A valorização da educação passa pelo(a) professor(a)

Jefferson Amauri - Dia 4Os últimos dez anos foram de lutas, mas também de conquistas para os professores e professoras da rede pública de ensino do Distrito Federal. Apesar dos avanços, ainda é preciso lutar por mais conquistas. Quem afirma é o professor Jefferson Amauri Leite de Oliveira, da Escola Classe 15 de Planaltina. Segundo o educador, a categoria teve melhorias salariais, reconhecimento por boa parte da população e um avanço na formação continuada. Em muitas delas, lembra Jefferson, foram conquistadas graças às negociações realizadas em 2013 “sem a necessidade de levar a categoria à greve, fato que prejudicaria a população”. Apesar disto, pontos importantes como o plano de saúde ainda aguardam por uma solução.
“A luta não pode acabar. Precisamos de mais recursos nas escolas, de um espaço maior para desenvolver o trabalho em sala de aula, mais vagas para mestrado e doutorado e de um plano de saúde”, diz o professor, salientando que nem sempre a valorização da carreira está ligada ao salário dos educadores, mas também ao investimento e aos recursos que são investidos na educação pública do Distrito Federal.
Para o futuro, Jefferson de Oliveira afirma que a grande mudança deverá ser estrutural. A modernização de prédios escolares, o aumento na descentralização de recursos para as escolas e a redução de alunos por sala de aula são medidas que necessariamente precisam estar na pauta de negociação com o governo. Para estas e outras mudanças, o professor concorda que os recursos do Plano Nacional de Educação (PNE) e do pré-sal terão papel fundamental na melhoria da educação do país. “Acredito que se estes recursos forem bem geridos, com certeza farão a diferença para uma escola pública de qualidade não somente do Distrito Federal, mas também em todo o país”, finaliza.
 
Professor: Jefferson Amauri Leite de Oliveira
Escola Classe 15 de Planaltina

 
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Artigo do professor Luís Guilherme Moreira Baptista
Artigo do professor Felipe Sinicio de Barros
Artigo da professora Maria da Glória Bonfin Yung 

Para professor, categoria deve abandonar “velha pedagogia tradicional”

