'Não fede, nem cheira': o divórcio de parte da classe média com a arte

Em seu texto de apresentação da exposição Histórias da Sexualidade, aberta ao público a partir desta sexta-feira 20, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) adota um tom assertivo para defender a mostra de possíveis ataques.
Quando a instituição menciona episódios recentes ocorridos no Brasil e no mundo que trouxeram à tona “questões relativas à sexualidade e aos limites entre direitos individuais e liberdade de expressão”, subentende-se a fúria despertada em parte da classe média por uma mostra LGBT e uma performance no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
O Movimento Brasil Livre, catalisador da revolta contra as atrações artísticas, atacou a primeira pela ausência de uma classificação indicativa e pelo uso de recursos públicos da Lei Rouanet para expor obras que estimulavam, segundo a organização, a zoofilia e a pedofilia. No caso da performance, o grupo fez campanha contra o MAM após uma menina ser filmada acompanhada da mãe enquanto tocava no pé do bailarino Wagner Schwartz, que se apresentava nu.
Concebida há dois anos, Histórias da Sexualidade reúne 300 obras em diversos núcleos temáticos, entre eles jogos sexuais, voyeurismos e, como não podia faltar, corpos nus. Em sua página no Facebook, o MBL deu sinais de que não fará grande barulho contra a mostra.
O movimento reproduziu um texto do site Ceticismo Político, uma de suas fontes frequentes, com o título “Masp recua e não vai exibir exposição pornô para crianças”, em referencia ao fato de o museu ter adotado a classificação indicativa de 18 anos. Na publicação, a organização reproduziu o texto do site: “Se não tiver exposição para crianças e se não tiver dinheiro da Lei Rouanet, essa mostra entra na categoria ‘não fede nem cheira’”.
Nesse caso, a indiferença pode ser mais sintomática que a fúria. O movimento trata com desprezo uma mostra que reúne obras de Francis Bacon, Edgar Degas, Édouard Manet, Pablo Picasso e Paul Gauguin, nomes presentes em qualquer simplório manual de história da arte. Se “não fede, nem cheira”, não se trata apenas das supostas depravações serem financiadas com recursos públicos ou disponíveis ao acesso das crianças. Os episódios recentes demonstram que própria arte não parece ter grande valor para uma parte significativa da classe media.
Não se trata de um fenômeno local. O jornalista norte-americano Scott Timberg já havia diagnosticado no livro Culture Crash (a Crise da Cultura, em tradução livre) a separação violenta entre a classe artística e a classe média nos Estados Unidos, pouco antes de a eleição de Donald Trump confirmar o divórcio.
O livro busca analisar os impactos da Crise de 2008 sobre a cadeia produtiva da cultura norte-americana. Fechamento de casas de shows e bares, de pequenas livrarias locais, de cinemas antigos, um fenômeno relacionado à gentrificação dos centros urbanos, somaram-se a demissões de jornalistas culturais das principais redações, caso de Timberg.
Na outra ponta, a reformulação protagonizada por grandes players como Apple, Google e Netflix, que dominam grande parte do atual mercado cultural, desempregou inúmeros vendedores de discos, “roadies”, curadores, entre tantos intermediários fundamentais para a sobrevivência e a difusão da classe artística. O autor defende que há uma grande concentração de capital cultural que estimula o desinteresse crescente por manifestações de vanguarda ou até mesmo pela história da arte.
