitalismo contemporâneo. Ou seja, Jair Bolsonaro é uma aberração monstruosa, mas bem familiar. É o caso de indagar: não será este Brasil que está aí, ele próprio, uma tenebrosa aberração?

(da Carta Capital)

Evento em SP discute as tentativas de retirar a Sociologia do Ensino Médio

A Faculdade de Educação da USP (FEUSP) vai realizar no dia 17 de agosto um encontro com o tema “No meio do caminho tinha uma pedra? A Sociologia no Ensino Médio em debate”. O objetivo é discutir a importância da disciplina no currículo da etapa da educação básica e as tentativas do governo de retirá-la.
Direcionado a professores da educação básica e demais interessados no tema, o evento vai promover três momentos de debate. Das 9 às 12h, as professoras Kimi Tomizaki e Claudia Galian, da FEUSP, e Ana Paula Corti, do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), discutem a temática “Entre golpes: Reforma do Ensino Médio, BNCC e a disciplina de Sociologia”.
Das 14 às 17h, o tema Ciências Sociais nas escolas: extensão universitária e profissionais em luta é discutido pela mestre em sociologia Erika Kulessa, Natália Salan Marpica, do IFSP, e as integrantes do Sociologia em Movimento, Midria Silva e Julia Audujas.
Para finalizar a programação, das 17 às 18h30, o doutor em educação, Amaury Cesar Moraes, aborda o tema “Ensino de sociologia em perspectiva”.
Os interessados devem fazer uma inscrição online no site da FEUSP. Mais informações no telefone (11) 3091-3574 ou no email: apoioacadfe@usp.br
(da Carta Educação)
 

Decepção com sala de aula cresce entre professores

Uma pesquisa feita pelo Instituto Todos pela Educação junto a professores da Educação Básica das redes públicas municipais e estaduais e da rede privada de todo o país revela que a maioria desses profissionais, 78%, escolheram o ofício pela afinidade com a profissão.
Mas as decepções ao longo da carreira levam esses profissionais à insatisfação. Seja por condições de trabalho ruins, estrutura precária, baixos salários e falta de reconhecimento.
Segundo a pesquisa, 33% dos professores estão totalmente insatisfeitos e apenas 21%, totalmente satisfeitos com a profissão.
A professora Luciana Custódio, de Brasília, está há 24 anos em sala de aula e reclama dos baixos salários.
“Tirando uma média das carreiras de nível superior, no Distrito Federal, nós estamos entre os últimos colocados da carreira, mais de 20º lugar, com uma função tão nobre, né?”.
O gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Gabriel Correia, afirma que a insatisfação leva os professores a desincentivar novos colegas.
“A grande parcela dos professores não recomendam, é um cenário grave.”
Ainda de acordo com o estudo, dois em cada três professores apontam a formação continuada como medida para valorizar a profissão.
Além disso, a participação dos docentes na formulação de políticas educacionais e a restauração da autoridade e do respeito à figura do professor também poderiam reverter o quadro de desvalorização da carreira.
A remuneração média entre os professores pesquisados é de R$ 4.400. A grande maioria deles tem a principal renda da casa e 29% afirmam precisar de uma outra atividade como fonte de renda complementar.
A pesquisa ouviu 2.160 professores da Educação Básica das redes públicas municipais e estaduais e da rede privada de todo o país.
(do Brasil de Fato)