Felipe - Dia 2º (1)A qualidade do ensino e as formas de financiamento foram um dos temas que mais marcaram, este ano, o debate sobre educação. Da discussão parlamentar para aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) com destinação de 75% dos royalties do pré-sal e 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação, no início do ano, até a classificação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), neste segundo semestre, os temas pautaram a mídia e o discurso eleitoral.
Um estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados indicou que a educação pública receberá R$ 364,5 bilhões do pré-sal em 17 anos, e que esse valor poderia ser muito maior, chegando ao triplo disso. Quanto ao financiamento, vários estudos demonstraram que sem os recursos do pré-sal e os 10% do PIB (fontes listadas como prioritárias no PNE), a educação pública não irá avançar no mesmo ritmo da demanda do povo.
“Espero que os recursos cheguem à educação. Mas o que temos visto é que mesmo com esses planos, alguns municípios e estados não conseguem realizar o que é previsto para eles, como é o caso do Piso Salarial, previsto no PNE. Só recurso não basta. É preciso comprometimento dos gestores públicos com as pautas da educação”, avalia Felipe Sinicio de Barros, professor de história do Centro Educacional São Bartolomeu, em São Sebastião.
Ele acredita que o pré-sal e os 10% do PIB podem fazer a diferença na educação, mas entende que o próprio sistema educacional e a mentalidade dos professores em relação à sua prática têm de modificar. “Não podemos ter um currículo que se baseie em concepções histórico-críticas enquanto professores praticam a velha pedagogia tradicional no cotidiano. É incoerente. Pré-sal e os 10% do PIB são um bom incentivo econômico, mas se não houver mudanças sistêmicas e, principalmente, mudanças na relação que nós professores estabelecemos com os estudantes, esse incentivo não bastará. Pode se tornar dinheiro desperdiçado”, afirma.
Aprovado no concurso de 2008 e récem-empossado, Felipe diz que ingressou no serviço público “por ideologia e por afinidade com os estudantes da rede pública”. Todavia, encontra dificuldades para falar de um modo geral sobre como o professor se vê na carreira. “É complicado estabelecer generalizações. Penso que o professor se vê como um lutador, um batalhador, sempre buscando garantir para si melhores condições de trabalho, valorização da profissão e para os estudantes uma educação de qualidade”, analisa.
Para Felipe, o plano de carreira dos docentes do DF é uma prova do avanço do setor. “Ele representa uma valorização profissional, porém, ainda há muito que fazer para que o professor se sinta plenamente valorizado”. Felipe atribui a conquista desse plano à greve longa e árdua, com muita negociação com o governo e muita pressão do mesmo para que os professores encerrassem a paralisação.
“Identifico-me com essa luta porque, além de contar com uma adesão considerável por parte dos professores, demonstrou a força dessa categoria para fazer valer seus direitos. Identifico-me, acima de tudo, com os colegas que fizeram parte desse movimento”, diz. Apesar do reconhecimento das melhorias, o professor do CED São Sebastião afirma que ainda há muitas mudanças a serem realizadas, como, por exemplo, a equiparação salarial com as outras carreiras de nível superior do GDF.
Ele lembra que, nessa luta por uma boa remuneração que proporcione tranquilidade, outro ponto importante a ser combatido é a progressiva tendência dos governos do DF de ampliar a contratação de professores temporários em vez da realização de concursos para a carreira. “A contratação temporária representa uma precarização do trabalho. É retirar direitos de professores que têm a mesma capacidade e qualidade dos professores efetivos. Há professores que atuam como temporários há 10 anos”.
Felipe considera possível à categoria conquistar a remuneração desejada, porém, só visualiza essa aquisição com luta e união, com engajamento e a busca dessa meta. “Quanto à contratação sistemática de professores temporários, só será possível frear essa tendência quando os professores efetivos, o sindicato e a categoria como um todo se sensibilizarem com a situação desses professores”, afirma.
Para ele, os(as) professores(as) só permanecerão na carreira se forem valorizados e, para isso, “falta maior acesso a cursos de capacitação, aprimoramento, pós-graduação para os profissionais da educação. A EAPE é um espaço importante, mas ainda não se faz presente em todas as regiões do DF, o que faz com que o deslocamento até ela desestimule o profissional a assistir os cursos. O acesso à esses cursos possibilitaria, ao professor, se manter atualizado em relação às novas demandas pedagógicas da sociedade, além de oferecer a oportunidade do professor continuar sendo um pesquisador mesmo tendo se distanciado das universidades”.
 
Professor: Felipe Sinicio de Barros
Centro Educacional São Bartolomeu, em São Sebastião

 
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Artigo da professora Maria da Glória Bonfin Yung 

