A democracia risonha e franca da PGR Raquel Dodge, por Luis Nassif

Cena 1 – de onde nada se espera
Nos últimos dias, o dito comum “de onde nada se espera, nada vem” foi desmentido.
Em Londres, a Procuradora Geral da República Raquel Dodge, de quem se esperava algo, dizia, sobre a democracia brasileira: “O Brasil experimenta o período de mais longa estabilidade institucional e democrática desde a proclamação da República. As instituições brasileiras estão funcionando bem. Há uma fundamentação que é contestável e a possibilidade dessa contestação tem sido livremente garantida e exercida no Brasil”, disse (https://goo.gl/dGFqE20). Em Davos, Michel Temer ensaiava o dueto: “As instituições no Brasil estão funcionando e isso aumenta a confiança no Brasil”.
Segundo a grande pensadora política Raquel Dodge, democracia é o direito que todos têm de espernear contra as decisões que são tomadas por poucos, contra o direito de todos de escolher. Depois de um Rodrigo Janot, o MPF não merecia uma chefia tão anódina. Ou será que merece?
Em Brasília, o Ministro da Justiça Torquato Jardim, de quem não se esperava nada – menos pela biografia, mais por ser Ministro de Temer – suspendeu a promoção da delegada Érika Merena. Inocentada por um inquérito camarada da Polícia Federal para apurar abusos cometidos no caso da Universidade Federal de Santa Catarina. Exigiu que seja ouvida a família do Reitor Luiz Carlos Cancellier, levado ao suicídio pela truculência da delegada. Mais que isso, ordenou à Polícia Federal que não seja tomada nenhuma medida contra o ex-presidente Lula até que o caso chegue ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Coloque-se uma figura pública em uma sinuca. Estar em Londres, representar o Brasil, não poder falar contra as instituições, mas não poder ignorar as perguntas sobre impeachment e sobre o julgamento de Lula; principalmente, não ignorar a enxurrada de críticas da comunidade jurídica institucional à partidarização do Poder Judiciário.
Pela resposta encontrada, avalia-se o grau de esperteza ou a dimensão política da pessoa. Raquel Dodge mostra, com sua resposta, a razão de se encaramujar e se encolher no cargo: não sabe o que dizer e como se comportar.
Cena 2 – os componentes do Estado de Exceção
Vamos ver na prática como funciona a democracia enaltecida pela doutora  Raquel Dodge.
Na Papuda, o juiz Ademar Vasconcellos quase provocou a morte de José Genoíno, por recusar atendimento médico em uma crise cardíaca. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou seu descaso. Louve-se o procurador que tomou a iniciativa. Mas foi exceção.
No Rio de Janeiro, mais de três dezenas de funcionários de carreira do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) foram conduzidos coercitivamente à Polícia Federal, tiveram bens bloqueados, equipamentos apreendidos, foram expostos em todas as redes de TV sem o menor sinal de culpa apurada. Os autores da façanha foram o juiz Ricardo Leite e o procurador da República do Distrito Federal Anselmo Lopes, com interpretações imbecis sobre financiamento à exportação e diplomacia comercial.
Em Brasília, o juiz Almir Costa de Oliveira autorizou a Polícia Civil a aplicar corretivos, ou seja, métodos de tortura, em menores de idade.
Em Florianópolis, 120 policiais da PF de todo o Brasil foram convocados para conduzir coercitivamente seis professores da Universidade Federal de Santa Catarina, impondo humilhações que acabaram provocando o suicídio do reitar Luiz Cancillier. Responsáveis: a juíza federal Janaína Machado e a delegada da PF Érika Merena. O abuso foi avalizado pelo procurador da República. Um inquérito interno da PF concluiu que a colega Erika seguiu os manuais e liberou sua promoção. Que foi suspensa pelo Ministro Jardim. A PGR não se preocupou em apurar os abusos cometidos.
Por conta da total impunidade do movimento anterior, a PF voltou a invadir um campus universitário, desta vez a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apesar da posição contrária de um procurador da República corajoso. Os responsáveis: a juíza Rachel Alves de Lima e o delegado da PF Leopoldo Lacerda. As prerrogativas das universidades foram ignoradas pela PGR.
Antes disso, a Polícia Civil de São Paulo invadiu a Escola Florestan Fernandes, do MST, aterrorizou crianças e velhos. O responsável foi o delegado Adriano Chohfi, do Paraná, que seguiu incólume.
No Rio de Janeiro, a Polícia Federal atende a uma ordem do juiz Sérgio Moro e conduz o ex-governador Sérgio Cabral com algemas e correntes no pé. Há um alarido, seguido de um jogo de cena: o juiz pede explicações ao responsável pela operação – Delegado da Lava Jato Igor de Paula -, o delegado dá uma explicação qualquer. E fica tudo por isso mesmo. Não se ouve um pio da PGR.
Antes disso, em São Paulo, 18 rapazes e moças resolvem espernear contra o golpe do impeachment. Um militar infiltrado leva-os a uma armadilha. Agora, os 18 estão sendo processados. Responsáveis: a juíza Cecília Pinheiro da Fonseca e o promotor estadual Fernando Albuquerque. Os bravos Procuradores da República que acorreram em defesa dos meninos, quando levados para a delegacia em uma verdadeira operação militar, foram admoestados pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), por invadir a competência dos colegas paulistas, em defesa da integridade de jovens do outro lado. E nenhuma defesa da parte da PGR.
O Instituto Lula é sumariamente fechado pela decisão dos mesmos juiz Ricardo Leite e procurador Anselmo Lopes.
Em São Bernardo do Campo, o Museu do Trabalhador é criminalizado porque, em determinado momento, foi taxado de Museu de Lula.
Agora, a Justiça tenta proibir palestra de Lula no exterior, exigindo seu passaporte devido à sentença no TRF4, mesmo não tendo nenhuma relação nem com o processo nem com o TRF4. Os responsáveis são os de sempre: juiz Ricardo Leite e procurador Anselmo Lopes, indicando atitude persecutória.
A PGR não vai se pronunciar nem agora, nem quando os grandes temas civilizatórios chegarem ao STF (Supremo Tribunal Federal). Enfim, uma escolha à altura da dimensão de Michel Temer.
Cena 3 – a síndrome do guarda da porta do presídio
O que ocorre hoje, no Brasil, é a disseminação do Estado de Exceção através da atuação, na ponta, de juízes e procuradores, convalidade pelos esbirros de autoritários e pela timidez dos legalistas. Trata-se de uma lógica conhecida, especialmente em períodos ditatoriais.
Quebram-se os limites de atuação dos poderes. Há uma invasão de um poder por outro – apesar do país da doutora Raquel não ter dessas coisas.
Na base, os abusos são estimulados pela falta de liderança e de comando da ponta. Jovens juízes, jovens procuradores, bem remunerados, podendo ser o poder de fato na sua comunidade, é uma fórmula que tende a pegar os imaturos e a se espalhar pelas respectivas corporações.
Consolida-se a imagem do juiz punitivo, o sujeito que condena em qualquer circunstância. Cria-se a ideologia de que os grandes crimes nascem dos pequenos. E toca a punir o roubo insignificante, a criminalizar a energia política do jovem, a perseguir as ideias contrárias. Nesses tempos de opinionismo desvairado na Internet, toca a definir o que pode ou não pode em recintos públicos. E, nos quatro cantos do país, a disseminar a imagem do juiz e do procurador que, antes de respeitados, precisam ser temidos.
É um quadro dantesco, que inibe os maduros, os que têm consciência dos limites de sua atuação, expondo qualquer cidadão ao arbítrio de um poder sem referências. Porque a referência do Judiciário é uma Ministra que fala e não diz; e do MPF, uma PGR que nada fala, nada diz.
PS – O desembargador Vitor Laus, filho de preso político, foi o autor da acusação mais circular do julgamento: “Quem responde por crime tem que ter participado dele. E, para ter participado dele, alguma coisa errada ele fez”. É a lógica jurídica que impera no reino de fantasia da doutora Raquel.
(do Luis Nassif Online)