Em seu capítulo final, Timberg faz uma interessante reflexão sobre os motivos para a arte “não feder nem cheirar” para grande parte da classe média. O autor recupera o termo middlebrow, um conceito cunhado nos 1920 sobre a cultura de uma parte da sociedade que está disposta a pequenos esforços intelectuais e procura conhecimento sobre arte como forma de prestígio.
Embora ridicularizada por intelectuais e artistas, essa parcela da sociedade, diz Timberg, tinha um importante papel para a cultura. Ela garantia a formação de um mercado próprio, voltado a difundir a arte e sua história de modo palatável, em forma de revistas, manuais de arte e documentários televisivos.
Timberg sugere que é dever da classe artística e cultural aproximar-se dessa camada intermediária da população. E isso não significa ser comercial. “Significa despertar a paixão nos estudantes de escolas e universidades. Significa a mídia conectar-se a algo além de ‘transgressão’ e luxo. Significa acadêmicos se importando com o destino de seus discursos para além dos muros da instituição”, escreve.
A reflexão de Timberg torna-se ainda mais aguda sob o ângulo brasileiro. Embora os recentes ataques à liberdade artística, inclusive com violência física, sejam condenáveis, os episódios permitem àqueles que trabalham com cultura uma reflexão sobre sua dificuldade em dialogar com uma grande parte das camadas intermediárias, cada vez menos abertas à alteridade.
“Para fazer as coisas funcionarem novamente, a classe criativa precisa reconhecer que é parte da classe média, e precisamos lutar pela sobrevivência de ambas”, afirma Timberg a CartaCapital. O autor lembra que as escolas nos EUA têm cortado artes e cultura de sua grade, uma realidade comum no Brasil. “As sociedades decidem o que é importante para elas, e em grande parte do mundo a cultura tem sido abandonada.”
O livro de Timberg ajuda a explicar por que o financiamento de projetos pela Lei Rouanet é alvo da ira de tantos brasileiros: há grande desinteresse por espetáculos e mostras. Uma pesquisa da Fecomércio-RJ do ano passado indicou que 56% frequentaram pelo menos uma atividade cultural nos últimos 12 meses, ou seja, o restante não foi a uma exposição, show ou peça sequer. Na ocasião, a televisão foi mencionada como principal programa cultural.
É provável que as redes sociais já desempenhem papel quase ou tão importante no tempo livre dos brasileiros, um espaço onde a arte para muitos realmente “não fede, nem cheira”. Timberg chega a propor, em uma formulação semelhante à do economista Thomas Piketty, uma revisão na tributação para incentivar a reinvenção do ensino da arte nas escolas e universidades norte-americanas e aumentar o investimento em espaços públicos para sua difusão.
É certamente um pensamento utópico para o Brasil atual, que sequer consegue ter impostos sobre fortunas e heranças próximos da média mundial. Também não encontraria ressonância alguma entre aqueles que defendem o fim dos incentivos fiscais da cultura, mas não propõem alternativas para seu financiamento.
O divórcio entre a arte de vanguarda e a classe média talvez seja passageiro, mas ele jamais revelou-se tão presente. Para superar essa falta de comunicação, cabe aos artistas e intermediários culturais também se mobilizarem para suas mensagens, vanguardistas ou comerciais, superarem os limites de seus próprios muros.
(da Carta Capital)