A arte de lecionar e aprender com os estudantes

Luis Guilherme - Dia 3 (1)Já são quase 28 anos dentro das salas de aula e a aposentadoria se aproxima. O professor Luís Guilherme Moreira Baptista, do Centro de Ensino Médio Setor Leste admite dificuldades no início do magistério, mas se sente grato por toda esta trajetória. “Após todo este tempo lecionando, me considero uma pessoa melhor. Consegui entender esta arte de lecionar e aprender com os alunos. O início da carreira é difícil, são muitas dúvidas, angústias, muitos acham que o esforço não compensa. A própria faculdade não consegue dar a noção plena da realidade para quem está começando”, relata.
Desde o início, Luís vê avanços e retrocessos. “O governo nunca esteve na vanguarda nas mudanças positivas, porém alguns ajudam mais do que outros. Quem sempre teve esse papel, para a carreira e para a categoria, são os próprios professores e o Sindicato, tanto nos avanços pedagógicos, como os trabalhistas. O retrocesso é produto do crescimento da população. Falta professor, falta estrutura. No Plano Piloto, a estrutura das escolas é a mesma desde os anos 60”, lamenta.
O professor detalha que sempre fez parte das lutas. “Estava lá durante a primeira greve. Eu acho que o Plano de Carreira, modulação na coordenação, orientação educacional, a Gestão Democrática, alterações da grade curricular são alguns exemplos de grandes avanços”, diz.
Para ele, a categoria carece de investimento na carreira. “A questão salarial, ganhamos pouco em relação a outras profissões de nível superior. É necessário estimular o professor a fazer mestrado e doutorado, ainda o apoio é pequeno para a pesquisa. Acho que o Estado já passou da hora de perceber que esta valorização é necessária”. Mas ele é otimista. “Acredito no que faço, acredito no povo e no país. A solução para todos os problemas sempre estará na educação, ligada na cultura. Não temos outra saída”, afirma.
Este otimismo também está presente nos recursos prometidos para o setor (pré-sal, PNE e PDE). “A questão, como em qualquer outra política é a vontade, determinação e transparência na gestão dos recursos públicos. Temos que cobrar, fiscalizar e exigir a aplicação desses recursos. Não basta ter a verba, ela precisa ser bem aplicada. É uma grande oportunidade, uma janela para o futuro. Compete a gente lutar para que essa janela se abra para um campo florido, pois as condições são muito propícias”, comemora.
Ao final, Luís Guilherme resume essa trajetória de 28 anos em uma única frase: “aprendi que em sala de aula era possível renovar, criar novos paradigmas e se reinventar a cada dia. E que vale muito a pena trabalhar com educação”.
Professor: Luís Guilherme Moreira Baptista
Centro de Ensino Médio Setor Leste
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Artigo do professor Felipe Sinicio de Barros
Artigo da professora Maria da Glória Bonfin Yung 
 

É possível ocorrerem mais mudanças na educação brasileira

Ilka - Dia 5Mal ingressou no magistério, Ilka Dias Castelo Branco, professora de Atividades do 5º ano do Centro de Ensino Fundamental 05 do Guará, viu o sonho de ser professora arrefecer-se pelas dificuldades que enfrenta diariamente no desempenho do seu ofício. A falta de um bom salário e de respeito dos alunos é um dos fatores que podem determinar se ela vai continuar com esse projeto ou partir para outros desafios profissionais.
A professora ingressou recentemente na Secretaria de Educação no meio de turbulências: “O grupo de colegas que entrou comigo na SEEDF só conseguiu ser efetivado depois de muita luta. Fiz parte de um grupo de professores(as) convocado e desconvocado em 2011 e somente após pouco mais de um ano fomos convocados e realmente efetivados”, lembra.
Apesar dos problemas, ela considera a solenidade do Dia do Professor sinônimo da comemoração de sua entrada nos serviços públicos e da conquista da estabilidade. Sem observar grandes mudanças na carreira nesses três últimos anos, Ilka diz que ingressou há pouco tempo e que, somente em junho de 2015, vai completar três anos de magistério público.
“Se considerar como referencial de data o meu ingresso no serviço público para analisar a trajetória da docência no DF, não visualizo grandes transformações nesse período, apenas pequenas mudanças, como, por exemplo, um aumento reduzido, que vem sendo acrescentado gradativamente e uma gratificação incorporada. Contudo, ao ouvir o relato dos colegas mais antigos, reconheço que muitas coisas mudaram para melhor”, afirma.
Embora atribua as vitórias da categoria à luta dos(as) colegas mais antigos, ela se identifica e se sente totalmente integrada a essa luta. “Com relação à carreira, acredito ter entrado num momento mais tranquilo e sei que muitos colegas já enfrentaram grandes lutas”, diz.
Para Ilka, por mais que a categoria tenha conseguido avanços, há muito ainda o que buscar no sentido de conquistar melhorias. “O salário de professor ainda não é o ideal, penso que seria justo a equiparação salarial. Ganharmos como muitas outras carreiras. Gostaria muito de ver a nossa profissão ser tão desejada e valorizada como tantas outras, mais crianças sonhando com nossa profissão. E penso que com um salário melhor, uma sala de aula confortável, com temperatura adequada, com qualidade sonora e equipamentos tecnológicos seriamos mais bem sucedidos e respeitados”.
A professora vê também a falta de autonomia como um dos principais aspectos que desfalcam a valorização e põe em xeque a permanência na carreira. “Toda a sociedade quer interferir no trabalho do professor(a). Acho que isso, às vezes, banaliza um pouco e desvaloriza nosso trabalho. Seria interessante se instituir a todos os professoras o acompanhamento com fonoaudiólogos e psicólogos, uma vez que ocorrem fatores que desgastam muito o profissional”.
“Sinto falta do respeito que tantos antigos relatam e que também é relatado em outros países de o professor falar e os alunos calarem, obedecerem, valorizar com todo aquele amor e consideração que vivíamos em tempos atrás”, afirma. A professora acredita que, com o Plano Nacional da Educação (PNE) e o Plano Distrital de Educação (PDE), este último ainda em tramitação, há possibilidades de o dinheiro público chegar, finalmente, na área da educação. “O pré-sal e os 10% do PIB podem fazer a diferença na educação se realmente o discurso da presidenta Dilma não for apenas palavras jogadas ao vento. Acredito que é possível sim ocorrerem mais mudanças na educação brasileira”, diz.
 