Matrículas nos CILs para novos alunos vão até sexta (26)

As matrículas nos 16 Centros Interescolares de Línguas (CILs) de Brasíliacomeçaram nesta segunda (22) e podem ser feitas até sexta-feira (26). O período é para novos alunos.
Os interessados devem comparecer à unidade em que se inscreveram e levar os seguintes documentos:

  • carteira de identidade (RG)
  • cadastro de pessoas físicas (CPF)
  • comprovante de residência
  • comprovante de escolaridade
  • 2 fotos 3×4

Caso o estudante não se matricule, a vaga ficará para a segunda chamada, prevista para 2 de fevereiro, com efetivação de 5 a 7 do mesmo mês.
Depois disso, as vagas remanescentes serão abertas para a comunidade. Interessados deverão fazer as inscrições pelo site a partir de 8 de fevereiro.
As aulas terão início no dia 15, e a previsão é que seja mantida a quantidade de cerca de 40 mil estudantes em todos os CILs de Brasília.
O resultado da matrícula foi divulgado na sexta-feira (19) no site da secretaria.
CILs oferecem japonês em 5 unidades
Os CILs são centros especializados na aprendizagem de língua estrangeira, vinculados à rede pública de ensino do DF, por meio da Secretaria de Educação.
São oferecidos cursos de inglês, espanhol, francês e japonês — este último apenas nas unidades de Ceilândia, do Gama, do Recanto das Emas, de Sobradinho e de Taguatinga.

Matrículas nos CILs para alunos novos
Até 26 de janeiro (sexta-feira)
Diretamente nos centros interescolares de línguas (veja os endereços abaixo)
Das 8 às 11h30 e das 14 às 17 horas
CILs do Distrito Federal Endereços e telefones
Asa Norte SHCGN 711, Área Especial s/n
(61) 3901-4359
Asa Sul SGAS 907/908, Módulo 25/26
(61) 3901-7613 e 3901-7619
Brazlândia Quadra 2, Área Especial 7
(61) 3901-3671 e 3901-6630
Ceilândia QNM 13, Área Especial (Ceilândia Sul)
(61) 3373-2923 e 3901-3746
Gama Setor Central, Praça 2, Entrequadras 16/18, AE
(61) 3901-8111 e 3901-8053
Guará QE 7, Lote AE
(61) 3901-3697, 3381-6123 e 3901-4436
Núcleo Bandeirante Setor Tradicional, CEMNB, 3ª Avenida, AE 4, Praça Oficial 4/2
(61) 3386-4079
Paranoá DF-250, km 3, Região dos Lagos, Sítio Rosas
(61) 3901-7548
Planaltina Setor Residencial Leste, Quadras 3 e 4, Lote H
(61) 3901-4628
Recanto das Emas Avenida Monjolo, Quadra 306, Área Especial
(61) 3332-5260
Riacho Fundo II QN 14, Conjunto D, Lote A
(61) 3901-8043
Samambaia QN 407, Bloco G, Samambaia Norte
(61) 3083-5005
Santa Maria CL 114, Conjunto D, 4º andar, Santa Maria Shopping
(61) 3901-6597
São Sebastião Quadra 11, Área Reservada 1
(61) 3901-4099 e 3901-4096
Sobradinho Setor Tradicional, Rua 1, nº 101, CEF Cerâmica São Paulo
(61) 3901-7702
Taguatinga QSB 2, Área Especial 3/4
(61) 3901-6771 e 3351-1283

Matrículas para vagas remanescentes na rede pública começam terça (23)

As escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal que têm vagas remanescentes divulgarão a quantidade disponível na segunda-feira (22/1), a partir das 17h.
Os cartazes com os números restantes serão afixados nos colégios. Caso não consiga a vaga na unidade pretendida, o interessado deve procurar outra.
O processo é destinado à educação infantil e aos ensinos fundamental e médio. Na terça-feira (23), ocorre a efetivação das matrículas nas vagas remanescentes, que serão preenchidas por ordem de chegada, sujeita à disponibilidade.
É necessário levar documentos de identificação do responsável e do estudante, declaração de escolaridade do aluno, comprovante de residência e duas fotos 3×4.
As vagas remanescentes são abertas depois que os inscritos pelo telematrícula não compareceram à escola para confirmar a matrícula no prazo de 8 a 18 de janeiro.