Estudantes LGBT se sentem inseguros nas escolas, aponta pesquisa

A maioria dos estudantes latino-americanos que se identificam como gays, lésbicas ou transexuais se sentem inseguros nas escolas. Esse é o resumo de uma pesquisa realizada em sete países da América Latina entre dezembro de 2015 e março de 2016. Os resultados foram apresentados nesta quarta-feira (18), em audiência pública conjunta das comissões de Relações Exteriores; e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
A pesquisa foi feita com estudantes do ensino básico, com idade acima de 13 anos e que se identificavam como LGBT. No Brasil, 1.016 adolescentes responderam ao questionário, feito pela internet, de forma anônima. E o cenário é o seguinte: 73% desses estudantes sofrem bullying homofóbico; 60% se sentem inseguros nas escolas; e 37% já sofreram violência física.
Exemplo uruguaio
Nos sete países estudados (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Colômbia e México), os dados são muito parecidos, com exceção do Uruguai, onde todas as taxas são menores do que 50%.
Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros, Toni Reis, isso se deve a políticas públicas adotadas pelo Uruguai em respeito à diversidade.
“Primeiro país onde tem educação sexual para o respeito, tem leis protetivas. É o Estado que aprovou casamento entre pessoas do mesmo sexo, aprovou a questão do aborto, inclusive a liberação da maconha, ou seja, é um país onde a cultura é muito mais aberta às pessoas diferentes, e o fundamentalismo religioso não é tão preponderante”, disse Reis.
Outro dado trazido pelos participantes da audiência foi a omissão de professores e pais na proteção dos estudantes que sofrem bullying homofóbico nas escolas. Na Colômbia, por exemplo, a pesquisa identificou que 60% dos professores não fazem nada para impedir ou acabar com a discriminação.
Segundo a pesquisa, a violência no ambiente escolar expulsa os estudantes da escola e os empurra para a depressão, a automutilação e o suicídio.
Ministério da Educação
O diretor de Políticas de Educação em Direitos Humanos e Cidadania do Ministério da Educação, Daniel Ximenes, apresentou as iniciativas do órgão para promover a diversidade nas escolas. Entre elas, o Pacto Universitário em Direitos Humanos, que já conta com a adesão de 320 faculdades e universidades (como USP, Unicamp e UnB), e o apoio ao Conselho Nacional de Educação para elaborar a norma sobre uso do nome social na educação básica.
Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) lembrou que o Ministério da Educação precisa tomar uma posição sobre a exclusão dos termos “orientação sexual” e “identidade de gênero” da Base Nacional Comum Curricular, ainda em discussão. “Retirar isso significa desconhecer que há pessoas que sofrem uma morte simbólica que, em grande medida, precede uma morte literal em função da sua condição de fazer parte de uma população LGBT. Então é muito importante que nós atestemos a violência, que tenhamos esses dados publicizados para que possamos construir políticas públicas na perspectiva de romper esse nível de violência”, disse a deputada.
(da Agência Câmara)

Redução da maioridade não diminuirá número de homicídios no país

Dos 9.340 menores que estavam internados em setembro na Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), menos de 2,54% deles cometeram homicídio, apontam dados do Núcleo de Produção de Informações Estratégicas da Fundação Casa divulgados pelo Valor Econômico nesta segunda-feira (16).
O número de jovens que cometeram homicídio e estão detidos na Fundação Casa representam uma parcela extremamente pequena do total de crimes. Eles são apenas 2,54% dos 9.340 adolescentes na fundação. Roubo e tráfico de drogas representavam a maior parte dos jovens, com 41% e 43,32% das detenções, respectivamente.
Os dados rebatem argumento do governo de que é necessário punir jovens como se fossem adultos por conta da ocorrência de homicídios. De acordo com Marília Rovaron, cientista social do Cenpec, especializada em Fundação Casa, em entrevista ao Valor Econômico, o índice de adolescentes internados por homicídios nunca ultrapassa os 4%.
“Há um mito de que são os adolescentes que cometem os crimes mais violentos. Muito pelo contrário, são eles que são mortos”, disse a especialista.
Ademais, o sistema penitenciário brasileiro, que já está superlotado, não teria a mínima condição de receber jovens a partir dos 16 anos caso a redução da maioridade penal fosse aprovada. Além do espaço físico, as medidas socioeducativas não seriam cumpridas. Afinal, a escola tem papel fundamental para reduzir o número de jovens que acabam cometendo crimes por falta de oportunidade.
O levantamento do relatório do Conselho Nacional de Justiça, divulgado em 2012, revelou que a maioria dos jovens da Fundação Casa tem entre 15 e 17 anos e que a maior parte dos internados interrompeu os estudos aos 14 anos, entre a 5ª e 6ª série. O relatório ainda explica que, com o estudo, se constatou que os 14 anos são uma idade-chave para a adoção de políticas de combate à evasão escolar.
Tudo isso abre espaço para uma escalada da violência em que o adolescente perderia oportunidades fora da criminalidade, conforme apontou o professor doutor de Processo Penal da PUC-SP, Claudio Pereira, em entrevista realizada anteriormente pelo Portal Vermelho.
“Com a redução da maioridade penal, o jovem acabaria tendo uma educação às avessas. Ele teria contato com as facções criminosas dentro dos presídios – já que não haveria uma separação entre os adultos e adolescentes – ao invés de um programa de formação e readaptação social, fortalecendo o crime organizado no país, ou seja, a violência seria impulsionada pelo próprio Estado”, disse o professor.
Medida paliativa
Diversos estudos já apontaram que os países em que maioridade penal foi reduzida não houve diminuição da violência.
Aproximadamente 70% dos países estabelecem 18 anos como idade penal mínima e os que aprovaram a redução, como a Alemanha e a Espanha, voltaram atrás na decisão de criminalizar menores de 18 anos porque não houve eficácia.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, o jovem infrator deve merecer medidas socioeducativas, como advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. A medida é aplicada segundo a gravidade da infração.
A proposta de redução
A proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33/2012, que reduz a maioridade penal em casos como homicídio doloso de 18 para 16 anos, é mais uma tentativa de ataque aos jovens brasileiros e ao futuro do país. A medida discutida pelo governo Michel Temer teve sua última votação foi realizada em 27 de setembro, mas foi adiada diante da mobilização da sociedade e de políticos que são contrários à sua aprovação. Uma nova votação da Proposta está prevista para o dia 27 de outubro na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ).
(do Vermelho)