Professora: Ilka Dias Castelo Branco
Centro de Ensino Fundamental 05 do Guará

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Artigo do professor Jefferson Amauri Leite de Oliveira
Artigo do professor Luís Guilherme Moreira Baptista
Artigo do professor Felipe Sinicio de Barros
Artigo da professora Maria da Glória Bonfin Yung 

As conquistas dependem da luta da categoria

Glorinha - Dia 1ºQuando entrou na Secretaria de Educação do Distrito Federal, então com 18 anos de idade, Maria da Glória Bonfin Yung carregava um sonho comum à maioria dos(as) professores(as): transformar a educação pública da capital federal. Após vários anos de trabalho e muita luta, a professora da Escola Parque 308 Sul afirma que a categoria alcançou várias vitórias. “Em 1985, ano que entrei na Secretaria de Educação, tínhamos muitos alunos nas salas de aula, trabalhávamos muito, não tínhamos jornada reduzida. Hoje está melhor. Temos mais tempo para estudar, o número de alunos diminuiu, a quantidade de escolas aumentou, a formação dá mais oportunidades aos professores, dentre tantas outras vitórias alcançadas”, afirma Glorinha.
Apesar das conquistas, a professora reconhece que ainda é preciso avançar. Um dos principais pontos, segundo Glorinha, é no compromisso da categoria com a profissão e com a educação pública do DF. “Não devemos nos esquecer que a luta é coletiva e não individual. Hoje, uma das maiores lutas é por um atendimento de saúde digno. Somos uma categoria envelhecida, temos o poder de transformar o mundo por meio da educação e para isto precisamos ter saúde”, analisa, complementando que a categoria tem uma série de benefícios a alcançar, mas somente com a luta de cada professor isto será possível.
Associado à luta da categoria, a professora avalia que os recursos que virão do Plano Nacional de Educação (PNE) terão papel fundamental no futuro da educação brasileira e na melhoria da vida do educador. “Participei de todas as lutas do Sinpro desde 1985. Mesmo quando estava fora da sala de aula estava atuando pela educação na Câmara Legislativa do DF. Sinto um orgulho imenso, uma felicidade e satisfação muito grande de ser professora. Acredito que quando queremos conseguimos transformar as coisas. É uma alegria podermos modificar a realidade”, finaliza.
 