Mais pobres pagam pela política de preços da Petrobras, mostra Dieese

A greve dos caminhoneiros que paralisou o país em maio último, acendeu a luz sobre os preços praticados pela Petrobras não apenas na questão do diesel e da gasolina, mas também no quanto afeta o orçamento familiar, o preço do botijão de gás.
A partir dessa premissa, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez o levantamento de preços e as conseqüências dos constantes reajustes dos derivados de petróleo praticados após o golpe de 2016, sobre o orçamento doméstico, principalmente das famílias mais pobres.
Entre as famílias 10% mais pobres, o preço do gás pesou mais no orçamento daquelas que viviam no Maranhão (59,0%), Acre (51,5%) e em Sergipe (50,7%). Os menores percentuais foram registrados em São Paulo com (10,8%), Distrito Federal (10,1%) e Santa Catarina (8,9%).
Os dados confirmam a tese de que a política de preços da Petrobras, após o golpe de 2016 está deixando um forte impacto negativo na renda dos brasileiros.
A nota do Dieese diz que “o valor do botijão de GLP residencial (13 kg) ficou congelado em R$ 13,51 nas refinarias da Petrobras, entre janeiro de 2003 e agosto de 2015. Em julho de 2017, estava em R$ 17,81 e, em dezembro desse mesmo ano, chegou a R$ 24,38, salto de 37%”.
“A nova política de preços adotada pela direção da Petrobras para o GLP de 13 kg não leva em consideração a resolução 4/2005 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que “reconhece como de interesse para a política energética nacional a prática de preços diferenciados, por produtor ou importador, de gás liquefeito de petróleo (GLP), destinado exclusivamente a uso doméstico em recipientes transportáveis de capacidade de até 13kg, pois tem elevado impacto social, posto que seu custo de do custo do botijão de gás no orçamento doméstico”.
Para o diretor técnico do Dieese Clemente Ganz Lúcio, os números apresentados pela pesquisa demonstram que a Petrobras tem um peso importante na vida dos brasileiros.
“A paralisação dos caminhoneiros mostrou o impacto da política absurda de preços da Petrobras, e para o Dieese é importante alertar a população e ajudar o movimento sindical a ter mais informação de forma organizada, de que como a formação de preços da estatal afeta a economia brasileira”, diz Clemente.
Veja a íntegra da pesquisa aqui
Dia do Basta – 10 de agosto
E para dar um basta aos desmandos do governo ilegítimo de Temer e as medidas de retirada de direitos dos trabalhadores, como a reforma trabalhista, a política de preços dos derivados de petróleo e pelo direito de Lula ser candidato às próximas eleições, a CUT e demais centrais sindicais realizarão o Dia do Basta, em 10 de agosto, com paralisações, atrasos de turnos e atos nos locais de trabalho e nas praças públicas de grande circulação de todo o País.
Cada cidade do país terá seu local de realização de atos. Em São Paulo será na Avenida Paulista, na altura do nº1313, em frente à Fiesp, a partir das 10h da manhã.
Fonte: CUT Nacional

Nota de apoio à luta dos professores do Novo Gama pela manutenção da Jornada Ampliada

A Diretoria Colegiada do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) apoia a luta e se solidariza com os(as) professores(as) da cidade do Novo Gama (Goiás) e sua entidade representativa (Sinpro-NG) na defesa e na manutenção da Jornada Ampliada na Rede Pública de Ensino daquele município – conquistada após 71 dias de greve.
Da mesma forma, o Sinpro-DF repudia a atitude e os argumentos da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Educação para justificar e impor aos(às) professores(as) o fim da Jornada Ampliada.
Os gestores públicos alegam que a situação financeira está insustentável para realizar o pagamento previdenciário patronal, mesmo com a comprovação de que as verbas aumentaram substancialmente.
Ainda assim, se a questão é esta, ao contrário de pôr fim à Jornada Ampliada, haveria outras formas de ajustar as contas da Educação, como a diminuição de cargos comissionados na SME e na própria Prefeitura, por exemplo.
Estes gestores esquecem-se de que, a partir da Jornada Ampliada, os(as) estudantes contam com um maior leque de aprendizagens e de projetos que expandem o seu conhecimento. Sem falar que o(a) professor(a) tem mais tempo para cuidar da sua formação.
Retirar a Jornada Ampliada representa um enorme retrocesso, um prejuízo do ponto de vista do trabalhador, mas sobretudo da comunidade escolar – que terá o atendimento comprometido.
Não é possível aceitar um prejuízo que será levado à categoria, na sua forma de organização do trabalho, e à comunidade escolar, com a retirada de horas semanais de atendimento.
A jornada ampliada é uma conquista da qual os (as) professores(as) e a comunidade escolar do Novo Gama não podem abrir mão.
Toda força ao Sinpro-NG, à categoria e à comunidade escolar!!!

