Ato na Câmara dos Deputados destaca mobilização das mulheres contra a reforma da Previdência

Quando se pensa na jornada dupla ― e até tripla ― das mulheres, pressupõe-se que, para a construção de uma sociedade mais justa, qualquer projeto que as envolva deva levar em consideração essa questão. Porém, não é o que propõe a reforma da Previdência de Bolsonaro (PEC 006/2019), que ignora as injustiças laborais e estabelece ao grupo regras mais rigorosas para concessão da aposentadoria.

Diante disso, mulheres de todos os segmentos sociais, trabalhadoras do campo e da cidade se uniram em grande ato no Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, nesta quinta (11).

Meg Guimarães, vice-presidenta da CUT Brasília Foto | Leandro Gomes

“São mulheres dos quatro cantos desse país, que não aceitam a crueldade dessa reforma que vai atingir o conjunto da classe trabalhadora, principalmente, as mulheres. Nós, da CUT, reafirmamos que não aceitaremos nenhuma retirada de direito e estaremos na luta”, disse a vice-presidenta da CUT Brasília, Meg Guimarães.

O ato iniciou com a exibição de um vídeo, em que mulheres de várias categorias destacavam suas preocupações diante da medida e ressaltavam a necessidade de mobilização.

“Viemos aqui para dizer um grande sim à aposentadoria das mulheres e não à PEC 006. Compreendemos que, por sermos as mais atingidas, necessitamos estar em constante mobilização, seja aqui na Câmara, ou nas ruas. Unidas venceremos”, avaliou a secretária de Mulheres da CUT Brasília, Sônia de Queiroz.

Ato Mulheres Unidas em Defesa da Aposentadoria | Foto: Leandro Gomes

A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), destacou que a reforma é extremamente danosa a toda a população, porém, com danos mais graves às mulheres. “É uma reforma misógina, excludente, e que discrimina, principalmente, as negras e as pobres”, afirmou.

De fato, a proposta do presidente é bastante preocupante para o grupo. De acordo com nota elaborada pela Assessoria Técnica da Liderança da Minoria da Câmara dos Deputados, a mulher trabalha nove horas a mais que os homens. Esse fator não é levado em consideração na PEC.

Atualmente, a idade mínima para acesso ao beneficio é de 60 anos para trabalhadoras urbanas e 55 para as rurais. Pela proposta, ela será elevada para 62 e 60 anos, respectivamente. Além disso, o tempo de contribuição estende de 15 para 20 anos. Esse período, no entanto, não garante o valor integral da aposentadoria. Para receber 100%, será necessário contribuir por 40 anos.

“Um dia, não queriam que tivéssemos direito ao voto. Nós fomos à luta e conquistamos. Não queriam que tivéssemos o direito de usar a caneta, os microfones. Mais, uma vez, conquistamos. Agora, querem tirar o direito à aposentadoria, o direito à dignidade, e não vamos aceitar. Temos direito a uma aposentadoria com tempo diferenciado. Seguiremos unidas. Uma puxa a outra, e ninguém larga a mão de ninguém”, finalizou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).

Fonte: CUT Brasília

CUT convoca trabalhadores para dialogar com deputados e impedir a reforma

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O futuro e a dignidade da classe trabalhadora estão nas mãos dos deputados que compõem a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que estão analisando a constitucionalidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 06/2019, de reforma da Previdência.

São 66 deputados que votarão, na próxima terça-feira (16),   o texto da PEC que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) entregou em fevereiro. Caso seja aprovada na CCJ, a proposta segue para outras comissões até chegar ao plenário e ser votada pelos parlamentares.

Se a PEC for aprovada, o impacto das alterações será enorme tanto para a Previdência Social quanto para a  Seguridade Social. O que o governo quer é acabar com o sistema atual, onde quem está no mercado banca a aposentadoria dos que saíram, e criar uma Previdência privada, que só interessa ao sistema financeiro, em detrimento de uma aposentadoria e um sistema de saúde para todos e todas.

“É por isso que a CUT convoca seus dirigentes, militantes, trabalhadores e trabalhadoras para que procurem em suas cidades, nos seus estados, nos aeroportos e em suas bases eleitorais os deputados que compõem a CCJ e, por meio do diálogo pacífico, os faça compreender que votar a favor desta reforma é votar contra a classe trabalhadora”, explica a Secretária-Geral adjunta da Central, Maria Aparecida Faria.

“Este é um momento crucial na defesa do nosso direito a uma aposentadoria digna que garanta o nosso futuro, das nossas famílias e do povo brasileiro. Por isso, mais do que nunca é necessário retomarmos as ações de pressão junto aos parlamentares”, diz trecho da carta-convocatória que a CUT está enviado para todos os seus sindicatos, federações e confederações.

Para isso, foi elaborada uma agenda que se inicia nesta sexta-feira (12) e até a segunda-feira (15).

O final de semana é fundamental para fazer essas abordagens pacíficas, atos com faixas, panfletos que expressem os desejos da classe trabalhadora contra a reforma e pela manutenção do direito à aposentadoria, diz Maria.

No domingo (14) e na segunda-feira (15), a orientação é ir aos aeroportos nas cidades e estados, acompanhando a saída dos deputados da CCJ rumo a Brasília.

Os companheiros e companheiras têm disponibilizados materiais com os nomes dos deputados da CCJ  no link  https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/ccjc/conheca/membros ; os abaixo-assinados no site da CUT: https://www.cut.org.br/acao/abaixo-assinado-contra-a-reforma-da-previdencia-2cc0 ; e informações sobre a  reforma da Previdência no Reaja Agora: https://reajaagora.org.br/

Para Maria Aparecida Faria todos, trabalhadores, dirigentes e militantes precisam explicar como a reforma da Previdência vai afetar a vida dos brasileiros ao falar com os deputados da CCJ  para convencê-los a votar contra a reforma.

