Governo rouba sonho de estudantes de ingressarem na Universidade de Brasília e centenas ficam fora do PAS
Centenas de estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal viram seu sonho de ingressar na universidade pública federal furtado e seu esforço para isso completamente desrespeitado pelo Governo do Distrito Federal (GDF). Frustração e decepção são os sentimentos gerais entre estudantes do Ensino Médio que se dedicaram durante todo o ano para conseguir uma vaga na Universidade de Brasília (UnB).
Além de não terem recebido a isenção, como vinham recebendo em anos anteriores, foram impedidos de se inscreverem no Programa de Avaliação Seriada (PAS), nesta semana, porque a data limite para pagamento da taxa está totalmente desconectada dos dias de pagamentos de salário da grande maioria dos trabalhadores da capital. O Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe/Cespe) divulgou a lista dos isentos na sexta-feira (28/10) e a data limite para pagamento da taxa de inscrição foi até segunda (1º/11).
Um fim de semana separou a data da divulgação da lista da do último dia de pagamento para quem não foi contemplado pela isenção. “O pagamento da taxa de R$ 120 seria nessa segunda-feira (1º/11) para os que não conseguiram a isenção do PAS. O problema é que muitos(as) estudantes não tinham esse dinheiro porque seus pais só recebem salário por volta do dia 5, 10 e até dia 15 do mês. Esses e essas ficarão de fora das etapas, conforme o caso. A frustração é geral”, informa Marco Antônio, professor do Centro de Ensino Médio 404 (CEM 404), de Santa Maria.
Se, num primeiro momento, foram abatidos pela decepção de não verem seus nomes figuraram, pela primeira vez, na lista dos isentos, esse sentimento se tornou frustração ao verem que o prazo exíguo e sem conexão com as datas de recebimento de salário dos pais seria o impedimento principal para barrar sua entrada na instituição de educação superior . O que aconteceu é que o governo do DF e o Cebraspe mataram a esperança de centenas de estudantes de baixa renda de ingressarem na universidade pública.
“Muitos estudantes com potencial de passar viram sua chance de ingressar na UnB pelo PAS indo por água abaixo. Ficamos muito irritados(as) com essa falta de tato do Cebraspe, que até agora não se pronunciou se vai prorrogar o prazo de pagamento. Essa situação ocorreu em várias Regionais de Ensino. Para mim isso foi uma grande perversidade”, afirma o professor.
Ele conta que desde o início, quando o governo Rollemberg (PSB) mudou as regras, há problemas para se inscrever no PAS. Primeiramente, instituiu uma burocracia, a qual não existia anteriormente, para solicitar a isenção. “Essa burocracia foi enorme. Sem contar que estudantes que possuíam o NIS – condição estipulada no edital, pelo governo, para o estudante obter a isenção – também tiveram seus pedidos indeferidos. O prejuízo emocional desses e dessas estudantes é enorme”, assegura Marco Antônio.
Na avaliação da diretoria do Sinpro-DF, esse é o modelo de gestão privatista do governador do Rollemberg. “Não é só o prejuízo emocional. É também o prejuízo social e material. Ao contrário do governo anterior, o governo Rollemberg implanta a exclusão educacional no DF. Ele rompeu, em 2015, com as políticas de inclusão educacional e social para as classes de baixa renda e adota a política de exclusão total”, comenta Cláudio Antunes, coordenador de Imprensa e Divulgação do Sinpro-DF.
Confira a seguir matérias produzidas pelo Sinpro-DF sobre o tema:
GDF cria burocracia que leva estudantes de baixa renda a desistirem do PAS
GDF dá calote na inscrição do PAS para estudantes da rede pública
“Não abro mão da isenção”, dizem estudantes em manifestação sobre o PAS e o calote do GDF
Estudantes de Santa Maria protestam contra calote do GDF na inscrição do PAS