Abertas as inscrições para o Fórum Social Mundial 2018


As inscrições para o Fórum Social Mundial 2018 (FSM 2018) já estão abertas no site www.fsm2018.org. Os interessados podem se inscrever nas modalidades: Participante, Comitê e Grupo de Trabalho, Entidade, Atividades, Inscrições Solidárias e Casos Especiais. O prazo para as inscrições vai até o dia 20 de fevereiro de 2018, com exceção para as inscrições de participantes e de organizações que podem ser feitas online, até o dia 10 de março, e no local durante o evento.
O FSM 2018 será realizado entre os dias 13 e 17 de março e terá como território principal o Campus de Ondina, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas outros espaços de Salvador também abrigarão atividades do evento. Do Parque do Abaeté, em Itapuã, ao Parque São Bartolomeu, no subúrbio, vários locais se tornarão territórios de diálogo e convergência do Fórum.
Apenas coletivos ou organizações podem inscrever Atividades que farão parte da programação do Fórum, e que serão autogestionadas. Ou seja, as organizações devem ficar responsáveis por definir os nomes de palestrantes e suas presenças em Salvador, por meios próprios e seu formato das atividades. Já a organização do FSM 2018 garantirá o espaço para a realização da atividade proposta e divulgação da mesma na programação no site do Fórum.
Resultado de um longo processo de diálogo no Coletivo Brasileiro e consultas nacionais e internacionais, as Atividades poderão ser inscritas a partir de 19 eixos temáticos, que vão da “Comunicação e Mídia Livre”, passando por “Migrações” e “Vidas Negras Importam”.
Para a edição do FSM 2018, a novidade é unir aos eixos, lemas e bandeiras com o intuito de contribuir ao processo de mobilização e articulação das resistências entre si, que são abertos e podem ser propostos por redes, plataformas, organizações e movimentos sociais. Alguns lemas já sugeridos em consultas feitas no site do Fórum são: “A vida não é mercadoria”, “Nada sobre nós, sem nós”, “Cidadania sem Fronteiras”, entre outros.
Os eixos temáticos do FSM 2018 são:
Ancestralidade, Terra e Territorialidade;
Comunicação, Tecnologias e Mídias livres;
Culturas de Resistências;
Democracias;
Democratização da Economia;
Desenvolvimento, Justiça Social e Ambiental;
Direito à Cidade;
Direitos Humanos;
Educação e Ciência, para Emancipação e Soberania dos Povos;
Feminismos e Luta das Mulheres;
Futuro do FSM;
LGBTQI+ e Diversidade de Gênero;
Lutas Anticoloniais;
Migrações;
Mundo do Trabalho;
Um Mundo sem Racismo, Intolerância e Xenofobia;
Paz e Solidariedade;
Povos Indígenas;
Vida Negras Importam.
Acesse a programação: https://wsf2018.org/todas-atividades/
Fonte: CNTE

CPI confirma: Previdência não precisa da reforma de Temer


A Previdência Social, tão atacada pelo governo ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP), é superavitária. O discurso do atual governo golpista de que a Previdência está quebrada e que em pouco tempo não haverá mais dinheiro para pagar os aposentados e pensionistas é mentira. O problema da Previdência é de gestão, má administração, anistias, sonegação, desvios e roubalheira.
As constatações acima fazem parte dos resultados dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou, entre abril e outubro de 2017, as contas da Previdência Social brasileira e detectou que a reforma proposta por Temer tem a intenção, na verdade, de privatizar o sistema e não de melhorá-lo. Foram realizadas 31 audiências públicas, em que foram ouvidos 144 especialistas, entre eles auditores, professores, juristas, sindicalistas, empresários, senadores e deputados.
Os números consolidados pela CPI comprovam que a Previdência é superavitária: entre 2000 e 2015, o superávit foi de R$ 821,7 bilhões. Em contrapartida, nos últimos 15 anos, a Previdência deixou de arrecadar mais de R$ 4,7 trilhões com desvios, sonegações e dívidas.
Para o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, está mais do que comprovado que a reforma da Previdência, que praticamente acaba com o direito à aposentadoria e prejudica, sobretudo, a população mais pobre, é desnecessária.
 “Essa reforma é um verdadeiro desmonte da Previdência Social pública e para todos. Ela só interessa ao setor financeiro, aos bancos e às empresas de previdência privada, que financiaram o golpe e agora esperam do governo o pagamento da dívida”, denuncia Vagner.
Segundo ele, os dados do relatório da CPI da Previdência reforçam o motivo pelo qual o governo ainda não tem os votos para aprovar a reforma. A nova data apontada pelo Planalto para tentar colocar a proposta em pauta na Câmara dos Deputados é o dia 19 de fevereiro. “Mas não vão conseguir, pois terá resistência”, avisa o presidente da CUT.
“Além disso, a opinião pública começou a entender que não vai conseguir se aposentar, que não se trata de reforma, mas de um desmonte, um golpe aos direitos da classe trabalhadora. E os deputados não ousarão votar retirada de direitos, especialmente em um ano de eleição”, avalia o presidente da CUT.
Para Vagner, essa reforma “é pura e simples negociata”, não resolve os verdadeiros problemas, que, segundo ele, “são as fraudes, as sonegações e as negociatas do governo para perdoar a maior parte das dívidas das empresas devedoras à Previdência”.
Fraudes e sonegações
O Tribunal de Contas da União (TCU) estima que o Brasil perde cerca de R$ 56 bilhões por ano em fraudes e sonegações. A CPI da Previdência constatou que esse número pode ser ainda maior e chegar aos R$ 115 bilhões.
Segundo estudo apresentado à CPI, boa parte das sonegações que afetam o caixa da Previdência decorre da falta de registro em carteira assinada de trabalhadores assalariados. Somente em 2014, R$ 41 bilhões deixaram de ser arrecadados.
Outra forma de desvio detectada pela CPI foi a apropriação indevida por parte dos empregadores, que cobram dos trabalhadores o desconto do INSS e não repassam esse valor à Previdência. Somente nos últimos quatro anos, a Previdência deixou de arrecadar R$ 125 bilhões por causa da apropriação indébita.
“Essa malandragem de parte do empresariado brasileiro nós, sindicalistas, conhecemos bem, pois já cansamos de acompanhar situações em que o trabalhador só descobre que sua Previdência não estava sendo paga quando vai se aposentar”, comenta Vagner.
A Desvinculação de Receitas da União (DRU), as políticas de desonerações e os programas de refinanciamento de dívidas são outros problemas que geram perda de recursos à Previdência identificados pela CPI e denunciados pela CUT há anos.
Somente a DRU – que é um mecanismo que permite ao governo federal usar 30% do dinheiro dos impostos federais vinculados por lei a fundos e despesas obrigatórias, como saúde e educação – retirou da Previdência, entre 2000 e 2015, R$ 614,9 bilhões. Atualizado pela taxa Selic, esse valor chegaria hoje a R$ 1,4 trilhão.
Já com o Refis, o programa do governo para parcelar dívidas tributárias, como é o caso dos 426 bilhões devidos por empresas ao INSS, entre elas o Bradesco, Caixa, JBS e Vale, são perdidos cerca de R$ 21,5 bilhões por ano de arrecadação espontânea das contribuições previdenciárias. Com a Medida Provisória 783/2017 sancionada pelo golpista Temer, que prorrogou o prazo para o financiamento da dívida, o custo para os cofres da Previdência será de R$ 543 bilhões. 
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, o dinheiro arrecadado pela Previdência é para beneficiar os trabalhadores que contribuíram durante anos e que, após muita luta e suor, sonham em aproveitar o seu digno direito à aposentadoria e garantir o seu sustento e o de sua família até o final da vida.
“Por isso o dinheiro da Previdência não é para ser desviado”, acrescenta, referindo-se ao fato de que a CUT, há anos, apresenta propostas para resolver os problemas da Previdência. Entre elas, estão: 1) acabar com a DRU, que desvia recursos para pagar juros aos bancos; 2) cobrar os devedores e combater a fraude e a sonegação, com aumento da fiscalização; 3) formalização do emprego com carteira assinada; 4) alterar a forma como são cobrados os impostos no Brasil, passando a tributar as grandes fortunas, as heranças, os iates, os lucros e dividendos dos acionistas de grandes empresas.
– Confira aqui a cartilha “CPI da Previdência: Ousadia e Verdade”, com os principais dados da CPI
 Acesse aqui a íntegra do relatório final da CPI da Previdência
– Confira também a cartilha da CUT “Previdência: seu direito está em risco”
Fonte: CUT Nacional