“O relator da CCJ, o deputado Marcelo Freitas, do PSL, já apresentou seu parecer favorável, dizendo que esta proposta não fere a Constituição. Mas nós divergimos porque entendemos que ela fere muito a Constituição porque tira direitos garantidos na nossa Carta Magna, mexe com o direito humano de condição de vida e de sobrevivência”, afirma a Secretária-Geral Adjunta da CUT.

A dirigente entende que é preciso discutir melhor com a sociedade todos os aspectos da reforma da Previdência, já que ela, ao contrário do que diz o governo, não acaba com privilégios, acaba com o direito de aposentadoria de milhões de trabalhadores e trabalhadores, em especial os mais pobres.

“É uma reforma que potencializa a capitalização, que favorece o mercado financeiro, os bancos e traz prejuízos à classe trabalhadora. O maior exemplo disso é o nosso vizinho o Chile, que hoje claramente está fazendo um movimento inverso à capitalização porque lá não deu certo. Os idosos vivem na miséria e aumentou muito o índice de suicídios entre as pessoas de mais idade”.

Por isso, reforça a secretária, “cada um e cada uma tem um trabalho muito importante neste final de semana. Buscar e recepcionar nos aeroportos, ir até as bases eleitorais, independentemente do partido político desses deputados, que se comprometeram a representar  a sociedade brasileira na Câmara, e convencê-los a não votar a favor da PEC na CCJ no próximo dia 16”.

A dirigente acredita que a proposta pode ser derrotada com a posição crítica da sociedade, que em recentes pesquisas, como a do Datafolha e a da CUT-Vox Populi, se posicionaram contra a reforma: 65% dos entrevistados pela Vox e 51% dos entrevistados pelo Datafolha foram contrários a proposta de reforma da Previdência.

“Por isso, a nossa orientação é que com toda a calma e toda a responsabilidade, mas com firmeza e coerência, a gente procure esses deputados, dialogue também com suas bases, mostre porque essa reforma prejudica os trabalhadores, as trabalhadoras e a economia do Brasil”, diz Maria Faria.

“Temos até segunda para convencê-los, antes que eles voltem para Brasília”.

 É no diálogo, no convencimento político que nós vamos conseguir fazer com que essa reforma seja reprovada

– Maria Aparecida Faria

Confira a íntegra da carta-convocação enviada aos dirigentes em todo o país:

Às Estaduais e Ramos da CUT

Companheiros e companheiras,

A Reforma da Previdência foi apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro de 2019 e no próximo dia 16 de abril deverá ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde 66 parlamentares decidirão se ela continuará, ou não, percorrendo o caminho legal para a votação em plenário.

Estamos em um momento crucial na defesa de nosso direito a uma aposentadoria digna, que garanta nosso futuro, de nossas famílias e do povo brasileiro. Precisamos estar atentos e a postos para barrar qualquer tentativa de aprovação da proposta do governo pelos parlamentares que nesse momento integram a CCJ.

É preciso lembrar a esses parlamentares o que os(as) trabalhadores(as) e o povo esperam que façam na defesa de seus direitos: votar contra a Reforma da Previdência!

Mais do que nunca se faz necessário retomarmos as ações de pressão junto aos parlamentares para que votem contra a Reforma da Previdência já nesse momento inicial, ainda tramitando na CCJ.

Nesse sentido, a Cut orienta suas Estaduais e Ramos para as seguintes ações:

  1. Retomar o movimento de pressão junto aos parlamentares componentes da CCJ em suas

bases eleitorais, em seus estados e suas cidades, fazendo o corpo-a-corpo em ações como:

  1. Sexta-feira (12) a domingo (14) – forte e constante presença nos aeroportos, tanto na saída de Brasília como na chegada dos deputados a seus estados e cidades para o final de semana, fazendo abordagens, atos, levando faixas, cartazes, panfletos que expressem os desejos da classe trabalhadora contra a Reforma;
  2. Durante o final de semana (12 a 14) – acompanhar a agenda desses parlamentares em seus estados e cidades, fazendo a mesma pressão, abordando, conversando e convencendo cada um para que atendam às reivindicações dos(as) trabalhadores(as). Trabalhar durante todo o final de semana no convencimento desses parlamentares onde quer que estejam, no sentido de que votem contra o parecer do relator e portanto, impedindo que a tramitação prossiga no congresso;
  3. Domingo(14) e segunda-feira(15) – presença maciça nos aeroportos nas cidades e estados, acompanhando a saída dos deputados rumo a Brasília e levando as mesmas reivindicações da classe trabalhadora.
  4. Durante todo esse período os sindicatos e entidades CUTistas devem continuar a denunciar os deputados junto às suas bases e ao povo em geral e cobrar sua posição contra a Reforma da Previdência e contra a retirada de direitos.
  5. Materiais essenciais que poderão ser utilizados estão disponíveis no site da CUT: https://www.cut.org.br/acao/abaixo-assinado-contra-a-reforma-da-previdencia-2cc0; no Reajaagora: https://reajaagora.org.br/; e informações sobre a CCJ no link https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes- permanentes/ccjc/conheca/membros.

É importante que nossos atos e atividades façam com que a sociedade perceba a CUT e suas entidades como defensoras dos direitos e da democracia no Brasil nesse momento difícil de nossa história.

Companheiros e companheiras, vamos à luta!

SOMOS FORTES! SOMOS CUT!