Professora: Maria da Glória Bonfin Yung
Escola Parque 308 Sul

Profissão Professor(a)- Mudanças são lentas, magistério precisa de agilidade

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Tudo começou com um decreto imperial, de 15 de outubro de 1827, que trata da primeira Lei Geral relativa ao Ensino Elementar. Este decreto, outorgado por Dom Pedro I, veio a se tornar um marco na educação imperial, de tal modo que passou a ser a principal referência para os docentes do primário e ginásio nas províncias.
A Lei tratou dos mais diversos assuntos como descentralização do ensino, remuneração dos professores e mestras, ensino mútuo, currículo mínimo, admissão de professores e escolas das meninas.
Nos dias atuais, mesmo com novas leis, há uma significativa escassez de mão de obra qualificada, faltam professores em diversas áreas. A ausência de estímulo à formação é apontada como causa. Os primeiros são os docentes de física, matemática, química e geografia.
A falta de valorização da carreira do Magistério nos últimos anos está relacionada às condições de trabalho na educação e baixos salários, que tornam a profissão pouca atrativa.
Salários baixos e ambiente de trabalho com baixa qualidade não atraem os jovens que estão iniciando suas carreiras profissionais.
As estatísticas do Ministério da Educação (MEC) revelam uma situação ainda mais grave: o número de interessados em ser professor está caindo a cada ano, o que torna mais difícil suprir as demandas.
O professor tem estímulo em baixa, sente-se desprestigiado pela sociedade que o vê como um profissional despreparado, incapaz de acompanhar as inovações, os avanços tecnológicos da época e, consequentemente, incapaz de elevar o nível de ensino, de trazer a qualidade tão necessária aos dias atuais.
Um estudo da Unesco, divulgado em fins de 2002, apoiado em dados de 1999, obtidos em 38 países, revela que os professores brasileiros da educação básica cumprem até tripla jornada e seu salário médio, em início de carreira, está entre os mais baixos dos países em desenvolvimento. O salário médio inicial do professor brasileiro só está um pouco acima apenas do Peru e da paupérrima Indonésia.
A defasagem ressalta-se quando se compara com a Argentina, com o Uruguai e, principalmente, com a Suíça, que lidera os  países desenvolvidos. Ainda, entre 43 países, o Brasil tem a sexta maior média de aluno/professor (28,9) no ensino fundamental e a maior no ensino médio (38,6). O máximo recomendado pela Unesco e Organização Internacional do Trabalho está entre 20 e 30 alunos/professor. O número excessivo de alunos leva o professor ao estresse, prejudicando o seu rendimento e o rendimento do aluno.
A série Profissão Professor que homenageou os professores durante todo o mês de outubro foi um relato fiel de educadores e educadoras sobre a realidade da educação na capital federal, as conquistas alcançadas, problemas que afligem a categoria e os desafios que ainda temos pela frente.
Classes lotadas, alunos desinteressados, material ultrapassado, salários baixos e a ausência de valorização da carreira. Essas foram algumas dificuldades levantadas pelos professores entrevistados e com certeza não é isso que ninguém gostaria de enfrentar em seu dia-a-dia.
No entanto, nos últimos anos tem aumentado a procura dos estudantes por cursos de licenciatura, segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). A quantidade de vagas nas universidades também tem crescido, assim como o número de formandos.
Além disso, os professores (as) destacam que mesmo com todas as dificuldades vale a pena investir na carreira, pois o índice de desemprego no setor é quase zero e a satisfação de ensinar é uma das principais características de permanência na área. Eles ressaltam que alguns alunos surpreendem tanto, que vale a pena continuar na carreira apesar de todos os problemas.
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Profissão Professor – Projeto pedagógico pode diminuir problemas com a violência escolar

foto cd sinpro 2A violência escolar é um problema recorrente não só no Distrito Federal, mas em todo o país, e o aumento no número de casos, principalmente dentro dos centros de ensino, tem gerado preocupações por parte da comunidade escolar. Para o professor do Centro Educacional 02 do Guará, Augusto César Contreiras de Almeida, a criação de um projeto pedagógico voltado para a prevenção deste mal pode surtir efeitos positivos. “Há muito tempo a escola deixou de ter uma visão de que não precisa se preocupar com os temas sociais. É um assunto recorrente e ela tem que trabalhar este assunto, discutir nas reuniões pedagógicas e elaborar projetos para diminuir a ocorrência deste problema. Isto depende de uma interação entre a direção do colégio, o corpo docente e a própria comunidade escolar”, explica o professor, ressaltando que a escola não pode se furtar de trabalhar este tema.
Com 23 anos de magistério, Augusto César revela que se sente feliz com a profissão que abraçou, mas se sente pouco valorizado. “Me sinto feliz com a profissão que abracei, mas infelizmente não temos valorização porque vivemos numa sociedade consumista, capitalista e que te valoriza por quanto você ganha e não pelo papel social que exerce. Gosto do que faço, foi esta profissão que abracei e enquanto for professor vou lutar para melhorar as condições de trabalho da categoria”, diz.
Expectativas para o futuro
Apesar de todas as conquistas alcançadas pela categoria nos últimos anos, o professor do CED 02 afirma que ainda há muito que lutar. Entre as bandeiras de luta está a questão salarial. “Temos um dos piores salários das categorias de nível superior do Distrito Federal e isto precisa mudar. Sou favorável à ideia de um aumento significativo no salário, mas que isto venha associado à cobrança de resultados posteriormente”, sugere Augusto César. “A categoria precisa se envolver em projetos pedagógicos em busca de uma qualidade educacional melhor. A qualidade da educação no DF é boa, mas precisamos melhorar sempre”, finaliza.
Nome: Augusto César Contreiras de Almeida
Função: Professor
Série: Ensino Médio
Tempo de Magistério: 23 anos.
Escola: Centro Educacional 02 do Guará
 