Ser professor é…

Ser professor é preencher lacunas
Experimentar a racionalização de uma emoção
Enquanto passionalmente enlouquece a lógica
Se reformar, enquanto forma
Ser professor é troca
Obsessão pelo por que. O seu e o deles
Se desfazer de certezas enquanto responde a interrogações
É estar pronto quando ainda constrói
Ser professor é emprestar conhecimento até para quem diz não querer
É compreender a beleza do desleixo e do desprazer
A tristeza do tentar e mesmo assim tentar novamente
Ser professor é a angústia do querer
Do fazer e refazer sem nunca saber se findou
Ser professor é esperar e talvez ver pra crer
Mas ser professor é antes de tudo viver na vida de um outro ser
Bárbara Lopes, professora na Escola Estadual Domingos Mignoni, em Taboão da Serra (SP)
(da Carta Educação)

REDESTRADO organiza IX Encontro Brasileiro


Entre os dias 8 e 10 de novembro, a Rede Latino-americana de Estudos sobre o Trabalho Docente (Rede Estrado), realizará o IX Encontro Brasileiro Da Rede Latino-Americana de Estudos Sobre Trabalho Docente, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O evento tem como tema: Trabalho docente no século XXI: conjuntura e construção de resistências.
Para discutir o contexto atual marcado, entre outros aspectos, pela ampliação das formas de contratação precárias, pelos avanços dos processos de privatização e pelas políticas de cerceamento de liberdade na atuação das professoras e professores nas instituições educacionais, a Rede Estrado convida pesquisadores, docentes, estudantes de graduação e pós-graduação, sindicalistas e trabalhadores comprometidos com a pesquisa e com os debates sobre o trabalho docente, a participarem do encontro. As inscrições podem ser feitas até o 16 de outubro pelo site da instituição.
Os congressistas também poderão inscrever seus livros, revistas, filmes e vídeos, recentemente finalizados e que tenham como temática o trabalho de professores e professoras, até o dia 20 de outubro.
Clique aqui e saiba mais detalhes do evento.
Fonte: CNTE

Flexibilização de estabilidade do servidor público é “caminho para o caos”