Diretoria Colegiada do Sindicato dos Professores no Distrito Federal

Jornada Literária reúne escritores, ilustradores e leitores de 14 a 17 de agosto no Sesc Ceilândia. Há atividades específicas para professores


De 14 a 17 de agosto, a 3a Jornada Literária do Distrito Federal faz à comunidade de Ceilândia e de toda Brasília, um convite à literatura. Com cerca de 20 convidados locais e de renome nacional, o projeto de quatro dias realiza mais de 40 atividades gratuitas, entre palestras, debates, espetáculos de literatura, narração de histórias, rodas de poesia, oficinas e feiras de troca de livros, colocando leitores, escritores e ilustradores frente a frente. Uma programação de acolhida e encanto. Entre os convidados, a poeta Cristiane Sobral; também Alexandre Pilati, professor da UnB e participante da Jornada desde sua primeira edição; e o escritor Caio Riter, autor de dezenas de obras para crianças e também de livros para adolescentes.

Para professores(as) – A Jornada Literária do DF, edição 2018, tem uma programação de grande interesse para professores e professoras, tanto pelo papel de leitores poderosos que são, como pela habilidade de mediadores de leitura que desenvolvem. Confira:

Poesia e gramática

No dia 8 de agosto, na Biblioteca Pública Carlos Drummond de Andrade, a Oficina Poemática – Poesia e gramática em sala de aula, com o poeta e professor Alexandre Pilati e com a professora e pesquisadora Eloísa Pilati, para associar o prazer da poesia com o ensino da língua portuguesa.

 Formação de leitores e mediação de leitura

No dia 15 de agosto, às 8h30, na sala de atividades do Teatro Sesc Newton Rossi, debate com os escritores Ivan Zigg e João Bosco Bezerra Bonfim, a respeito do tema Leitores criativos, professores felizes. Os dois autores reforçam o poder dos leitores, que devem ter um papel cada vez mais ativo e criativo na leitura das histórias.

Também no dia 15, na Sala de Atividades, às 14h30, o debate Mediação de leitura em sala de aula: encantando os novos leitores, com  Léo Cunha e João Bosco Bezerra Bonfim. Ambos trazem a experiência de professores, escritores e formadores.

Para os educadores, haverá também a oficina Como montar um projeto literário na escola: passos e voos, ministrada pela autora e livreira Íris Borges, no Teatro Sesc Newton Rossi, Ceilândia, dia 15 de agosto às 13h30.

Empoderamento pela literatura

Para os professores e professoras atentos ao empoderamento de seus alunos e alunas, as participações de Cristiane Sobral são uma boa dica: ela estará no dia 14 de agosto, às 9h, no Teatro Sesc Newton Rossi, falando de seu trabalho Só por hoje, vou deixar meu cabelo em paz.

Outra boa participação, nesse contexto, é o da poeta Meimei Bastos, nascida em Ceilândia, que fará roda de poesia logo em seguida à apresentação de Cristiane Sobral, às 10h45, no mesmo local.

Cristiane Sobral volta a se apresentar no dia 16 de agosto, com Só por hoje, a poesia fala mais alto!, às 19h30, no Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia.

Coletivos, autopublicação, publicação independente

Mulheres poderosas se apresentam no dia 14, na Sala de Atividades, às 10h45. É a experiência do Coletivo de escritoras Maria Cobogó, que falam da criação literária e publicação.

Mais a respeito da criação e publicação pode ser buscado com a escritora e editora Clara Areguy, que fala sobre o tema Tornar-se escritor: imaginação, originais e publicação. Será dia 17 de agosto, às 15h, na Sala de atividade 1 – Sesc Ceilândia.

Para os professores – e criadores de todas as idades e formações – o escritor Rodolfo Melo fala a respeito da Publicação independente, na Sala Multiuso do Teatro Sesc de Ceilândia, dia 15 de agosto, às 10h.

