Trabalhadores reagem à ideia de privatização do setor elétrico
Como parte de uma série de ações que visam pressionar o governo contra as ameaças de privatização de várias empresas do sistema Eletrobras, trabalhadores do setor elétrico e militantes de diversos movimentos sociais protestaram em frente ao Palácio do Planalto na manhã dessa terça-feira (12). A concentração teve início ás 9h e, por volta de 12h, os manifestantes ocuparam o Ministério das Minas e Energia (MME). Até o fechamento desta matéria, os líderes sindicais estavam reunidos com os representantes do governo.
A intenção dos sindicalistas é entregar ao secretário Nacional de Articulação Social da Presidência da República, Wagner Caetano, documento que explicita a opinião tanto dos trabalhadores do setor quanto dos movimentos sociais a respeito da privatização de empresas estatais, sobretudo as do setor elétrico.
“Deixamos claro que a CUT e os movimentos sociais são contra a privatização de qualquer bem público, especialmente do setor elétrico, onde está bem avançada essa proposta de abertura de capital que o governo apresenta”, afirma o presidente da CUT Goiás, Mauro Rubem.
Grande parte dos servidores presentes no ato desta terça-feira (12) trabalham na Companhia Energética de Goiás – Celg. Eles vieram de várias partes do estado para mostrar indignação ao aval recém concedido para a venda de ações da empresa ao capital privado. Os trabalhadores que não puderam viajar para participar do ato organizaram manifestações nas cidades goianas e interromperam o tráfego na rodovia BR-153, na altura de Ceres, e também na BR-060, em Rio Verde; além de ocupar as instalações da Celg, em Goiânia.
“Viemos de todas as partes do estado de Goiás para nos engajar nessa luta e esclarecer a população sobre os riscos da privatização dessas empresas, uma vez que os meios de comunicação regionais são comprados pelos governantes locais e a população não fica sabendo a real gravidade desse tema. Temos apoio de muitos movimentos sociais organizados como os dos trabalhadores rurais, das pessoas prejudicadas pelas barragens rompidas, dos sem teto, dos sem terra, da juventude e de muitos outros, mas o povo precisa saber o que está acontecendo”, afirma o trabalhador da Celg, Glebston de Souza Rocha.
Desde 2013, a Eletrobras cogita vender o controle acionário de suas distribuidoras como medida para reduzir custos e organizar o caixa. Além da distribuidora de energia do Goiás, a venda de ações atingiria também as centrais elétricas dos estados de Piauí, Amazonas, Alagoas, Acre, Roraima e Rondônia, que atualmente são propriedades dos governos federal e estaduais.
“Nós entendemos que vender essas empresas é um golpe ao projeto democrático popular que nós (movimentos sociais) ajudamos a eleger. Essa medida não ajuda a nenhum dos setores da sociedade. Para o servidor gera desemprego, redução de salário, precarização das relações de trabalho, aumento considerável de mortes e acidentes, dentre outros. Para a sociedade serviços de pior qualidade, mais caros e restritivos”, afirma o presidente da CUT Goiás, Mauro Rubem.
O presidente da CUT Goiás afirmou ainda que haverá outros atos e mobilizações para impedir que as ações sejam vendidas. “Essas empresas deveriam fazer um papel de desenvolvimento social regionalizado e, com a privatização, passam a funcionar apenas com base no interesse do mercado e do lucro. Com isso, vamos continuar as desigualdades regionalizadas nos estados e também no país. Nós entendemos que indo adiante com essa privatização, o governo está agindo de forma contrária a uma base social que defendeu ao longo de todo o ano de 2015 e nós não vamos aceitar que as empresas do setor elétrico da Eletrobras sejam vendidas, explica.