Palestina: o rosto viral de Ahed Tamimi

Bassem Tamimi reabastece o fogão com carvão e faz mais café para os jornalistas que estão em sua casa, na pequena cidade de Nabi Saleh, na Cisjordânia. Todos ali têm o hábito do café. E todos têm direito a um afetuoso “habibi” (meu amor, meu querido em árabe), quer estejam aqui pela primeira ou pela vigésima vez. Na segunda-feira, ele voltaria ao Tribunal Militar de Ofer para comparecer à audiência que iria decidir se liberaria sua filha Ahed. Infelizmente, a audiência foi adiada e a adolescente, que ainda não sabe a data de seu julgamento, passará pelo menos mais uma semana na cela. No dia 19 de dezembro, ela foi presa às 4 da manhã por soldados que a tiraram de dentro de seu quarto com paredes cor-de-rosa cobertas com adesivos velhos do personagem Bob Esponja.

Quatro dias antes, Ahed Tamimi, 16 anos, havia insultado dois soldados israelenses que ocupavam o pátio de sua casa para desalojar atiradores de pedras, antes de chutarem e darem um tapa em um deles. Tudo sob os olhos de sua prima, Nour, 20 anos, e diante da câmera do telefone de sua mãe, Nariman, que transmitiu a briga ao vivo nas redes sociais. Desde então, o vídeo tornou-se viral e a imagem de Ahed, queixo erguido e cabeleira loira, tomou desde os muros da Cisjordânia às paradas de ônibus de Londres. Nour foi liberada sob fiança na sexta-feira, mas Nariman ainda está detida.