Vagner Freitas, presidente e Sergio Nobre, Secretário-Geral

Estudo da Unafisco: Capitalização da Previdência geraria faturamento anual de R$ 388 bilhões para os bancos

Todas as propostas de reforma da Previdência incluíram um pilar de capitalização. Nele, o trabalhador da ativa faz uma poupança, voluntária ou compulsória. Na hora de receber o benefício, o capital acumulado e seus rendimentos ajudam a compor o saldo, reduzindo a carga sobre os trabalhadores na ativa. Esse modelo é visto como virtuoso por dois motivos. O primeiro, macroeconômico, é que ele permitirá a geração de poupança de longo prazo. O segundo, microeconômico, é dar ao trabalhador as melhores alternativas para seu dinheiro, estimulando uma cultura de poupança.

No entanto, há algumas dificuldades.

Segundo Mauro José da Silva, diretor técnico da Unafisco – Associação dos Auditores Fiscais da Receita Federal-, a proposta de capitalização vai gerar negócios polpudos para os bancos. Porém, se a conta ficar apenas com o trabalhador, sem participação do empresário, o dinheiro vai durar pouco. Silva realizou um estudo, obtido com exclusividade pela revista ISTOÉ DINHEIRO, calculando a acumulação e os benefícios no longo prazo. Em seu estudo, ele considerou dois ciclos longos de 35 anos, nos quais haveria apenas o regime de capitalização e do qual participariam todos os trabalhadores.

Ao fim desse período, o sistema teria um patrimônio de R$ 54 trilhões, mais de 13 vezes o total aplicado atualmente em fundos de investimento. Esse montante geraria, em média, um faturamento anual de R$ 388 bilhões em taxas de administração e carregamento para os bancos. “Porém, na média, um trabalhador que se aposentasse aos 60 anos só teria dinheiro até os 73 anos”, diz Silva. Sem as taxas cobradas pelos bancos, o dinheiro acabaria aos 80 anos. “No limite da expectativa de vida atual”, diz ele. Sua conclusão é simples. “Apesar da defesa do sistema de capitalização, ele só se sustenta com a participação dos trabalhadores e dos empregadores, no mínimo com contribuições iguais para a formação da poupança.”

 

Título: Maná para os bancos
Publicação: IstoÉ Dinheiro
Autor: Cláudio Gradilone
Data: 20/3/2019

51% da população brasileira diz “Não” à reforma da Previdência

Uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Datafolha, divulgada nesta quarta-feira (10), no jornal Folha de S. Paulo, revela que 51% dos(as) brasileiros(as) são contra a reforma da Previdência proposta pelo governo do Bolsonaro.

De acordo com o levantamento, 51% é contra a reforma; 41% é a favor; 2% é indiferente; e, 7% não sabe. O instituto de pesquisa arredondou os resultados, que somaram 101% no total. Entre as mulheres, que são as mais afetadas pela proposta, a consciência é ainda maior: mais de 56% são contrárias a essa reforma.

Os resultados mostram que, mesmo com toda a campanha panfletária dos grandes veículos de comunicação por sua aprovação, incluindo aí a própria Folha de S. Paulo, a maioria da população já entendeu o que os rentistas que controlam o governo querem fazer com o direito social à aposentadoria para transformá-lo em variável econômica no sistema financeiro e rejeita a “reforma” da Previdência de Bolsonaro.

“Contudo, os grupos políticos, empresariais e o mercado financeiro não irão desistir de transformar a aposentadoria dos brasileiros em ativos do mercado financeiro para eles lucrarem e a gente não alcançar uma velhice tranquila. Por isso, o que irá garantir a existência do direito social à aposentadoria da classe trabalhadora é a mobilização popular, com ocupação das ruas, praças e participando dos debates sobre o assunto em todos os ambientes: no trabalho, na escola, na igreja, no almoço de domingo da família, desmascarando os rentistas que querem ver a Previdência se transformar em papel podre do mercado financeiro”, alerta Cláudio Antunes, coordenador de Imprensa do Sinpro-DF.

Nessa pesquisa, o Datafolha ouviu 2.086 brasileiros(as) com 16 anos ou mais, em 130 municípios de todo o país, entre os dias 2 e 3 de abril de 2019. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Apoio por gênero
O levantamento aponta ainda que a maioria das mulheres entrevistadas é contra a reforma nas regras de aposentadoria.

Mulheres (total 101%)

A favor: 34%

Contra: 56%

Indiferente: 2%

Não sabe: 9%

Já entre os homens 48% se disseram a favor a reforma da Previdência de Bolsonaro e 45%, contra.

Homens (total 100%)

A favor: 48%

Contra: 45%

Indiferente: 2%

Não sabe: 5%

Eleitores de Bolsonaro
Entre os eleitores de Bolsonaro, 55% se disseram a favor da reforma previdenciária e 36%, contrários.

Por outro lado, entre os entrevistados que afirmaram ter votado no ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) na eleição presidencial de 2018, 72% se posicionaram contra a proposta de reforma da Previdência do atual presidente da República.

Faixa de renda
Quando recortou os resultados da pesquisa por faixa de renda, o Datafolha observou que 50% dos entrevistados que ganham mais de 10 salários mínimos são favoráveis à PEC da Previdência.

Neste mesmo perfil de renda, 47% disseram ser contra a reforma previdenciária e 3% não sabem.

Outros resultados entre outras faixas de renda familiar, em salários mínimos, indicam que quem ganha até dois salários mínimos pensa da seguinte forma:

Renda até 2 salários mínimos
A favor: 37%

Contra: 53%

Indiferente: 1%

Não sabe: 9%

2 a 5 salários mínimos
A favor: 41%

Contra: 51%

Indiferente: 2%

Não sabe: 6%

5 a 10 salários mínimos
A favor: 47%

Contra: 46%

Indiferente: 3%

Não sabe: 4%

Escolaridade
Veja como se manifestaram os entrevistados em relação à reforma da Previdência, considerando-se a escolaridade:

Ensino fundamental (total 101%)

A favor: 42%

Contra: 47%

Indiferente: 2%

Não sabe: 10%

Ensino médio (total 100%)
A favor: 40%

Contra: 52%

Indiferente: 2%

Não sabe: 6%

Ensino superior (total 100%)

A favor: 40%

Contra: 54%

Indiferente: 2%

Não sabe: 4%

Idade mínima
O Datafolha também identificou que, entre os itens da proposta de reforma da Previdência, a sugestão de uma idade mínima para mulheres se aposentarem é o ponto mais rejeitado pelos brasileiros.