Carlos Drummond de Andrade para os chegados e os que vêm chegando

Para os apreciadores de poesia, especialmente a do itabirense, é imperdível a palestra Vida apenas, sem mistificação à poesia de Carlos Drummond de Andrade, proferida por Alexandre Pilati, no dia 14 de agosto, às 9h30, na Biblioteca Pública de Ceilândia.

Ainda em celebração ao grande poeta mineiro, Alexandre Pilati comanda a roda de poesia Tinha um livro de poesia no meio do caminho, com homenagens e reflexões a respeito da obra de Carlos Drummond de Andrade. Será no dia 15 de agosto, às 10h30, na Sala de Atividades do Sesc Ceilândia.

Quadrinhos e a salvação das artes literárias

Quem disse que quadrinhos é só a porta de entrada para o universo da literatura? Quem sustenta o valor literário dos quadrinhos é S Lobo, roteirista, editor e formador de quadrinistas, que vem de Porto Alegre (RS) conversar com criadores, leitores e professores a respeito dessa arte tão em alta nos nossos dias. Será dia 14 de agosto, na Sala de Atividades do Sesc Ceilândia, às 16h20.
Escrita, redes sociais e vestibulares, também

Tanto para professores quanto para candidatos ao ensino superior, no dia 17 de agosto, às 8h30, na Sala de Atividades, às 8h30, a escritora e professora Lucília Garcez fala a respeito da Literatura no PAS, Enem e Vestibular: é ler e aprovar.

Para criadores e professores, a escritora e professora Dad Squarisi fala a respeito da Escrita criativa e redes sociais, dia 17 de agosto, às 13h50, na Sala de atividades 1 – Sesc Ceilândia.

O poeta André Giusti fala a respeito da Poesia nas redes sociais, dia 15 de agosto, às 16h40, na Sala Multiuso do Tatro Sesc Newton Rossi.