Ahed Tamimi não se tornou um símbolo agora. Já o era antes deste vídeo e, se há uma coisa em que palestinos e israelenses concordam, é que ela foi criada para isso. Para ser uma resistente, uma “lutadora pela liberdade”, como seu pai diz, com orgulho. Para ser uma “provocadora”, uma “atriz”, ridicularizam os israelenses. Já faz quase dez anos que Ahed participa das manifestações semanais organizadas por seu pai. Na sexta-feira após a prece, dezenas de moradores desta cidadezinha palestina de cerca de 600 habitantes, muitas vezes acompanhados por ativistas e jornalistas estrangeiros, marcham até um riacho do outro lado da estrada, onde fica a rica colônia de Halamish, com suas orgulhosas bandeiras com a estrela de David, seu arame farpado e seus loteamentos organizadinhos, ao estilo americano. Os moradores, que têm, há gerações, o hábito de tomar banho no riacho, lutam contra o desvio da fonte pelos colonos que, aos poucos, bloquearam o acesso ao riacho, transformando-o numa espécie de praia privada. Nas duas entradas da cidade foram instaladas duas pesadas barreiras de metal, de modo que o exército, posicionado em uma base próxima, controle o acesso em dias de manifestação, que termina sistematicamente em confrontos mais ou menos violentos. Nos dias bons, os militares bloqueiam a estrada e atiram as granadas ensurdecedoras e gases lacrimogêneos; nos ruins, atiram com balas de borracha. As crianças do vilarejo, os chebab, tentam expulsar os soldados atirando pedras seguindo táticas elaboradas durante a semana. Em oito anos, quase um em cada seis moradores foi preso. Os colonos, por sua vez, reclamam do cheiro do gás.
“Pallywood”
Os Tamimi filmam tudo: abusos, insultos, lesões. O tio de Ahed fundou uma agência de informação com o nome do clã, Tamimi Press. O ritual deu uma aura internacional a Nabi Saleh, que se tornou, no imaginário pró-Palestina, uma espécie de aldeia de Asterix combatendo quase sozinha a ocupação com abnegação e não-violência. Bassem Tamimi repete aos jornalistas: se uma terceira intifada acontecer, ele vai partir. Os israelenses, por sua vez, veem o lugarejo como a sede do que eles chamam, de forma depreciativa, de “Pallywood”, um teatro de provocação que utilizaria crianças como bucha de canhão por alguns cliques. Uma visão que beira a teoria da conspiração, retomada pelas altas autoridades israelenses. “A família Tamimi, que talvez nem seja uma família de verdade, veste crianças com roupas americanas e paga-lhes para provocar tropas da IDF [Israel Defence Forces] em frente às câmeras. Este uso cruel e cínico de crianças é um maltrato!”, ousou escrever no Twitter Michael Oren, ex-embaixador israelense em Washington e Secretário de Estado da Diplomacia.
Bassem Tamimi, por sua vez, assume sua estratégia, com frases de efeito que o ativista de longa data do Fatah teve tempo de aprimorar durante décadas de ativismo que lhe valeu quatro anos nas prisões israelenses por envolvimento na luta armada. No passado, membros do clã Tamimi também participaram de atos terroristas. “Hoje, a câmera é a arma mais poderosa e mais eficaz para a luta”, teoriza o pai da família. “Ela nos dá poder moral sobre o poder material de nosso inimigo. Os israelenses estão com raiva porque não podem mais monopolizar a mídia. Existem as redes sociais. Filmamos tudo, podemos provar tudo. Se eles querem dizer que é cinema, não me importo, não estou nem aí para suas análises”.
Regularmente, uma imagem particularmente edificante das sextas-feiras em Nabi Saleh dá a volta ao mundo. E Ahed sempre se destaca. Em 2012, vimos Ahed, ainda uma menina de 11 anos, frágil, mas impetuosa, de punho erguido diante de um soldado, ameaçando “explodir a cabeça” dele. O chefe de estado turco, Recep Tayyip Erdogan, até lhe ofereceu uma recepção bastante oficial e um iphone novo para continuar filmando. Os israelenses a batizaram de “Shirley Temper” – trocadilho que combina “gênio forte” em inglês com uma referência à estrela infantil de Hollywood Shirley Temple. Três anos depois, Ahed foi vista com uma camiseta cor-de-rosa com uma imagem do Piu-piu da Warner Bros, mordendo o pulso um soldado que tentava imobilizar seu irmão mais novo. Desta vez, a foto fez com ela fosse recebida presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas – na ocasião, Ahed vestiu um macacão camuflado. Bassem Tamimi está ciente e joga com o fato de a aparência de sua filha mexer com a opinião pública internacional. Seus cachos loucos, a ausência de véu, suas roupas adolescentes, sua melancolia revoltada bem millenial: como observou um colunista israelense, se cruzássemos com ela no shopping, ela não chamaria atenção. “Quando veem Ahed, os ocidentais, em sua maioria racistas, veem sua própria filha”, diz o patriarca dos Tamimi. “A oprimida é branco. Isso quebra o estereótipo do palestino de pele escura, que é um terrorista com uma arma na mão. Isso os perturba”.

Do lado israelense, foi um gesto, a bofetada humilhante, que perturbou a opinião pública. No vídeo, os soldados não se mexem para evitar uma escalada. “Eles nem a prenderam naquele dia, sequer escreveram um relatório”, diz Gaby Lasky, advogada de Ahed Tamimi. “Ela foi presa quatro dias depois, após o vídeo ter viralizado e os políticos interferirem”. Em um primeiro momento, os comentaristas israelenses elogiaram a fleuma dos militares, nova prova da “moralidade” do exército israelense. Mas rapidamente, os líderes da direita nacionalista se fizeram ouvir. Na rádio do exército, Naftali Bennett, ministro da Educação e líder dos ultranacionalistas do Lar Judaico, fez um apelo para que Ahed e sua prima “terminem seu dias na prisão”. O deputado do Likud Oren Hazan, conhecido por seu destempero, elogiou os soldados por seu “controle”, acrescentando que, em seu lugar, “teria enviado essas pequenas terroristas para o hospital mais próximo”, antes de se dizer “humilhado” pela liderança militar que não deixa os soldados “mostrarem quem é o verdadeiro dono da casa”.

Na televisão israelense, há um debate sem fim sobre como calar os Tamimi de uma vez por todas. Os excessos culminam em um editorial do diário Maariv, onde o famoso colunista Ben Caspit estima que “no caso das meninas, deveríamos fazê-las pagar, na próxima oportunidade, no escuro, sem testemunhas ou câmeras”. Uma sugestão interpretada como um apelo ao estupro por uma parte da esquerda israelense.

“Nenhuma tolerância”
“Em vez de um debate sobre a ocupação, a verdadeira causa por trás de tudo isso, o assunto nacional se limita à melhor forma de lidar com uma adolescente”, diz Hagai El-Ad. Para o diretor da organização B’Tselem, o caso mostra que não há mais “nenhuma tolerância com a resistência palestina. É quase uma piada: se um palestino filma uma manifestação, é terrorismo midiático; se defende o boicote, é terrorismo econômico; se quer levar um caso a um tribunal internacional, é terrorismo jurídico. Tudo o que não for acordar pela manhã e agradecer a Israel pela ocupação recebe este adjetivo…”.

Tudo indica que a justiça militar israelense – onde a taxa de condenação dos palestinos é de 99%, de acordo com as ONGs – quer fazer de Ahed Tamimi um exemplo. Com a consequência previsível de torná-la um ícone ainda mais importante do que é hoje. Doze acusações foram feitas contra ela, quase metade por “ataques”, e cinco contra sua mãe, acusada de incitação à violência. Algumas das acusações datam de vários meses, outras se referem a “ameaças” feitas durante sua prisão – a uma soldada que perguntou o que havia feito aos soldados israelenses, ela teria dito: “Tire minhas algemas que eu mostro”. No último fim de semana, o jornal Haaretz revelou imagens chocantes do rosto desfigurado de seu primo de 15 anos, Mohammed, atingido na cabeça por uma bala de borracha uma hora antes da filmagem do vídeo. Prova de que, definitivamente, não se trata de teatro. Bassem Tamimi diz ter um “vulcão” na barriga. “Estou triste, preocupado, mas também estou orgulhoso e confiante. Ahed é muito forte. Ela se tornou o espírito de sua geração”. Ele não tem arrependimentos, mas se incomoda quando perguntado se ele sacrificou a infância da filha pela causa. “Sim, criei meus filhos na resistência”, diz ele. “Se não houvesse ocupação, poderia mandar minha filha para a aula de dança”.