Confira como se posicionaram os(as) entrevistados(as) sobre idade mínima:

A idade mínima para homens se aposentarem deve ser de 65 anos

A favor: 46%

Contra: 52%

Indiferente: 1%

Não sabe: 1%

A idade mínima para mulheres se aposentarem deve ser de 62 anos (total de 99%)

A favor: 34%

Contra: 66%

Indiferente: 1%

Não sabe: 1%

Somente quem contribuir por 40 anos e complementar a idade mínima deve receber o valor integral da aposentadoria

A favor: 37%

Contra: 60%

Indiferente: 1%

Não sabe: 2%

Outras perguntas

O valor do benefício da pensão por morte, que era de 100%, passa a ser de 60% do benefício original, podendo ser maior de acordo o número de dependentes

A favor: 33%

Contra: 63%

Indiferente: 1%

Não sabe: 3%

Servidores públicos que ganham mais devem pagar alíquotas mais altas para a Previdência

A favor: 66%

Contra: 31%

Indiferente: 1%

Não sabe: 2%

Funcionários públicos devem ter o mesmo teto de aposentadoria do que os trabalhadores da iniciativa privada

A favor: 73%

Contra: 23%

Indiferente: 1%

Não sabe: 3%

Com informações do G 1

Reforma da Previdência pode levar ao desemprego mais meio milhão de pessoas

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Num país desigual como o Brasil, os benefícios da Previdência pagos aos trabalhadores rurais, idosos e aos carentes ajudam a sustentar famílias inteiras e são o esteio da economia de milhares de pequenas cidades brasileiras. A reforma da Previdência 2019 proposta pelo governo de Jair Bolsonaro, no entanto, ignora isso e pode levar a um efeito cascata que aumentaria em mais meio milhão o já elevado número de desempregados no país.

De acordo com a PEC 6/2019 apresentada pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes, os benefícios previdenciários passariam a ser calculados sobre a média de 100% das contribuições – o que rebaixaria o valor final – e somente após contribuir por 40 anos ao INSS o trabalhador teria direito ao valor integral. Além disso, os benefícios assistenciais, como os de Prestação Continuada (BPC), seriam desvinculados do valor do salário mínimo e não teriam garantida nem mesmo a correção monetária.

“Isso deverá produzir um importante impacto negativo na renda disponível de um grande contingente de famílias brasileiras de baixa renda”, afirma o economista Marcelo Manzano.

Estudo realizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA) em 2.077 municípios brasileiros indica que em 1.946 deles (ou 93,7%) os valores recebidos via benefícios previdenciários superavam os repasses realizados pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A maior parte do dinheiro que circula nessas cidades vem das aposentadorias pagas aos idosos, aos trabalhadores rurais, aos carentes e pessoas com deficiência via BPC.

“A Associação Brasileira de Municípios realizou sua assembleia em março e os prefeitos presentes foram unânimes: a reforma da Previdência, tal como vem sendo colocada pelo governo Bolsonaro, prejudicará muito os municípios e as prefeituras, uma vez que o empobrecimento da população, bem como a queda na economia de boa parte dos municípios, principalmente os pequenos e médios, com maior incidência no Norte e Nordeste, provocará não apenas queda na arrecadação como aumento da demanda pelos serviços públicos, especialmente na assistência social”, informa o estudo da FPA.

Segundo Manzano, a redução dos valores pagos pela Previdência teria efeitos arrasadores também para o mercado de trabalho.

“Cada um ponto do crescimento do PIB no Brasil nos últimos 20 anos significou crescimento entre 0,5% e 1,4% do mercado de trabalho. Como nosso país tem 90 milhões de ocupados, quando o PIB cresce 1%, na pior das hipóteses (os 0,5%) significa a expansão de 450 mil empregos”, explica o economista. “Se o contrário acontece, ou seja, a redução do PIB em 1% conforme projetado, nosso país pode perder aproximadamente 450 mil ocupações por ano em decorrência do desmonte do sistema de proteção social que está em vigor no país desde a Constituição de 1988.”

O efeito multiplicador da Previdência

A Previdência não significa só gasto que pode quebrar o Brasil, ao contrário do que quer fazer crer o governo Jair Bolsonaro.

Para dar uma ideia da importância dos recursos pagos pela Previdência no desenvolvimento nacional, Manzano explica que para cada real que a União transfere aos aposentados via Regime Geral da Previdência Social (RGPS), a economia cresce 0,53 mais. Quando esse real vai para os beneficiários do BPC, que são muito pobres e imediatamente gastam esses recursos, o efeito multiplicador é da ordem de 1,78 a mais.

É como se cada real que o governo gasta com a Previdência se multiplicasse e voltasse para o mercado 1,53 reais no caso da aposentadoria paga aos trabalhadores em geral e 1,78 reais quando se trata do que é pago via BPC.

“São recursos que estimulam as atividades econômicas nos municípios. Como é um número muito grande de pessoas, isso leva a um efeito multiplicador, promovendo outras atividades e fazendo com que a economia cresça”, afirma o economista.

“Ou seja, se de fato a reforma da previdência proposta pelo governo for aprovada nos termos em que foi apresentada, deverá afetar severa e negativamente o mercado de trabalho brasileiro”, avalia Manzano.