>>> Veja a programação completa do evento.
Quem abre a programação é Cristiane Sobral, com o espetáculo Só por hoje, vou deixar meu cabelo em paz (14 de agosto, às 9h45), no Teatro Newton Rossi. “Consideramos sua participação um grande para nós, pois ela se firma cada vez mais como uma voz potente da poesia brasileira. É admirável a maneira como já é conhecida na comunidade da Ceilândia. Muitos professores e alunos já trabalharam as obras da poeta. Esse é um ponto de destaque”, afirma João Bosco Bezerra Bonfim, curador do evento e também autor participante. A escritora carioca, que vive em Brasília, tem também mais um encontro marcado com o público. No dia 16 de agosto, quinta-feira, às 19h30, ela apresenta a palestra Só por hoje, a poesia fala mais alto!
 Já o escritor Caio Riter, traz a rica experiência do Rio Grande do Sul, “que é de onde tiramos inspiração para a Jornada, pois eles têm programas com mais de 60 anos, com esse mesmo teor”, lembra João Bosco. Também do Rio Grande do Sul, mas com uma experiência em todo o Brasil, vem S. Lobo, quadrinista que já esteve à frente dos projetos editoriais mais premiados do Brasil. Nos dias 15 e 16, ele oferece a Oficina de roteiro e linguagem dos quadrinhos na Biblioteca Pública de Ceilândia. Também na biblioteca, os professores Alexandre Pilati e Eloisa Pilati realizam a Oficina: Poemática – Poesia e gramática em sala de aula.
A expectativa dos organizadores é superar a marca dos 12 mil alunos e 500 professora que estiveram presentes na Jornada de 2017, realizada no Gama. Para isso, contam com o apoio do SESC-DF. “Acertamos desde o ano passado essa parceria, para a realização do evento no Teatro do Sesc Newton Rossi, que consegue ser ainda mais acolhedor do que o do Gama, com um auditório mais amplo e mais salas para atividades, além do hall, para a exposição de livros”, explica João. A Jornada vem ao encontro dos propósitos da instituição, que já tem concursos locais e nacionais, que incentivam a leitura e a criação literária. “É um presente podermos contar com essa estrutura tão valiosa para a cultura”, completa
E a exemplo das edições anteriores, a Jornada já começou mobilizando as comunidades escolares de Ceilândia. No mês de junho, foram realizadas 10 oficinas de Mediação de Leitura com a participação de mais de 300 professores da região. Além de abordar de uma nova forma os livros presentes no conteúdo programático de ensino, os professores puderam, a partir das oficinas, levar para seus alunos os livros e autores que serão trabalhados no programa, garantindo assim que, no encontro com os autores, os estudantes possam compartilhar sentimentos e reflexões a respeito das obras lidas.
A prática já acumulada nas experiências de 2016 e 2017, no Paranoá, São Sebastião, Gama, Recanto das Emas e Santa Maria tem mostrado a necessidade de mediadores de leitura literária. “A leitura literária é a mais acessível de todas. Qualquer adulto, jovem ou criança pode – quando há disponibilidade – ler, sozinho, um bom livro de histórias ou de poemas. Mas será tão simples assim? Na nossa prática, temos visto a necessidade de um mediador. Por isso, o primeiro passo do projeto é a realização das oficinas de mediação de leitura”, afirma João Bosco.
Em seu terceiro ano de atuação, a Jornada Literária, por meio de suas ações, vem rendendo ótimos frutos, pois o incentivo da leitura só acontece com algo muito importante, a perseverança. O melhor que vejo é que a literatura sai de uma visão de obrigação escolar para o espaço da brincadeira, do jogo, da atividade prazerosa. Temos visto isso no Paranoá, São Sebastiao, Gama, enfim, em todas as cidades em que atuamos”, conclui o escritor e curador da Jornada Literária.
Serviço
3a Jornada Literária do Distrito Federal – Edição Ceilândia 2018
De 14 a 17 de agosto de 2018
Atividades pela manhã e à tarde
Teatro Newton Rossi, SESC Ceilândia (QNN 27  Área Especial S/N – Ceilândia Norte, Brasília – DF)
MAIS INFORMAÇÕES, PROGRAMAÇÃO E BIOGRAFIA DOS PARTICIPANTES: www.jornadaliterariadf.com.br/edicao2018

Atenção para a distribuição de turmas de escolas em regime semestral

Algumas escolas que funcionam em regime semestral – como CIL, Escola Técnica, escolas com EJA, entre outras – farão distribuição de carga horária nesta quinta-feira (26/7). Elas deverão seguir o procedimento de escolhas de turma do início do ano letivo, de acordo com a Portaria nº 388/2017.
Para ajudar neste momento, o Sinpro preparou um tira-dúvidas no início do semestre e que pode ser utilizado novamente agora.
O Sindicato destaca que a escolha de turma feita no meio do ano para essas escolas não regulariza a situação funcional de professores(as) que chegaram na unidade escolar em desacordo com a distribuição de turmas do início do ano. Isto é, a distribuição de turmas que determina o exercício definitivo na escola é a do início do ano letivo. Portanto, agora no meio do ano nenhum professor que participou da distribuição de turmas do início do ano, bloqueando turma, pode exceder na unidade escolar em função de algum(a) professor(a) que não participou dessa distribuição inicial de turmas.
Importante registrar que a pontuação, neste segundo semestre, será a mesma do primeiro semestre, segundo a SUGEP. Assim, as direções de escolas deverão observar a ata do início do ano; fechando a ata do segundo semestre e encaminhando-a pelo SIGEP.