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Profissão Professora – Desafios do magistério

fatima 15 200x200O Brasil convive com um problema similar ao do resto do mundo, que é a falta de professores devidamente habilitados para lecionar em diversas áreas do conhecimento na educação básica, como matemática, física, química, artes, língua estrangeira e outras.
 
O histórico processo de desvalorização do magistério, com carreiras pouco atraentes, sobretudo em relação aos demais servidores públicos com mesmo nível de escolaridade – além da violência e das condições precárias de trabalho na maioria das escolas, são os principais motivos que continuam afugentando os atuais profissionais e a juventude da profissão.
 
Fátima Aparecida Silva, secretária de Relações Internacionais da CNTE e vice-presidente regional da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL), lembra que após longo tempo de luta, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) conseguiu aprovar, no Congresso Nacional, a lei que regulamentou o piso salarial profissional nacional do magistério, conciliando vencimento básico mínimo para os planos de carreira, jornada de trabalho com percentual mínimo de tempo reservado para as atividades extraclasses e distinção do piso por nível de formação do/a professor/a.
 
No entanto a secretária de Relações Internacionais da CNTE lembra, também, que a maior parte de prefeitos e governadores tem ignorado solenemente a Lei do Piso, sem que nada lhes aconteça. E o próprio valor do piso ainda está aquém de um patamar digno e atraente para quem trabalha ou deseja trabalhar nas escolas públicas do país.
 
Há 28 anos na rede pública de educação básica do Mato Grosso do Sul, Fátima Silva diz que diante dessa conjuntura, a luta da CNTE continua focada na profissionalização e na valorização dos trabalhadores escolares. “Acreditamos que somente com políticas públicas indissociáveis no sentido de contemplar a formação inicial e continuada, o salário digno, a carreira atraente, a jornada compatível com a demanda profissional, a segurança e a saúde dos educadores – aliando-se a essas políticas a melhoria da organização do sistema educacional, com gestão democrática, currículo de base social e financiamento público capaz de atender aos desafios da escola integral –, é que será possível trilharmos um caminho mais promissor para a qualidade da escola pública”, destaca.
 
Sobre as expectativas de futuro da categoria e como vê a profissão.
Uma combinação de fatores levou o Ministério da Educação, recentemente, a pensar em uma política parecida com o Mais Médicos, porém sem a perspectiva de importar profissionais como aconteceu no caso da saúde.
 
Para a CNTE, o “Mais Professores” ainda não lançado oficialmente pelo MEC só alcançará êxito se focar as políticas voltadas para a valorização dos profissionais de forma sistêmica. Segundo Fátima Silva, “pouco adiantará investir na formação, se os salários continuarem aviltantes; da mesma forma que o piso salarial nacional não pode continuar dissociado da carreira, pois assim se constituirá em teto. É preciso disponibilizar melhores condições de trabalho para os que já se encontram nas redes de ensino, visto que só assim a juventude se convencerá de que o magistério é um caminho promissor para a realização de seus sonhos profissionais e de vida”, afirma.
 