Com informações da CUT

CNTE debate Reforma da Previdência e seus impactos sobre os professores na Câmara dos Deputados

2019 04 04 destaque comissao

Nesta quarta-feira (4/4), o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, participou de audiência pública, na Comissão de Educação, da Câmara dos Deputados, com o tema “A Reforma da Previdência e seus impactos sobre os professores”.

Em sua participação, Heleno Araújo destacou que a reforma da Previdência está longe de atender as especificidades do trabalho escolar e falou sobre alguns aspectos que devem ser lembrados durante os debates: o financeiro e as condições de trabalho.

“De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a média remuneratória em 46 nações é de 31 mil dólares anualmente, no Brasil essa média é de 12,2 mil dólares. A Organização também indica que os professores brasileiros tem a maior jornada de trabalho por ano, com 42 semanas. Somado a isso, os professores possuem condições de trabalho desfavoráveis. Segundo pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Santa Catariana (UFSC), apenas 0,6% das escolas brasileiras tem infraestrutura próxima da ideal para ensino e apenas 44% das instituições de educação básica contam com estrutura de água encanada, sanitário, energia elétrica, esgoto e cozinha em sua estrutura. Nós temos uma carência de instrumentos e de equipamentos necessários para o bom desempenho dos educadores e o melhor desenvolvimento do aluno”.

2019 04 04 destaque comissao2Para Heleno, os professores são os mais atingidos com a proposta do governo Bolsonaro, principalmente as professoras, que compõem 80% da categoria do magistério de nível básico no país. “A aposentadoria especial do magistério praticamente acaba com a reforma, sobretudo para as professoras, tendo que contribuir por dez anos a mais no regime celetista e 5 anos extras nos regimes próprios”.

O presidente da CNTE também frisou o debate da aposentadoria especial sob outras problemáticas que incidem gravemente na vida profissional dos educadores, além do baixo salário.

“Estudos realizados em diversos países da América e da Europa têm mostrado que os docentes estão permanentemente sujeitos a uma deterioração progressiva da saúde psíquica. Hoje, o estresse é reconhecido como uma enfermidade profissional, capaz de provocar efeitos prejudiciais às pessoas afetadas. Atualmente, a causa motivadora de estresse entre os educadores brasileiros provem do alto grau de violência nas escolas.
Heleno encerrou sua fala afirmando que a aposentadoria especial é uma questão de justiça e está longe de caracterizar-se um privilégio.

A reunião, que foi presidida pela deputada Rosa Neide (PT-MT), teve a mesa composta pelo presidente da Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico e Tecnológico (Proifes), Nilton Brandão; do secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Ademar Sgarbossa; do representante do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Luiz Alberto dos Santos; e assessor da Secretaria de Previdência do Ministério da Economia, Alessandro Roosevelt. Além disso, 40 deputados estiveram presentes na audiência.

Com informações da CNTE

Bolsonaro ignora realidade do mercado de trabalho e põe em risco a Previdência

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O governo de Jair Bolsonaro (PSL) quer impor aos trabalhadores e trabalhadoras uma reforma da Previdência com regras equivalentes ou até mais duras do que as praticadas em países desenvolvidos, desconsiderando completamente a situação do mercado de trabalho brasileiro, que registra recordes nos números de desemprego e de contratações precárias.

As consequências desta reforma neste cenário, segundo o economista e professor da Unicamp, Eduardo Fagnani, serão o fim do financiamento da Previdência Social e a extinção do direito à proteção na velhice.

“Essa reforma quer impor regras de países desenvolvidos, com IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] elevado, e desconsidera completamente que essa não é a realidade do Brasil, que ocupa a 9ª posição em desigualdade numa relação de 198 países, com um mercado de trabalho cada vez mais precarizado”, diz o professor.

A realidade do mercado de trabalho brasileiro

Atualmente, 52,6% dos trabalhadores brasileiros estão fora do sistema pleno de proteção social, isso sem considerar os 13,1 milhões de desempregados e os 4,9 milhões de desalentados, que desistiram de procurar emprego depois de muito procurar.

Esses trabalhadores (52,6%) não têm vínculo empregatício e, portanto, não têm proteção para o futuro, não têm acesso aos benefícios do INSS e não têm direito a FGTS. Trabalham por conta, são contratados de forma precária ou como Pessoa Jurídica, os chamados PJ’s.

Já os empregados com carteira assinada respondem por apenas 38,9% da força ocupada e os servidores públicos, 8,5%.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do IBGE, e foram compilados pelos economistas José Roberto Afonso, professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), e Juliana Damasceno de Sousa, pesquisadora do Ibre/FGV.

Segundo o professor Eduardo Fagnani, o Brasil tem hoje 170 milhões de pessoas entre 14 e 65 anos em idade ativa. Desse total, 100 milhões fazem parte da População Economicamente Ativa (PEA), que estão no mercado de trabalho ou tentando se inserir, e 70 milhões estão fora, são aqueles que não trabalham nem estudam, que estão fora do mercado e outros, que é uma minoria, só estudam.

Do total da PEA, 27,9 milhões de trabalhadores estão subutilizados, segundo o IBGE – 13,1 milhões desempregados, 9,9 milhões subempregados e 4,9 milhões que não conseguem procurar empregos. Portanto, “estamos falando de uma população ocupada de aproximadamente 72,1 milhões de pessoas e de uma população excluída de 100 milhões”, diz Fagnani.

“Desse total, mais da metade trabalha sem carteira assinada e sem proteção. Com a reforma Trabalhista que ainda está sendo implementada, aqueles que ainda têm alguma proteção podem perdê-la a qualquer momento e terão dificuldade de contribuir com a Previdência Social”, explica Fagnani.