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nessa quarta-feira (4) projeto que permite a demissão de servidor público estável por “insuficiência de desempenho”, aplicável em todos os Poderes e nos três níveis (municipal, estadual e federal). A regulamentação tem por base o substitutivo apresentado pelo relator, senador Lasier Martins (PSD-RS), ao projeto de lei (PLS 116/2017 – Complementar) da senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE). A proposta é atacada pela CUT e entidades sindicais filiadas que representam os servidores públicos, já que se apresenta como um instrumento para viabilizar a agenda neoliberal do presidente ilegítimo Michel Temer.
Segundo a secretária de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa, o texto aprovado nessa quarta se soma a outras propostas que querem o desmonte completo do serviço público e a implantação do Estado mínimo. “É o caminho para o caos. Os servidores públicos já têm diversas formas de avaliação, inclusive anual. Então o que se quer, de fato, é realizar demissão política e, com isso, facilitar a implementação do Estado mínimo, com a privatização de tudo.”
A sindicalista analisa que o projeto de lei que flexibiliza a estabilidade dos servidores públicos é uma ponte para que a Emenda Constitucional 95, que limita por 20 anos os gastos públicos, possa ser exercida. “A EC 95 impede que haja recurso para pagar servidores, e não é só reajuste, é a folha salarial mesmo. Então, eles precisam enxugar, e enxugar de forma que, em alguns anos, não haja mais atuação do Estado.”
Já o assessor do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Neuriberg Dias, explica que o projeto que prevê a demissão do servidor público faz parte da segunda fase da agenda do golpista Temer. “A primeira fase foi implementar um teto para os gastos públicos, com a EC 95. Agora, na segunda fase, a estratégia é a retirada de direitos”, explica. De acordo com ele, essa retirada de direitos abarca outros anseios de Temer, como a aplicação da terceirização ilimitada, a reforma trabalhista e a reforma da Previdência.
Fôlego vigiado
Neuriberg Dias, do Diap, prevê que o texto aprovado na CCJ do Senado nessa quarta (4) deverá concluir tramitação na Casa apenas em fevereiro de 2018, já que ainda passará pelas Comissões de Assuntos Sociais, pela de Direitos Humanos, pela Comissão de Transparência e, em seguida, pelo plenário para, só então, seguir à Câmara dos Deputados. Lá, explica o assessor, o texto deverá ser apensado ao PLP 248/1998, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já está no plenário.
O tempo pode representar um fôlego para as entidades que representam os servidores públicos articularem ações no intuito de barrar a aprovação da proposta. Mas, segundo Neuriberg Dias, a matéria conta com o apoio dos democratas e do grupo de Romero Jucá (PMDB-RR), aquele que foi gravado pela Polícia Federal afirmando que uma “mudança” no governo federal – o impeachment da presidenta Dilma Rousseff – resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, na qual é investigado, além de vários outros escândalos de corrupção.
Diante disso, há grandes chances de o projeto ser aprovado, mesmo que tenha como marca inconsistências diversas. Uma delas é o fato de se omitir a dizer que, no serviço público, já há formas de avaliação de desempenho além do estágio probatório. Além disso, há incoerência em criar um único critério de avaliação para os diversos segmentos do funcionalismo. Assim, um policial militar e um professor, por exemplo, seriam avaliados pelos mesmos critérios. Um outro ponto é que o texto não leva em consideração o contexto atual do funcionalismo público, que é de carência de pessoal e, em diversos casos, com condições de trabalho precárias.
Reação já!
A secretária de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa, informa que, ainda neste mês de outubro, será lançada uma campanha em defesa do serviço público e das empresas estatais. A ação será planejada em plenária desses segmentos, agendada para os próximos dias 19 e 20, em São Paulo.
“Precisamos disputar o projeto de Nação, pois o que está em curso é uma mudança de Estado”, reflete a sindicalista.
Segundo ela, a campanha prevê como ponto principal o diálogo com a população. “É preciso que se envolva neste processo de defesa do serviço público e das empresas estatais não só a classe trabalhadora, mas a sociedade em geral. O povo precisa entender que, com a venda da Eletronorte, por exemplo, a energia vai ficar mais cara e até a água passará a ser privatizada. É preciso que a população entenda que privatizar a Caixa Econômica é inviabilizar diversos projetos sociais, como o de moradia, por exemplo.”
Graça Costa apresenta com exemplo do prejuízo da privatização o caso da Embratel, que oferecia serviço de telefonia. Após a entrega da empresa ao capital privado, o serviço de telecomunicação oferecido à população brasileira se configura atualmente em um dos mais caros e precários do mundo.
Fonte: CUT Brasília