Professor Florestan Fernandes completaria 98 anos de luta por um país melhor


No dia 22 de julho de 1920, nasceu Florestan Fernandes, um dos maiores intelectuais de esquerda do Brasil. Considerado o fundador da sociologia crítica no país. Fernandes realizou uma rica produção, que não ficou confinada ao ambiente acadêmico. 
“Um homem que deu a vida para construir um projeto socialista para o Brasil. Alguém que queria justiça social, liberdade, igualdade e, como ele acrescentava, felicidade.” Assim, o jornalista Vladimir Sacchetta define o sociólogo Florestan Fernandes, com quem tinha uma grande amizade, herdada de seu pai, Hermínio Sacchetta.
Para Sachetta,  um dos principais legados deixados pelo sociólogo foi a Escola Nacional Florestan Fernandes, criada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Guararema, fundada em 23 de janeiro de 2005, com o objetivo de oferecer educação, formação política e ideológica.
“Um pensador que vai sobreviver ao longo do tempo, sua obra é atual e transformadora”, diz o jornalista Vladimir Saccheta sobre Florestan ao Brasil de Fato, em 2015. 
Trajetória
De origem humilde, filho de mãe solteira que prestava serviços domésticos, Florestan, ainda criança, teve que abandonar os estudos para trabalhar. “Afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade”, dizia o sociólogo.
Retornou os estudos apenas aos 17, para concluir uma espécie de curso supletivo. Em 1941, com 21 anos, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, concluindo o curso de Ciências Sociais.
Em 1945, obteve seu título de mestre na Escola Livre de Sociologia e Política, com a dissertação “A organização social dos Tupinambá”. Em 1951 defendeu, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sua tese de doutorado “A função social da guerra na sociedade Tupinambá”, que posteriormente foi considerada um clássico da etnologia brasileira. Conquistou a cátedra de sociologia na USP em 1964.
Luta
Desde os anos 40, Florestan sempre esteve ligado aos movimentos populares, às organizações políticas de esquerda legais ou ilegais. “Ele era o meu guru, a minha referência na política, na ética de fazer a política. Ele era um socialista pleno. Foi uma convivência muito rica”, disse Vladimir Saccheta sobre a experiência na política que teve ao lado do sociólogo.
Florestan Fernandes foi exilado durante a Ditadura, quando retornou, em 1986, se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT). Exerceu o cargo de deputado federal por duas vezes, entre os anos de 1987 e 1995.
Para Sacchetta, Florestan Fernandes “está na mesma prateleira em que está o Caio Prado, o Sergio Buarque de Hollanda, o Antonio Cândido.”

Florestan Fernandes morreu em São Paulo, no dia 10 de agosto de 1995, vítima de problemas do fígado, depois de um transplante mal sucedido.
Conheça alguns dos livros escritos pelo sociólogo Florestan Fernandes
A função social da guerra na sociedade Tupinambá
A revolução burguesa no Brasil
Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina
Mudanças sociais no Brasil
O negro no mundo dos brancos 
O significado do protesto negro 
Que tipo de república? 
Florestan Fernandes e seus diálogos intelectuais 
Fonte: Brasil de Fato

“O círculo em sala de aula impede que os alunos fiquem invisíveis”