É nesse cenário que Bolsonaro propõe uma reforma da Previdência que tornam as regras ainda mais rígidas. Os trabalhadores, que já têm dificuldade de contribuir com as regras atuais, não vão conseguir mais pagar o INSS e isso terá reflexos no caixa da Previdência

–  

Desmonte do financiamento

Para o professor da Unicamp, se a reforma de Bolsonaro passar, daqui a 30 anos o resultado será o fim do financiamento do caixa da Previdência Social.

Isso porque, explica Fagnani, com a difícil realidade do mercado de trabalho sem proteção social, mais a proposta que pretende instituir o regime de capitalização, não existirá no futuro quem continuará pagando o Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

“A Previdência Social como conhecemos pode simplesmente acabar. Aí teremos uma massa de trabalhadores numa corrida de obstáculos que jamais conseguirá vencer”, diz o professor.

Um trabalhador rural, que consegue contribuir em média 3,5 meses no ano, vai precisar trabalhar 100 anos para conseguir se aposentar

BPC

A consequência do desmonte, diz Fagnani, será a migração de cerca de 70% a 80% da população para a proteção social, o chamado Benefício de Prestação Continuada, que, segundo a proposta de Bolsonaro, terá o valor rebaixado de um salário mínimo para R$ 400.

“E além do valor rebaixado, há o risco de não haver correção monetária, ou seja, o governo poderá deixar esse valor congelado por 5, 7 ou até 10 anos. E o que era R$ 400 pode se transformar ainda em R$ 250”.

Com informações da CUT

Reforma pode aumentar percentual de idosos miseráveis de 3% para 70%

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 06/2019, que propõe mudanças nas regras da Previdência, do governo Jair Bolsonaro (PSL), pode acabar com a Seguridade Social que o Brasil conquistou na Constituição de 1988 e aumentar a pobreza entre os idosos.

Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), se a PEC for aprovada, a pobreza entre os idosos vai aumentar de 2% a 3% para 70% ao longo dos próximos anos.

O alerta foi feito pelo professor Eduardo Fagnani, do Instituto de Economia da Unicamp, durante o debate “Nova Previdência ou o Fim da Previdência?”, organizado pela Associação dos Docentes da Unicamp (ADunicamp). Segundo o professor, as novas regras propostas por Bolsonaro para aposentadoria e pagamentos do Benefício de Prestação Continuada (BPC) provocará um impacto negativo muito grande na economia das cidades brasileira.

A reforma impõe a obrigatoriedade da idade mínima para aposentadoria de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres e aumenta o tempo mínimo de contribuição de 15 para 20 anos para os trabalhadores e trabalhadoras receberem 60% do valor do benefício. Se quiser receber o benefício integral tem de contribuir durante 40 anos.

As trabalhadoras mulheres e algumas categorias, como os rurais e os professores, serão especialmente prejudicadas pelo projeto. A proposta de Bolsonaro simplesmente exclui as aposentadorias específicas e não respeita o fato de que algumas profissões são essencialmente penosas e desgastantes.

Entre as propostas mais cruéis da reforma está a que diminui de um salário mínimo (R$ 998,00) para apenas R$ 400,00 o valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC) pago aos idosos que vivem em situação de extrema pobreza a partir dos 60 anos. Somente a partir dos 70 anos, esses idosos terão direito ao benefício de um salário mínimo, que hoje é pago a partir dos 65 anos.

Municípios

“A previdência rural e a prestação continuada reduziram o êxodo rural no Brasil, reduziram o êxodo do Nordeste para o Sul. E entre 70% a 80% dos municípios brasileiros a transferência dos recursos da Previdência é maior que os recursos transferidos pelo fundo de participação municipal e aquecem a economia nas cidades de todo o país”, disse Fagnani.

O sistema brasileiro de seguridade social, atacado por esta reforma, é formado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pelo seguro-desemprego, pelo BPC que beneficia idosos pobres e deficientes físicos e pelas previdências urbana e rural.

“Mais de 70% dos brasileiros só têm o SUS como porta de entrada para a assistência à saúde. Já o seguro desemprego beneficia cerca de sete milhões de trabalhadores e o BPC outros cinco milhões, enquanto a previdência urbana atende 20 milhões de aposentados e a rural 10 milhões”, afirmou Fagnani.

“No total, são cerca de 42 milhões de benefícios. Se cada pessoa tiver dois membros na família, eu estou falando em 120 milhões de pessoas. E, deste total, 70% recebem apenas o piso, ou seja, o salário mínimo”, argumentou.

Combate à desigualdade

Fagnani comparou o projeto de reforma brasileiro com reformas feitas em outros países. E concluiu que “reformas da Previdência são necessárias e são feitas em todos os lugares do mundo porque é preciso ajustar a expansão demográfica às regras do sistema. Países sérios, civilizados, desenvolvidos já fizeram suas reformas da previdência e estão fazendo a todo o momento. Mas eles não destroem o seu sistema de proteção social, porque sabem que é importante para o combate à desigualdade”.

O professor de Economia também afirmou que a propalada crise da Previdência é uma falsa crise e que os recursos que garantem a seguridade social não são o principal problema para o ajuste fiscal que o governo pretende impor.

“O problema no Brasil é que não há um diagnóstico da questão. Eu garanto para vocês que nos últimos 30 anos há mais de uma dezena de emendas constitucionais alterando a previdência social. No regime geral da previdência, o do INSS, nesse que há cerca de 20 milhões de pessoas recebendo um salário mínimo por mês, não há nada o que fazer, não é necessário fazer nada, além de alguns ajustes pontuais, não há necessidade de uma reforma geral. Eu garanto para vocês”.

Com a criação do fundo de previdência complementar, em 2012, com teto de R$ 5,8 mil reais, a questão da aposentadoria do servidor público federal também foi resolvida. “E ele vai se aposentar em 2050. Então o problema do funcionário público federal, no futuro – e você faz reforma pensando no futuro – também está resolvido”.