Somente a união do movimento sindical é capaz frear o neoliberalismo na educação


Especialistas e sindicalistas da Educação, reunidos no Encontro do Movimento Pedagógico Latino-Americano, neste final de semana em Porto Velho, afirmaram que somente a unidade do movimento sindical é capaz de frear o neoliberalismo que avança no setor educativo da América Latina, graças aos governos de direita e conservadores que estão se instalando na região.
Esse alerta foi reforçado pelo coordenador geral do Escritório Regional da IEAL (Internacional da Educação para América Latina), Combertty Rodriguez, na tarde deste sábado durante o painel que debateu “A Experiência Educacional dos Povos Latino-Americanos e o Desafio da Construção de uma Educação Libertadora”. Ao seu lado, estavam o professor e pesquisador da UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México), Juan Arancibia, e o coordenador geral da OTEP-A (Organização de Trabalhadores da Educação do Paraguai – Autêntica), Juan Gabriel Espínola, sob a coordenação das dirigentes do Sintero, Rosenilda Ferreira de Souza, secretária de Gênero e Etnia, e Dioneida Castoldi, secretária de Assuntos Municipais.
Combertty reforçou que a maior ameaça à educação pública nos países da América Latina é a terceirização dos serviços, que está avançando cada vez mais. “Organismos internacionais estão forçando os governos a privatizarem os sistemas educacionais para garantir maior lucro comercial às empresas transnacionais que atuam na área e isso está ocorrendo também no Brasil”, afirmou.
Segundo ele, o Banco Mundial e o BID (Banco Interamericano para o Desenvolvimento) estão incentivando projetos de financiamento para a educação pública diretamente aos municípios com a exigência de que as empresas executoras de tais projetos sejam privadas. “Empresários não investem mais seu dinheiro como antes. Agora são investidos recursos públicos. Se perderem, perde a população que paga impostos. Mas se houver ganhos, lucram somente as empresas. Temos que fazer o enfrentamento a essas tentativas de privatização e comercialização da educação pública”, ressaltou o representante da IEAL.
O representante da IEAL, observou ainda que neste processo de correlação de forças e disputa política e de ideologia, a elite financeira é motivada pelos interesses financeiros. Segundo ele, os ministérios da Educação dos países neoliberais não cumprem mais a função de propor políticas educacionais como antes, mas de canalizar os projetos das organizações internacionais e instituições financeiras visando apenas privatização do ensino e o lucro.
O líder sindical do Paraguai, Juan Gabriel, disse que o atual governo do Paraguai é defensor das políticas neoliberais, que visam o lucro sobre os serviços da educação, incentivando a terceirização do ensino no país. “Não é possível enfrentar essas medidas com uma organização fraca. Por isso, é importante haver o fortalecimento dos sindicatos da educação para não sermos comandados pela classe dominante. Assim, temos que nos unir por meio do movimento latino-americano para fazer o enfrentamento”, destacou.
Já o professor chileno Juan Arancibia, que trabalha na Universidade do México há 35 anos, expôs a realidade educacional nos dois países. Em relação ao Chile, fez um comparativo do sistema educacional implantado no regime militar do governo de Pinochet, em que a educação privada era incentivada pelo Estado, que conseguiu convencer a população de que esse modelo era melhor em relação a educação pública, mas que visava apenas o lucro das grandes empresas da área e a precarização dos profissionais.
Com a chegada do governo progressista de Michele Bachelet houve uma reforma educacional, em 2014, com apoio de toda a sociedade, envolvendo os trabalhadores em educação e estudantes, em que a educação passou a ser um direito garantido pelo estado. “A educação volta a ser pública e gratuita regulada pelo Estado, porém são mantidas as escolas privadas e os alunos passam a receber auxílio do governo”, explicou Arancibia, observando que ainda assim não se eliminou o risco do lucro dos empresários nas escolas.
Enquanto no México, ele relatou que o governo neoliberal prioriza a privatização da educação pública e persegue as organizações sindicais que são contra ao modelo educacional implantado. Arancibia revelou que o modelo mexicano segue a cartilha dos organismos internacionais regidos pela meritocracia, como o uso das provas internacionais do PISA, para avaliar a qualidade da educação no país, o que é questionável pelas organizações sindicais.
Para Combertty, a única forma de combater o avanço do neoliberalismo é repensar a atuação do movimento sindical, por meio de novas estratégias de fazer o enfrentamento aos governos e as organizações que pressionam pela privatização. “Os sindicatos precisam organizar a base e elaborar propostas pedagógicas buscando o envolvimento de toda a comunidade escolar e a sociedade”, explicou.
O coordenador geral da IEAL lembrou que no início da década passada, a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) proposta pelo governo dos EUA foi derrotada pelo movimento sindical e social e as forças políticas progressistas da América Latina. “Somos capazes de frear essas medidas neoliberais, que retiram direitos dos povos, mas temos que ser os interlocutores desse processo para fazer as alianças com a sociedade. É essencial, nesse momento, fazer a formação política e sindical para vencermos essa batalha.”
Confira mais fotos do evento na página oficial da CNTE no Facebook.
Fonte: CNTE