Questiono o currículo de História diariamente. Não consigo conceber que os meus alunos aprendam as mesmas coisas e do mesmo modo que eu aprendi há mais de vinte anos, quando eu também era aluna do Ensino Fundamental.
Não consigo conceber que os conteúdos sejam ministrados sem haver qualquer relação com o tempo presente e com a realidade na qual eles vivem. Além disso, é inaceitável que o currículo seja estruturado apenas pelo pensamento europeu e estadunidense. O mundo é grande e diverso demais. Negros, indígenas e demais povos também devem protagonizar os saberes difundidos pela escola.
Nesse ano resolvi questionar a organização da sala de aula. Comecei a refletir se as carteiras enfileiradas não contribuíam para a falta de atenção e interesse das turmas. Desse modo, perguntei aos meus alunos se eles sabiam que as salas são iguais há mais de um século. Não houve respostas para a minha pergunta. Perplexos, eles pareciam não entender o que eu disse.
Perguntei mais uma vez. Finalmente ouvi uma resposta:
– Se a sala é a mesma há mais de cem anos, então está na hora de mudar! – Afirmou o Marcos.
Mudar. É o que estamos tentando fazer desde fevereiro. Propus aos alunos que durante as aulas expositivas eles sentassem em círculo. Propus também que as atividades fossem feitas em duplas ou grupos. A organização “tradicional” da sala permaneceria nos dias de provas individuais.
Inicialmente, não foi muito fácil. Meu coração gelava ao pensar que as mesas e cadeiras sairiam do lugar para a formação de um círculo.
– Por favor! Não joguem a sala no chão! – Eu dizia sempre.
Já não temo que ocorra um terremoto na sala cada vez que precisamos formar um círculo. Em alguns minutos ele está redondinho. Os alunos cobram aulas nesse formato:
– Professora, nós vamos sentar em círculo hoje?
Sim. Sentamos em círculo hoje. Partindo do Iluminismo, discutimos sobre intolerância religiosa, o que me deixou muito feliz. Trabalho em um território no qual 80% das crianças e dos adolescentes frequentam igrejas denominadas evangélicas. Infelizmente, pastores neopetencostais têm sido responsáveis pela disseminação do ódio contra as religiões de matriz africana.
Penso que esse debate só foi possível porque estabelecemos uma relação de confiança. Eles sabem que ao organizar um círculo não estou ali para impor minha opinião, mas para orientar, ouvir, refletir. Eles sabem que o meu maior interesse é colaborar para a construção de um mundo em que nenhum tipo de preconceito ou discriminação seja tolerado. Eles sabem que estou ali para dividir o que sei e o que vivi.
Ao adotar diferentes formas de organização da sala de aula, tenho percebido um maior interesse por parte dos alunos em relação às atividades ministradas. Atividades realizadas em dupla e em grupo na maioria das vezes são feitas com mais entusiasmo. O círculo impede que “os alunos fiquem invisíveis”. Todos têm o direito de falar e de ser ouvido.
O círculo tem contribuído para o processo de inclusão dos alunos excluídos em função de suas deficiências. Durante o debate, Miguel, que tem deficiência intelectual, pediu para conduzir a leitura. Foi uma surpresa para todos nós. Em três anos, ele jamais havia participado da aula.
Miguel leu no tempo dele. Sem qualquer interrupção dos colegas. Fiquei olhando. Tentando me conter. Ao ler, ele estava me dizendo que se sentia incluído através da nova organização da sala . Ele estava dizendo que tinha vontade de participar, mas recalcava esse desejo ao se esconder atrás dos colegas no formato tradicional da sala. Quando propus as aulas em círculo, jamais imaginei isso. Daí a minha emoção.
Ao final da aula, Miguel me disse:
– Professora, toda vez que for para ler, a senhora pode me chamar!
Dei um longo abraço no Miguel. Disse o quanto estava feliz e orgulhosa!
– Pode deixar, Miguel! Toda vez que for para ler, vou te chamar! – Respondi.
Deixei a escola pensando no quanto pequenas mudanças podem desencadear transformações significativas. Para os meus alunos e para mim também.
Pode parecer uma incoerência falar das minhas alegrias enquanto professora num momento em que a educação pública desse país está sendo completamente destruída. Em todos os níveis. Cotidianamente, nós professores sofremos com os baixos salários e com a precarização do nosso trabalho.
Acontece que entrar na sala de aula e com o apoio dos meus alunos tentar fazer dela uma “comunidade de aprendizado entusiasmada” é a forma que encontro de resistir a todo horror que nos cerca.
Luana Tolentino é mestra em Educação pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e professora de História da rede estadual de educação de Minas Gerais.
(da Carta Educação)

Quatro meses após execução, sigilo policial preocupa família de Mariellle

Quatro meses após a execução da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista do partido, Anderson Gomes, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro mantém sigilo total. Não há divulgação de informações oficiais sobre as investigações e os delegados envolvidos no caso estão proibidos de dar entrevistas.

Segundo informações de uma fonte próxima à Marielle, o delegado Fábio Barucke – um dos que trabalham no caso – teria comentado em uma recente conversa com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), amigo da vereadora, que a investigação do caso é “a mais complicada da história deles no Rio”, pelo fato de atingir uma parlamentar e pelo “nível profissional” do crime.