Fonte: Libération, tradução de Clarisse Meireles

Seis projetos de lei que podem mudar a vida das mulheres brasileiras em 2018

Atualmente, existem mais de 1.700 propostas ligadas aos direitos da mulher em tramitação na Câmara e no Senado. Entre elas, questões ligadas ao aborto, direito à amamentação, mercado de trabalho, representatividade na política, discriminação por gênero, etc.
Abaixo, seis propostas que tratam dessas e outras questões consideradas essenciais para as mulheres brasileiras (e que podem mudar em 2018).
1. O direito ao aborto e a PEC ‘Cavalo de Tróia’
A Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 181/2011 que determina que “a vida começa desde a concepção”, a fim de barrar a descriminalização do aborto no Brasil em todos os casos, deve voltar em 2018. O texto foi aprovado em uma comissão especial sobre o tema, em 8 de novembro de 2017, com 18 votos a favor, todos de homens, e um, da deputada Erika Kokay (PT-DF) contra, em uma sessão esvaziada.
Os integrantes do colegiado ainda precisam votar os destaques do relatório do deputado Tadeu Mudalen (DEM-SP). Porém, há divergências entre os deputados. Em dezembro, por diversas vezes as sessões foram adiadas e, ao que tudo indica, serão analisados novamente neste ano. Ainda não há data definida para a votação.
Um dia após a aprovação do texto-base, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que não irá proibir o aborto em caso de estupro, previsto no Código Penal. Maia afirmou a jornalistas que a Câmara irá ouvir juristas após a conclusão da votação dos destaques da proposta no colegiado a fim de garantir as previsões de aborto já legalizadas:
“Está tendo uma polêmica sobre esse tema. Tem que se tomar cuidado e analisar o texto porque tem duas posições. Uns que acreditam que o texto, de forma nenhuma, veda as excepcionalidades colocadas, e tem outro campo que acha que esse texto vai inviabilizar.”
A PEC tratava originalmente da ampliação da licença-maternidade no caso de prematuros, mas propôs também a alteração de dois artigos da Constituição para definir que a “vida começa na concepção”. Por isso o apelido “Cavalo de Tróia”.
2. A representação proporcional de mulheres na política
Não é difícil perceber. Mas tanto a Câmara, quanto o Senado, nunca tiveram uma presidenta ao longo da história. Elas são mais da metade dos eleitores brasileiros, mas ocupam menos de 10% das vagas no Congresso Nacional. A bancada feminina tem 51 representantes na Câmara (9,94% das 513 cadeiras) e 13 no Senado (16% das 81 vagas).
Com a intenção de trazer equidade de gênero e garantir o lugar delas no campo da política, está em tramitação no Senado uma proposta de emenda constitucional, a PEC 38/2015, com autoria da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), que dá nova redação ao § 1º do art. 58 da Constituição Federal, que diz que “na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.”
Com a alteração, o artigo passaria a garantir a representação proporcional de cada sexo na composição das Mesas e Comissões do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, assegurando, ao menos, uma vaga para cada sexo. “Não tenho dúvidas de que a maior barreira é de inclusão da mulher na sociedade é o acesso ao poder”, disse Erundina em entrevista à Agência Brasil.
3. Pena de ‘importunação sexual’ para o assédio
Após diversos casos de assédio sexual contra mulheres no transporte público, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher aprovou, em setembro de 2017, uma proposta que cria o crime de importunação sexual. A relatora, deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ), incluiu na proposta original a definição do crime de importunação sexual: “praticar, na presença de alguém e sem a sua anuência, ato libidinoso”.
A proposta também aumenta penas para estupro e criminaliza a divulgação de cenas de abuso sexual. A medida está prevista no Projeto de Lei 5452/16, do Senado, que altera o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40). Se aprovada, a pena será de dois a quatro anos de reclusão, cumprida inicialmente em regime fechado. O PL começou a ser discutida no plenário da Câmara em dezembro, mas ainda não tem previsão de quando será votada.
4. A injúria por questões de gênero poderá ser crime
Em 2018, a injúria praticada por questões de gênero poderá ser considerada crime pelo Código Penal (CP). O projeto de lei, PLS 291/2015, de autoria da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), altera o Código Penal e inclui no crime de injúria a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem, gênero ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
Atualmente, o CP pune o ato de injuriar alguém, com ofensas à dignidade ou ao decoro da vítima, com detenção de um a seis meses ou multa. Com a PLS aprovada, a pena de reclusão será de um a três anos e multa. Segundo Gleisi, atos que desqualifiquem ou desprezem um gênero em detrimento de outro são inadmissíveis. Ela afirma em sua justificativa:
“Sobretudo porque o tratamento igualitário de homens e mulheres é uma das bases de qualquer Estado Democrático de Direito.”
O PLS se encontra em tramitação no Senado. Se não receber recurso para análise pelo Plenário da Casa, será enviada em seguida para a Câmara dos Deputados neste ano.
5. Agressor reincidente, demissão por justa causa
Condenados pelo crime de violência doméstica e familiar que reincidirem nesta prática poderão ser demitidos por justa causa. É o que estabelece o Projeto de Lei do Senado (PLS) 96/2017. A proposta, da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), modifica o Código Penal e tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) é a relatora do projeto.
Segundo o PLS, “o empregado demitido por justo motivo não tem direito de receber o 13º salário, as férias proporcionais, o saque do FGTS, além da indenização da multa de 40% sobre o valor depositado no FGTS, obrigatória em demissões sem justa causa”. Na justificativa do projeto, Rose de Freitas afirma:
“Apresento o presente PLS para que o agressor sinta no seu bolso o peso da prática de violência doméstica e familiar, uma vez que a penalidade prevista na forma da lei não é suficiente para levar a um reordenamento de postura pelo agressor.”
Na CCJ, a matéria deve ser votada em caráter terminativo: se aprovada, pode seguir para a Câmara dos Deputados sem deliberação em plenário.
6. Licença paternidade de 120 dias
Quatro meses exercendo a função de pai, com afastamento seguro do trabalho, ao lado da mãe. É o que quer o Projeto de Lei do Senado, PLS 652/2015, de autoria da senadora Vanessa Grazziotin, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Lei nº 8.213/91, sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, para estabelecer licença-paternidade de 120 dias.
O projeto está em tramitação no Senado. “Acreditamos firmemente que, ao igualarmos os períodos das licenças-maternidade e paternidade, estamos, a um só tempo, promovendo a igualdade de gênero no mercado de trabalho e possibilitando ao homem a vivência integral de seu papel paternal”, afirma Grazziotin, em sua justificativa.
Atualmente, enquanto as mães com carteira assinada têm entre quatro e seis meses garantidos para se dedicar à criação dos filhos, a maior parte dos pais na mesma situação de emprego conta com apenas cinco dias. Recentemente, um decreto ampliou a licença paternidade de funcionários públicos para 20 dias.
Fonte: Andréa Martinelli, da HuffPost Brasil, com CUT Brasília