Invasão de militares a PUC-SP completa 40 anos

Em 22 de setembro de 1977, milhares de soldados imprimiram uma
truculenta ofensiva contra estudantes e professores da instituição

Foi uma loucura que salvou o jornalista José Arbex da prisão, 40 anos atrás, quando cerca de 3 mil policiais civis e militares, apoiados por carros blindados, invadiram o campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na Zona Oeste da capital paulista.

“Eu vi os soldados chegando,  vi que todo mundo começou a correr para o fundo, desceu a rampa, procurando o primeiro, segundo e terceiro andar e eu tomei uma decisão completamente maluca, caminhei na direção da polícia. Passei no meio da tropa”, recorda.

Arbex, à época com 20 anos, era aluno da Poli-USP, e participava de uma assembleia, na frente do teatro da universidade, o TUCA, para tratar  da  reorganização da União Nacional dos Estudantes, desarticulada pelos militares em 1968, com a prisão de seus dirigentes em Ibiúna, interior de São Paulo, e da realização do 3º Encontro Nacional dos Estudantes, proibido pelo regime um dia antes.

Cerca de 2 mil estudantes e apoiadores estavam reunidos, quando por volta das 20 horas uma tropa de soldados, liderada pelo coronel do Exército Antônio Erasmo Dias, então secretário da Segurança Pública de São Paulo, imprimiu uma das mais graves ofensivas  da ditadura cívico-militar (1964-1985) contra uma universidade.

Acuados por bombas de gás lacrimogênio, choques elétricos e cassetadas, os estudantes correram para dentro da universidade em busca de refúgio. Os soldados invadiram o prédio, depredaram salas de aula e de professores, destruíram a mobília, máquinas de escrever, rasgaram livros, material didático e picharam as paredes com as iniciais CCC – Comando de Caça aos Comunistas, grupo paramilitar de ultradireita.

Eles acuaram os alunos na rampa, que encurralados não tinham alternativa a não ser correr para dentro da universidade”, lembra Ana Bock, professora na Faculdade de Psicologia da PUC desde então. “Chegamos a fazer um coro, pedindo calma, mas os soldados entraram no prédio e tiraram professores, alunos e funcionários brutalmente de todas as salas”, completa.