Apesar disso, o silêncio da polícia tem preocupado familiares e pessoas próximas à vereadora e seu motorista. “Ficamos tão apreensivos quanto todo mundo”, disse Anielle Silva, irmã de Marielle. Segundo ela, a família foi chamada algumas vezes pela polícia “para mostrar que estão trabalhando”.

O contato se dá principalmente por ligações do chefe do órgão, Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior. No entanto, eles não têm acesso a detalhes das investigações. “Sinceramente, em alguns momentos parece que tem alguém muito grande [envolvido no crime] ou que eles [policiais] estão perdidos. Não tem um meio termo”, afirmou Anielle.

Os parentes mais próximos de Marielle – seus pais, Anielle, e Luyara, filha da vereadora – não acreditam que possam ser alvo de atos de violência. Ainda assim a família desacelerou a rotina, dentro do possível, por precaução. Desde a morte, passaram por “situações esquisitas”.

Um homem abordou Anielle na rua e disse para ela tomar cuidado com quem falava. Além disso, em pelo menos duas ocasiões, carros desconhecidos estacionaram na porta da casa onde a família mora, na zona norte do Rio. A polícia não ofereceu serviços de segurança aos parentes.

A viúva de Anderson Gomes, a servidora pública Agatha Reis, também disse estar preocupada. Ela está sem contato com a polícia desde o mês passado e não chegou a falar diretamente com os investigadores. Tratou somente com as atendentes da delegacia.

Ela diz que o sigilo “é uma faca de dois gumes” e que com frequência questiona se ele é de fato útil. Como Anielle, ela se informa dos desdobramentos do caso pela imprensa do Rio. “Minha rotina de manhã é procurar alguma coisa que saiu na internet”, afirmou.

Agatha conta já ter ouvido mais de uma vez que a morte do marido já estaria “resolvida”, uma vez que a única motivação do seu assassinato seria “estar no lugar errado, na hora errada”, em contraste com a de Marielle, que ainda está em aberto.

Ela também classificou como “ofensivo” não ter sido convidada a duas mobilizações, organizadas pela ONG Anistia Internacional, para exigir justiça.

Mídia
Os desdobramentos recentes da investigação têm vindo a público principalmente pela imprensa carioca, especialmente pelo jornal O Globo, que teve acesso a depoimentos de testemunhas do caso.

Segundo o jornal, o principal interessado na morte de Marielle seria o miliciano Orlando de Curicica, preso desde outubro do ano passado por porte ilegal de arma.

Ele estaria incomodado com a atuação da vereadora em “questões fundiárias” numa região dominada por sua milícia, na Zona Oeste da cidade. Conforme CartaCapital apurou, no entanto, a atuação de Marielle na região se resumiu a três eventos pontuais durante o seu mandato.

Orlando teria mandado Ruy Ribeiro Bastos, seu subordinado, matar Carlos Alexandre Pereira Maia. Conhecido como Alexandre Cabeça, ele trabalhava como assessor informal do vereador Marcello Siciliano (PHS) – cuja base eleitoral, por sua vez, também se concentra na Zona Oeste carioca. Segundo o depoimento da testemunha, a morte de Cabeça foi uma queima de arquivo ligada à execução de Marielle.

“O feeling do jornalista investigativo voltou com o caso da Marielle”, comentou Renata Souza, chefe de gabinete da vereadora. “Soltaram tudo no início, e isso prejudicou a segurança da investigação. Então deram uma silenciada total.”

Como a família, ela também diz “não ter ideia do que está acontecendo” na investigação. “Quem tinha que ser ouvido já foi ouvido. Não dá para que uma cortina de fumaça se apresente como solução do caso.”

Contatada por telefone, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro ressaltou sua política de sigilo, indicou que as investigações seguem e negou entrevista com os delegados que atuam no caso.

(da Carta Capital)

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