Rollemberg cancela Cartão Material Escolar e aprofunda exclusão educacional no DF

A pouco mais de um mês do início do ano letivo, estudantes da rede pública de ensino levam um calote do Governo do Distrito Federal (GDF) e perdem o Cartão Material Escolar. O governo Rodrigo Rollemberg (PSB) decidiu atender a uma determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), de março de 2017, segundo a qual o benefício é considerado inconstitucional porque aumenta as despesas do GDF e mandou cancelá-lo.
A Justiça alega que o excesso de mudanças efetuadas no projeto “original” instituído pela Lei nº 5.490/2015, inviabilizou o Programa Material Escolar. Em nota à imprensa, a Secretaria de Estado da Educação (SEEDF) informou que não irá recorrer da decisão e, a partir deste ano, cumprirá a decisão do TJDFT e não mais fornecerá o benefício.
A diretoria colegiada do Sinpro-DF lamenta a atitude do governador e lembra que, ao contrário do que dizem o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o governo Rollemberg e a mídia, o Cartão Material Escolar é uma política pública de inclusão educacional inédita instituída no Distrito Federal pelo governo Agnelo Queiroz, em 2013. E lembra que o programa original sofreu alterações promovidas pela Lei 5.490/2015,  no governo Rollemberg, justamente para inviabilizar o programa de redistribuição de renda.
As lideranças sindicais do Sinpro-DF também criticam o MPDFT que, “em vez de prejudicar os estudantes carentes, deveria defender o modelo original e não retirar desses público o direito ao benefício”, afirmam. Observa ainda que o governo Rollemberg nunca teve interesse e nem a menor preocupação em resolver o problema da exclusão educacional do DF.
“Pelo contrário, desde que adentrou o Palácio do Buriti nunca tomou a iniciativa de elaborar outro projeto de lei que visasse à manutenção do benefício e, em vez de usar o dinheiro público para manter as políticas de Estado que beneficiam a população, sobretudo a carente, o governador Rollemberg e sua equipe, no primeiro ano do mandato, em 2015, suspenderam o benefício e o incluíram nas políticas neoliberais do choque de gestão”, afirma Cláudio Antunes, diretor de Imprensa do Sinpro-DF.
Para consolidar a retirada do Cartão Material Escolar, em outubro de 2016, o MPDFT entrou na Justiça com um pedido para cancelar o modelo vigente do programa por entender que ele traria despesas adicionais ao governo. Ainda em 2016, a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (PGDFT) ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) com o argumento de que os distritais modificaram 19 vezes o projeto original do GDF e que essas modificações eram “de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo distrital”.
Após a apresentação das 19 emendas parlamentares, o projeto foi aprovado em Plenário sem a possibilidade de aquisição do material escolar diretamente pelo Poder Público, mediante licitação e por preços mais vantajosos. Com isso, ficou estabelecido somente um “auxílio financeiro para a aquisição de material escolar” pelo próprio estudante, com o valor mínimo do benefício fixado em R$ 80 e o valor máximo de R$ 242 por estudante.
Como consequência, o Cartão Material Escolar, que poderia atender, à época, a todos os 480 mil estudantes da rede pública de ensino, somente alcançaria cerca de 70.771. Desde então, a lei passou a ser questionada na Justiça. Em nota, a SEEDF diz que a PGDF foi notificada da inconstitucionalidade da Lei nº 5.490/2015 e questionou o TJDFT sobre a eficácia da decisão.  De acordo com o TJDFT, a decisão abrange todos os beneficiários do Programa Material Escolar que recebiam o auxílio financeiro até a data da publicação da ata de julgamento no Diário da Justiça, o que ocorreu em 23 de março de 2017.
HISTÓRICO – No ano passado, o GDF concedeu, por meio do Cartão Material Escolar, apenas R$ 80 por estudante. Em 2015, a Câmara Legislativa (CLDF) promoveu várias alterações na lei original, do governo Agnelo, por meio da Lei Distrital nº 5.490/2015, que destinava uma bolsa a estudantes entre 4 e 17 anos, da rede pública, e de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família.
Contudo, o Cartão Material Escolar foi uma criação inédita do governo Agnelo Queiroz, instituído no DF em 2013. Ele foi o primeiro governador a lançar essa política pública que contemplava, no primeiro ano, 130 mil estudantes da rede pública de ensino com créditos de até R$ 323 para gastos com produtos de papelaria.
A ideia era dar mais dignidade e ampliar o acesso a materiais escolares de qualidade e quebrar os monopólios que existiam. O auxílio era uma iniciativa do GDF, por meio das Secretarias de Educação e da Micro e Pequena Empresa, e era fornecido pelo Banco de Brasília (BRB). No total, mais de 72 famílias e 210 papelarias estavam cadastradas no programa Cartão Material Escolar.
“Era uma ação integrada entre diversas secretarias, que, além de trazer dignidade aos estudantes na compra do material escolar de qualidade, também incentivava o desenvolvimento das empresas locais, uma vez que as famílias poderiam fazer as compras nas papelarias próximas de sua casa”, informa Antunes.
Na época, o benefício era distribuído por cartões que tinha três valores diferentes: no Ensino Fundamental, os estudantes do 1º ao 5º ano recebiam R$ 323; os do 6º ao 9º, R$ 228. Já os estudantes do Ensino Médio tinham um crédito de R$ 202. Para as famílias com mais de um estudante cadastrado, as quantias eram depositadas em um único cartão.
“Quando o governo Rollemberg assumiu o Palácio do Buriti, esse foi um dos primeiros mecanismos de redistribuição de renda a ser cortado”, lembra o diretor.