A tropa fez ouvidos moucos e não escutava nem olhava ninguém. Bock e Arbex destacam entre suas memórias mais marcantes o olhar dos soldados. “Eles olhavam atravessado, não viam nossos rostos, nossos olhos”, diz Bock. “A primeira coisa que me vem à cabeça é o aspecto brutal deles, a cena dos caras entrando em formação, batendo o cassetete e com o olhar fixo”, lembra Arbex.

Seis estudantes sofreram queimaduras,  900 foram detidos e confinados em um estacionamento na Rua Monte Alegre, esquina com a Bartira, em Perdizes, e depois conduzidos ao Batalhão Tobias de Aguiar. Destes, 42, foram fichados, enquadrados na Lei de Segurança Nacional, instrumento jurídico usado pelo regime para perseguir adversários.

Para a professora Ana Bock, a ação não foi contra os estudantes, mas contra a própria universidade. “Hoje eu tenho muito claro que a agressão foi a PUC, qualquer pequena ação, um olhar torto, um andar fora da linha era motivo para levar cassetada”, diz. “Mas aquilo não me feriu nem na alma e, hoje, estamos rememorando a invasão e comemorando a resistência”.

Na época, a PUC – SP e Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal-arcebispo de São Paulo, participavam ativamente da luta pelo fim da ditadura. Ao retornar de Roma, um dia depois da invasão, Arns deu uma declaração contundente sobre o episódio: “Na PUC só se entra prestando exame vestibular. E só se entra na PUC para ajudar o povo, não para destruir as coisas.” 

Homenagem

Na última segunda-feira 18, a universidade diplomou cinco estudantes da instituição que morreram ou desapareceram durante a ditadura. A homenagem fez parte de uma programação organizada pela PUC-SP para lembrar a data.

Foram diplomados Carlos Eduardo Pires Fleury, curso de Direito; Cilon Cunha Brum, economia; José Wilson Lessa Sabbag, direito; Luiz Almeida Araújo, ciências sociais) e Maria Augusta Thomaz, filosofia. Os diplomas foram entregues a parentes dos homenageados.

Fonte: Carta Capital

Vídeo explica como colaborar para anulação da reforma trabalhista


A CUT lançou no dia 7 de setembro a campanha de arrecadação de assinaturas para a apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular (Plip) que revoga a reforma trabalhista. O projeto, do presidente ilegítimo Michel Temer, já foi aprovado pelo Congresso e começa a valer a partir do dia 11 de novembro.
A CUT Brasília lançou um vídeo explicativo sobre como participar da campanha. Nele, você vai saber o que é preciso para assinar o Plip, como expandir a campanha e colaborar para que os direitos da classe trabalhadora não sejam aniquilados pelos golpistas de plantão. É super fácil e rápido. Assista ao vídeo.


Fonte: CUT Brasília

Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência será marcado por atividades em defesa de direitos


Nesta quinta-feira (21) é Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, e durante todo o dia ocorrerão diversas atividades, como palestras sobre os direitos da pessoa com deficiência e atendimentos jurídicos. Na parte cultural, grupos teatrais e musicais trarão alegria para o evento. As atividades acontecem das 9h às 12h, na Estação de metrô da 112 Sul.
Para o secretário de Política Social da CUT Brasília, Yuri Soares, neste dia é importante dar visibilidade a lutas como a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, principalmente. “Nossa luta nesse âmbito é exigir que as empresas cumpram a legislação, ofertando as vagas que são de direito e outras coisas básicas, como acessibilidade e transporte público”, afirmou.
No mesmo dia, terá início o 4º Encontro Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência, em São Paulo, que acontece até o dia 23 de setembro. A CUT Brasília será representada por seus delegados do Coletivo de trabalhadores com deficiência.
Quase 24% da população brasileira é composta por pessoas que possuem algum tipo de deficiência. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 45 milhões de Pessoas com Deficiência (PCDs).
Sessão solene
Já na sexta-feira (22), a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) promoverá uma sessão solene em homenagem ao Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. A atividade acontece no Plenário Ulysses Guimarães – Câmara dos Deputados, a partir das 15h.
Fonte: CUT Brasília

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