O livro Educação: carinho e trabalho – burnout, a síndrome da desistência do educador, que pode levar à falência da educação (ed. Vozes, 1999) revela que a maioria esmagadora dos profissionais que atuam na escola pública gosta do que faz, mas se ressente de condições de trabalho e de retribuição efetiva do Estado. E essa constatação de pouco reconhecimento, aliada às condições de intensa inter-relação com os estudantes e suas mais variadas realidades socioeconômicas e culturais, expõem os profissionais da educação a inúmeros desgastes e à própria síndrome de burnout, que literalmente significa “perda de fogo, de ânimo” para desenvolver o trabalho com a necessária disposição física e psíquica.
 
Ainda de acordo com a secretária de Relações Internacionais da CNTE, “é fato que o Brasil precisa cuidar melhor de seus educadores. A categoria está adoecendo e a sociedade e os governos continuam exigindo da escola e de seus profissionais coisas que, propriamente, não lhes compete. Além de formar cidadãos, as famílias esperam que a escola eduque seus filhos, o que é completamente impossível e desaconselhável, além do que aumenta o estresse dos educadores. Por outro lado, a escola continua funcionando em condições pouco democráticas e emancipadoras, expondo contradições de seu papel enquanto instituição pública voltada à transformação da sociedade”, conclui.
 
Inúmeras pesquisas, inclusive realizadas pela CNTE (Retratos da Escola 1, 2 e 3 – ver em http://www.cnte.org.br/index.php/publicacoes/pesquisas), apontam um acelerado processo de envelhecimento da categoria do magistério, e, ao mesmo tempo, os levantamentos censitários revelam, ano a ano, uma baixíssima procura pelos cursos de formação de professores.
 
 
Nome: Fátima Aparecida da Silva
Cargo: Secretária de Relações Internacionais da CNTE e Vice-Presidente Regional da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL)
Formação: Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Tempo de magistério: 28 anos na rede pública de educação básica do Mato Grosso do Sul
 
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Profissão Professor – Mais música para humanizar o ensino

luiz 14 200x200“A profissão de professor é muito gratificante. Temos como missão, além de educar, o compromisso com uma prática pedagógica voltada para a superação e transformação da comunidade na qual atuamos.” Esta é a opinião do professor Luiz Henrique Martins Vieira, da Escola de Música de Brasília (EMB), sobre a carreira do Magistério.
 
É com orgulho que o professor fala da sua escola. “Na EMB nós fazemos música de manhã, de tarde e de noite. A música é a forma mais nobre de educar humanamente”, diz Luiz Henrique. Ele acrescenta que a escola fomenta o ensino da música erudita e popular, promovendo uma educação profissional voltada para a Educação Cidadã, mercado de trabalho e uma cultura estética.
 
Luiz Henrique, que tem 18 anos de profissão, diz que a Escola de Música já completou 50 anos de atividade. Segundo ele, a escola teve início com o professor e maestro Levino de Alcântara e, ao longo destas cinco décadas, fez história com sua contribuição para a formação profissional de músicos do Distrito Federal e Entorno.
 
Apesar da existência da lei que determina o ensino de música nas escolas, de acordo com o professor, isso ainda não ocorre. O que existe, diz Luiz, é a prática de alguns professores de Artes que dão aula de Música nas escolas.
 
Luiz Henrique considera de suma importância que a Secretaria de Educação do DF cumpra a lei, oferecendo condições para a oferta deste componente curricular, já que a música contribui imensamente para o desenvolvimento artístico, da imaginação e da criatividade como cultura estética. “A música favorece uma existência plena e autêntica do ser humano”, acrescenta Luiz. “Nossa expectativa é que tenhamos mais professores de música, para que possamos ter mais atividades de orquestras, bandas de música, prática de coral e espaços de manifestações artísticas em todas as regionais de ensino”, conclui o professor.
 
Nome: Luiz Henrique Martins Vieira
Função: Professor de Regência
Tempo de Magistério: 18 anos
Escola: Centro de Ensino Profissionalizante (CEP) – Escola de Música de Brasília
 
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Profissão Professora – Educar não é uma viagem com roteiro programado

eliana 13 200x200A professora Eliana Luíza de Azevedo, diz que quando entrou na rede pública de ensino, acreditava piamente que a profissão de educador seria previsível, bem como disse Paulo Freire: “uma agência de viagens com roteiros programados.” Mas, com o tempo, ela diz que descobriu que educar não era apenas ensinar aquilo que se programava, ia mais além.
 