Fonte: Carta Campinas com ADunicamp

CNBB apoia a luta da classe trabalhadora contra a reforma da Previdência

notice

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apoia a luta da CUT e demais centrais sindicais contra a reforma da Previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). O apoio foi verbalizado ao presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, e aos representantes das demais centrais sindicais (Força, UGT, NCST, Nova Central, Intersindical, CTB, CGTB CSP-Conlutas) por dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, durante encontro na tarde desta sexta-feira (29), em Brasília.

Na quinta-feira (28), após três dias de reunião, a CNBB, que lançou em 6 de março a Campanha da Fraternidade 2019 sob o tema Fraternidade e Políticas Públicas, divulgou nota na qual se posiciona contrária à PEC 06/2019 da reforma da Previdência.

No documento (leia a íntegra abaixo), a entidade ratifica o que a CUT vem denunciando desde que o texto foi enviado ao Congresso Nacional: “essa reforma sacrifica a todos, mas principalmente os mais pobres, as mulheres e os trabalhadores rurais”.

“Há um consenso, um entendimento, entre a CUT, demais centrais e CNBB sobre os efeitos devastadores da reforma da Previdência para a classe trabalhadora brasileira, principalmente os mais pobres”, explica o presidente nacional da CUT.

Segundo Vagner, o dom Leonardo Steiner também considera que o objetivo dessa reforma, que ele chamou de  “desmonte”,  é a capitalização e a desconstitucionalização da Previdência e Seguridade Social.

“Comungamos [centrais e CNBB] do mesmo pensamento de que a reforma proposta por Bolsonaro quer usar a Previdência Social para beneficiar o setor financeiro por meio do sistema de capitalização, que já se mostrou devastador em países como o Chile, e também de que o trabalhador mais pobre será o mais atingido se essa reforma for aprovada”.

A CNBB

A CNBB é o órgão máximo da Igreja Católica no Brasil, o País com o maior número de católicos do mundo, de acordo com Anuário Pontifício 2018 e o Annuarium Statisticum Ecclesiae. Segundo dados do IBGE, 64,6% dos cristãos brasileiros são católicos. No mundo, são 1,3 bilhão de pessoas.

Campanha da fraternidade

A Campanha da Fraternidade é uma campanha realizada anualmente pela CNBB no período da quaresma. No lançamento da campanha deste ano, em 6 de março, o presidente da CNBB, cardeal Sérgio da Rocha, já havia sinalizado qual seria o posicionamento da entidade frente às políticas públicas que retiram direitos dos mais pobres e vulneráveis.

“As políticas públicas devem assegurar e efetivar direitos fundamentais da população, a começar dos mais pobres e vulneráveis. O bem dos pequenos e fragilizados é critério para assegurar se a política está efetivamente a serviço do bem comum”, disse o cardeal.

“Os pobres e excluídos não podem ser esquecidos; ao contrário, devem ser considerados com especial atenção e elaboração de políticas públicas”. E considerou: “o desafio de de contribuir para a formulação de políticas públicas se desdobra e se completa em dois outros grandes mo momentos: acompanhar a efetivação das públicas e avaliar os seus resultados“.

Íntegra da nota da CNBB divulgada na quinta-feira (28/03):

Mensagem do Conselho Permanente da CNBB

“Serás libertado pelo direito e pela justiça” (cf. Is 1,27)

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília-DF nos dias 26 a 28 de março de 2019, assistidos pela graça de Deus, acompanhados pela oração da Igreja e fortalecidos pelo apoio das comunidades eclesiais, esforçamo-nos por cumprir nossa missão profética de pastores no anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo e na denúncia de acontecimentos e situações que se opõem ao Reino de Deus.

A missão da Igreja, que nasce do Evangelho e se alimenta da Eucaristia, orienta-se também pela Doutrina Social da Igreja. Esta missão é perene e visa ao bem dos filhos e filhas de Deus, especialmente, dos mais pobres e vulneráveis, como nos exorta o próprio Cristo: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). Por isso, nosso olhar se volta constantemente para a realidade do país, preocupados com propostas e encaminhamentos políticos que ameacem a vida e a dignidade dos pequenos e pobres.

Dentre nossas atuais preocupações, destaca-se a reforma da Previdência – PEC 06/2019 – apresentada pelo Governo para debate e aprovação no Congresso Nacional. Reafirmamos que “o sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade…), particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores ético-sociais e solidários” (Nota da CNBB, março/2017).

Reconhecemos que o sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário, adequado à Seguridade Social. Alertamos, no entanto, que as mudanças contidas na PEC 06/2019 sacrificam os mais pobres, penalizam as mulheres e os trabalhadores rurais, punem as pessoas com deficiência e geram desânimo quanto à seguridade social, sobretudo, nos desempregados e nas gerações mais jovens.

O discurso de que a reforma corta privilégios precisa deixar claro quais são esses privilégios, quem os possui e qual é a quota de sacrifício dos privilegiados, bem como a forma de combater a sonegação e de cobrar os devedores da Previdência Social. A conta da transição do atual regime para o regime de capitalização, proposto pela reforma, não pode ser paga pelos pobres.

Consideramos grave o fato de a PEC 06/2019 transferir da Constituição para leis complementares regras previdenciárias como idades de concessão, carências, formas de cálculo de valores e reajustes, promovendo desconstruções da Constituição Cidadã (1988). 

Fazemos um apelo ao Congresso Nacional que favoreça o debate público sobre esta proposta de reforma da Previdência que incide na vida de todos os brasileiros. Conclamamos as comunidades eclesiais e as organizações da sociedade civil a participarem ativamente desse debate para que, no diálogo, defendam os direitos constitucionais que garantem a cidadania para todos.