Após reforma trabalhista, Estácio demite para chamar professor intermitente

O grupo de ensino superior Estácio de Sá, uma das maiores companhias de educação privada do Brasil, demitiu professores de toda sua rede de ensino nesta terça feira 5. Segundo a imprensa, 1,2 mil docentes foram desligados. A instituição, no entanto, não confirma o número.
Em nota, a empresa alega que o quadro decorre de uma reorganização na base de docentes, que envolve não só a demissões, mas o lançamento de um cadastro reserva de docentes para atender possíveis demandas nos próximos semestres, de acordo com as evoluções curriculares.
Para o doutor em Educação e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nelson Cardoso Amaral, a ação vem no bojo da reforma trabalhista. “Há um forte indício de que esses professores serão desligados e recontratados por salários menores. Isso fica ainda pior em um cenário de crise econômica e desemprego, em que as pessoas não conseguem se recolocar facilmente”, avalia.
A reforma trabalhista criou a modalidade do trabalho intermitente, que prevê a contratação do trabalhador por tempo determinado e pagamento de acordo com a prestação de serviço, que pode se dar em horas, dias, semanas ou meses. Anteriormente, a CLT não previa esse tipo de vínculo. Os trabalhadores nessas condições terão direito a férias, FGTS, previdência e 13º salário proporcionais.
Segundo Amaral, essa abertura é muito bem vinda ao setor privado educacional que atua com espírito de empresa. “O que está em jogo é o lucro dos empresários”, afirma.
Além de serem pegos de surpresa, professores ouvidos pela reportagem disseram que a prática vem acompanhada da inserção de aulas online nas grades curriculares de diversas unidades.
Uma das professoras demitidas, que atuou por sete anos nas unidades de Belo Horizonte (MG), afirmou que está previsto para o próximo ano um modelo de ensino híbrido que fará com que disciplinas sejam 50% presencial e 50% à distância.
Ela alega não ter dúvidas de que a mudança vem em um contexto de precarização que não se justificaria nem em caso de problemas financeiros da empresa, o que não ocorre, uma vez que a lucratividade é crescente. “A cada início de semestre nos apresentam os resultados financeiros e eles foram totalmente positivos este ano e usados para nos tranquilizar na época”, afirma.
Para a docente, as demissões não seguiram um critério. “Foram demitidos professores de diversas formações, como especialistas, mestres e doutores, profissionais bem avaliados, com maior ou menor tempo de casa”, conta.
Outro docente que atuava na unidade de Carapicuíba, na grande são Paulo, há três anos, alegou que a instituição deu como justificativa uma reestruturação em um contexto de redução de custos. Para ele, é claro que o quadro de professores da instituição será mais barato.
O presidente do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (SinproRio), Oswaldo Telles, coloca que a situação é grave e será acompanhada de perto. “Estamos convocando a categoria para uma reunião amanhã (quinta-feira 7) para que possamos ouvi-los e fazer encaminhamentos”, colocou.
“Temos quase certeza que é uma situação de aproveitamento no contexto da Reforma Trabalhista. Mas reitero que que há uma convenção a ser seguida e precisamos entender o porquê das demissões. Há fechamento de unidades ou quedas nas receitas que as justifiquem? Precisamos entender. Não podem cometer esse crime contra os professores“, reforçou.
(da Carta Capital)

Especialistas lamentam atraso no cumprimento das metas do PNE

Três anos depois da definição das metas que precisam ser atingidas para o desenvolvimento da educação de qualidade no Brasil, ainda são muitos os desafios, segundo gestores públicos e representantes da sociedade civil. A Comissão de Educação da Câmara fez um balanço nesta terça-feira (5) do cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE).

O deputado Bacelar (PODE-BA), autor do requerimento para o debate, lamentou os resultados alcançados até agora. “Como a educação não é prioridade política, não está na agenda central do desenvolvimento do país, nós chegamos ao terceiro ano do plano com apenas 20% das metas intermediárias atingidas, e atingidas de maneira incompleta”, lamentou.
As metas 1, 2 e 3 do PNE previam todas crianças e jovens na escola já em 2016, mas dados da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios indicam mais de 500 mil crianças fora da escola na educação infantil e 400 mil no ensino fundamental. No ensino médio, a evasão chega 1,5 milhão de jovens. No total, são 2,5 milhões de brasileiros em idade escolar fora das escolas.
As metas para melhorar a qualidade da educação básica também não foram cumpridas. Nos primeiros anos do ensino fundamental, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é de 5,5, enquanto a meta é 6. Nos anos finais do ensino fundamental, o Ideb medido é 4,5 contra uma meta de 5,5. No ensino médio, a distância é ainda maior: Ideb de 3,7 com meta para 2021 de 5,2.
Fundeb
O presidente da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Aléssio Costa Lima, lembrou que, sem o aumento no investimento, todas as metas ficam comprometidas. Para compensar os efeitos da crise, o representante da Undime defendeu uma mudança na Constituição que amplie de 10% para 30% a complementação da União para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
“Os repasses constitucionais para os municípios estão cada vez mais reduzidos. Agora há uma redução do Fundeb para os meses de novembro e dezembro, que comprometem basicamente os municípios. Como é que nós vamos conseguir honrar as folhas de pagamento? Você já tem uma folha de pagamentos contratada. Como é que você vai honrar o pagamento do 13º salário, quando você tem uma redução da ordem de 30-40% dos recursos que os municípios recebem da complementação da união ao Fundeb?”, indagou.
Prioridades
O diretor de programas do Ministério da Educação, Ektor Passini, respondeu que a margem para se remanejar recursos é muito estreita e que, para isso, será preciso rediscutir as prioridades.
“Todas as metas são maravilhosas. Quais são factíveis? Quais delas são de fato, no momento em que nós estamos vivendo, e nós sabemos que o país ainda vai passar por muitas dificuldades fiscais nos próximos anos; será que não cabe reabrir esse debate? Nós temos que ter coragem de fazer escolhas. E, depois de feitas, nós temos que assumir as escolhas que fizemos”, concluiu.
Olavo Nogueira Filho, do Movimento Todos pela Educação, reconhece que as metas são ambiciosas, mas destacou que estão à altura da missão que o Brasil precisa cumprir para alcançar desenvolvimento econômico e social duradouro e consistente.
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