“Estava em arriscar com o outro, ir além do esperado, acreditar jamais possuir respostas para tudo e tornar possível uma aprendizagem coletiva que abraça o ser como cidadão partícipe do mundo que o rodeia”, explica a professora.
 
Para Eliana, ser educador é cada dia poder crescer com o outro e aceitar mudanças, lendo e fazendo ler criticamente o mundo, sua economia, sociedade, política, religião, etnias e tudo o mais que faz parte de nosso universo. Ser educador, diz ela, pressupõe, antes de tudo, sentir-se como sujeito e objeto da aprendizagem, acreditando que para olhar o outro devemos reconhecê-lo em nós mesmos. Isso gera respeito, receptividade, aproximação.
 
Estes três pilares a fizeram perceber que cada educador — ao longo de sua história — vai construindo sua forma de descobrir, sentir e avaliar o outro e a si mesmo. “Ao longo da minha história profissional, quanto mais me aprofundava nesses fundamentos, mais amava e amava perceber no outro e em mim mesma as transformações advindas das descobertas”, lembrou Eliana.
 
Hoje, acrescenta, ela tem a certeza de que cada dia é um dia diferente, cada momento exige uma redescoberta e de ver nascer em cada ser a convicção de que apesar de todos os percalços, se ela pudesse escolher novamente outra profissão escolheria ser professora.
 
Desde 1984, professora Eliana trabalha na Secretaria de Educação. Como primeira turma, teve uma terceira série do ensino fundamental e foi aí, diz ela, que aprendeu que rir, chorar e aprender juntos é bem mais gostoso. Ao término da graduação, assumiu a cadeira de Português do ensino médio e desde antão atua na área e o prazer foi maior ainda.
A professora trabalha atualmente no Centro de Ensino Médio Setor Leste, com alunos do terceiro ano. Eliana confessa que é apaixonada e sente que – mesmo com a aposentadoria batendo à porta – é esta paixão que a faz assumir um projeto grandioso na escola chamado Projeto Semana de Arte e Cultura do Setor Leste.
 
“Neste projeto, vejo ser possível aliar aprendizagem da língua portuguesa à prática de pesquisa, descoberta corporal, artes plásticas, história, artes cênicas e reconhecimento do ser do mundo e estar no mundo”, explica Eliana.
 
Apesar disso, a professora considera que ainda se tem um longo percurso para se atingir uma educação de qualidade, não excludente, não elitista; em que todos possam “abrir os olhos para as coisas do mundo e sonhar com algo acessível, de fato, a todos.”
 
Ao longo da profissão, diz ainda Eliana, “os educadores se sentem impotentes diante do medo de falhar, de não ser aceitos; sentem-se fragilizados, desvalorizados, contraditórios, inconstantes, desaprovados. Infelizmente, essas injunções negativas, acomodadoras e medíocres norteiam a profissão e minam em muitos o idealismo que alimenta o ato de educar”, ressaltou.
 
“ É importante para nós enquanto profissionais que sejam reconhecidas, valorizadas e colocadas em prática as qualidades do educador, percebendo-o como capazes de modificar a percepção do outro, de ajudá-lo plenamente a apropriar-se do saber” afirma a professora, com sua experiência de quase 30 anos de magistério.
 
Concluindo, a professora Eliana diz que para isso, se faz necessário trabalhar a dignidade do profissional, possibilitando-lhe acessibilidade à formação continuada de qualidade, salários que justifiquem sua importância na sociedade, saúde de qualidade.
 
“Estes foram direitos pelos quais lutei durante todo o tempo de magistério. Avançamos bem pouco ao longo destes vinte e sete anos, mas não desejo uma luta com parcas vitórias aos colegas que no futuro abraçarem a profissão”, finaliza.
 
Nome Completo: Eliana Luíza de Azevedo
Ingresso na Secretaria: 28/03/1984
Escola em que atua: Centro de Ensino Médio Setor Leste
Área: professora de Português.
 
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