Ao se manifestar sobre estas e outras questões que dizem respeito à realidade político-social do Brasil, a Igreja o faz na defesa dos pobres e excluídos. Trata-se de um apelo da espiritualidade cristã, da ética social e do compromisso de toda a sociedade com a construção do bem comum e com a defesa do Estado Democrático de Direito.

O tempo quaresmal, vivido na prática da oração, do jejum e da caridade, nos leva para a Páscoa que garante a vitória, em Jesus, sobre os sofrimentos e aflições. Anima-nos a esperança que vem de Cristo e de sua cruz, como ensina o papa Francisco: “O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura batalhadora contra as investidas do mal” (Evangelii Gaudium, 85).

Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por todos os brasileiros e brasileiras!

Brasília – DF, 28 de março de 2019.

Dom Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de Salvador
Vice Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

Com informações da CUT

Conselho Permanente da CNBB divulga nota contra reforma da Previdência

Reunidos entre os dias 26 e 28 de março na sede provisória da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), os bispos que integram o Conselho Permanente da entidade emitiram uma mensagem na qual demonstram preocupação com a reforma da Previdência – PEC 06/2019.

No texto, os bispos reafirmam que o sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. “Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade…), particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores ético-sociais e solidários” (Nota da CNBB, março/2017).

Eles reconhecem que o sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário adequado à Seguridade Social. Alertam, no entanto, que as mudanças contidas na PEC 06/2019 sacrificam os mais pobres, penalizam as mulheres e os trabalhadores rurais, punem as pessoas com deficiência e geram desânimo quanto à seguridade social, sobretudo, nos desempregados e nas gerações mais jovens.

Apontam também que o discurso de que a reforma corta privilégios precisa deixar claro quais são esses privilégios, quem os possui e qual é a quota de sacrifício dos privilegiados, bem como a forma de combater a sonegação e de cobrar os devedores da Previdência Social. “A conta da transição do atual regime para o regime de capitalização, proposto pela reforma, não pode ser paga pelos pobres”, reforçam.

Ainda na mensagem, os bispos fazem um apelo ao Congresso Nacional para que favoreça o debate público sobre esta proposta de reforma da Previdência que incide na vida de todos os brasileiros. “Conclamamos as comunidades eclesiais e as organizações da sociedade civil a participarem ativamente desse debate para que, no diálogo, defendam os direitos constitucionais que garantem a cidadania para todos, dizem em um dos trechos.

Confira abaixo, a mensagem, na íntegra:

MENSAGEM DO CONSELHO PERMANENTE DA CNBB

“Serás libertado pelo direito e pela justiça” (cf. Is 1,27)

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília-DF nos dias 26 a 28 de março de 2019, assistidos pela graça de Deus, acompanhados pela oração da Igreja e fortalecidos pelo apoio das comunidades eclesiais, esforçamo-nos por cumprir nossa missão profética de pastores no anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo e na denúncia de acontecimentos e situações que se opõem ao Reino de Deus.

A missão da Igreja, que nasce do Evangelho e se alimenta da Eucaristia, orienta-se também pela Doutrina Social da Igreja. Esta missão é perene e visa ao bem dos filhos e filhas de Deus, especialmente, dos mais pobres e vulneráveis, como nos exorta o próprio Cristo: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). Por isso, nosso olhar se volta constantemente para a realidade do país, preocupados com propostas e encaminhamentos políticos que ameacem a vida e a dignidade dos pequenos e pobres

Dentre nossas atuais preocupações, destaca-se a reforma da Previdência – PEC 06/2019 – apresentada pelo Governo para debate e aprovação no Congresso Nacional. Reafirmamos que “o sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. Ele é criado para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade…), particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores ético-sociais e solidários” (Nota da CNBB, março/2017).

Reconhecemos que o sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário, adequado à Seguridade Social. Alertamos, no entanto, que as mudanças contidas na PEC 06/2019  sacrificam os mais pobres, penalizam as mulheres e os trabalhadores rurais, punem as pessoas com deficiência e geram desânimo quanto à seguridade social, sobretudo, nos desempregados e nas gerações mais jovens. O discurso de que a reforma corta privilégios precisa deixar claro quais são esses privilégios, quem os possui e qual é a quota de sacrifício dos privilegiados, bem como a forma de combater a sonegação e de cobrar os devedores da Previdência Social. A conta da transição do atual regime para o regime de capitalização, proposto pela reforma, não pode ser paga pelos pobres. Consideramos grave o fato de a PEC 06/2019 transferir da Constituição para leis complementares regras previdenciárias como idades de concessão, carências, formas de cálculo de valores e reajustes, promovendo desconstruções da Constituição Cidadã (1988).

Fazemos um apelo ao Congresso Nacional que favoreça o debate público sobre esta proposta de reforma da Previdência que incide na vida de todos os brasileiros. Conclamamos as comunidades eclesiais e as organizações da sociedade civil a participarem ativamente desse debate para que, no diálogo, defendam os direitos constitucionais que garantem a cidadania para todos.

Ao se manifestar sobre estas e outras questões que dizem respeito à realidade político-social do Brasil, a Igreja o faz na defesa dos pobres e excluídos. Trata-se de um apelo da espiritualidade cristã, da ética social e do compromisso de toda a sociedade com a construção do bem comum e com a defesa do Estado Democrático de Direito.

O tempo quaresmal, vivido na prática da oração, do jejum e da caridade, nos leva para a Páscoa que garante a vitória, em Jesus, sobre os sofrimentos e aflições. Anima-nos a esperança que vem de Cristo e de sua cruz, como ensina o papa Francisco: “O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura batalhadora contra as investidas do mal” (Evangelii Gaudium, 85).

Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por todos os brasileiros e brasileiras!

Brasília-DF, 28 de março de 2019

 Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de Salvador
Vice-Presidente da CNBB

          Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

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